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‘Massacre do Presídio de Altamira’, no Pará, completa dois anos

Rebelião terminou com 62 mortes - 58 mortos dentro do presídio no interior do Pará, a maioria, por asfixia e 16 decapitados; mais outros 4 durante transferência.

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Escavadeira de covas no cemitério São Sebastião em Altamira, destinado as vítimas do massacre do Centro de Recuperação Regional de Altamira. — Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

Escavadeira de covas no cemitério São Sebastião em Altamira, destinado as vítimas do massacre do Centro de Recuperação Regional de Altamira. — Foto: Daniel Teixeira / Estadão Conteúdo

O episódio conhecido como “Massacre do Presídio de Altamira” a maior tragédia carcerária do Pará e a segunda maior do país, completa dois anos. Até esta quinta (29), as famílias ainda aguardam uma resposta da Justiça.

O padre Patrício Brennan, que atua na Pastoral Carcerária de Altamira, lembra do dia 29 de julho de 2019. Ele acompanhou a dor das famílias do detentos mortos no processo de identificação dos corpos, que foi demorado. “Ouvi mulheres gritando pelos maridos, ‘mataram meu marido’, elas diziam, é uma coisa que a gente não esquece, é triste o que aconteceu e é um dia que não deve ser esquecido”, afirmou.

Confronto entre facções criminosas resultou na morte de 62 detentos no massacre ocorrido no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRA). — Foto: Bruno Cecim / Agencia Para

Confronto entre facções criminosas resultou na morte de 62 detentos no massacre ocorrido no Centro de Recuperação Regional de Altamira (CRRA). — Foto: Bruno Cecim / Agencia Para

A rebelião ocorreu no Centro de Recuperação Regional de Altamira, sudoeste do Pará, e marcou a história do sistema penitenciário do estado, a partir de um conflito entre dois grupos rivais. Uma ala inteira ficou destruída, onde ficava uma cela container.

No presídio, 58 detentos foram mortos, a maioria, por asfixia. Dezesseis deles foram decapitados. Os líderes do motim foram transferidos para outras unidades prisionais do estado e até para presídios federais.

Durante a transferência para Marabá, um dia após o massacre, quatro detentos foram mortos dentro de um caminhão-cela. Ao todo foram 62 mortes.

Um dos mortos carbonizados foi o agricultor Derli Marques Teixeira Pontes. Ele era preso provisório e havia sido transferido da cidade de Uruará, apenas um mês antes do massacre. O detento aguardava julgamento pelo crime de tráfico de drogas. A irmã dele, Ronívia Teixeira Pontes, ainda espera respostas.

Estamos aqui mais uma vez, dois anos após, para pedir que não deixe mais isso acontecer com nossos familiares, e que a justiça seja feita“, disse.

A unidade penitenciária foi desativada, após o episódio. Os detentos que estavam custodiados foram transferidos para o Complexo Penitenciário de Vitória do Xingu há 1 ano e 8 meses. A estrutura do antigo presídio está passando por reforma.

Familiares aguardam liberação de corpos de mortos no 'Massacre em Altamira', no Pará — Foto: Maycon Nunes / Ag. Para

Familiares aguardam liberação de corpos de mortos no ‘Massacre em Altamira’, no Pará — Foto: Maycon Nunes / Ag. Pará

Em dezembro de 2019, a Defensoria Pública Estadual ingressou com uma ação civil pedindo indenização por danos morais e materiais para as famílias do mortos e também aos presos que sobreviveram. Ainda não houve uma decisão da justiça sobre o pedido. “Tudo depende da forma como o processo vai andar, de todas as manifestações que precisam ser feitas na ordem processual e do próprio andamento que o Judiciário vai dar”, afirma Vivia Lages Pereira, defensora pública.

Já o processo o criminal que apura a responsabilidade pela tragédia está na fase de alegações finais tanto para o Ministério Público como para a defesa de 22 réus acusados de envolvimento direto no massacre. A Defensoria Pública representa metade deles. O restante constituiu advogados particulares. Após essa etapa, a Justiça deve decidir se os réus deverão ir ou não a júri popular.

“O processo está seguindo em trâmite regular até então, existiram todos os interrogatórios, os réus também tiveram oportunidade para se defender, isso se estende também para a fase de plenário de júri, que é uma outra etapa, então se for marcada fase de júri os réus terão outra chance de se defender lá’, explica o defensor público, Anderson Araújo de Medeiros.

Os dois anos do massacre será lembrado com duas celebrações religiosas pela Pastoral Carcerária no antigo presídio e na catedral de Altamira.

É uma dor muito grande, o medo entra junto com isso, a nossa vontade é que eles não se sintam só. Isso não pode cair no esquecimento“, relata o padre João Carlos, da Pastoral Carcerária de Altamira.

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1

Massacre no presídio de Altamira — Foto: Arte/G1

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