Medicilândia, localizada na região sudoeste do Pará e conhecida por sua produção de cacau, tem ganhado notoriedade nos últimos anos devido a uma série de ataques misteriosos contra políticos locais. Nos últimos sete anos, pelo menos três políticos da cidade registraram boletins de ocorrência relatando terem sido vítimas de atentados. No entanto, nenhum deles foi ferido.
CASO CLEDER BARTH
O primeiro caso ocorreu em 03 de agosto de 2017, quando Cleder Cleiton Barth, então presidente da Câmara de Vereadores, se tornou alvo de um suposto atentado. Na ocasião, ele registrou boletim de ocorrência relatando que sua residência, localizada no km 85, na zona rural do município, havia sido alvo de disparos de arma de fogo. Além disso, o carro de Barth foi incendiado de forma misteriosa. O vereador afirmou aos policiais que estava em casa com sua família quando, por volta das 1h40 da madrugada, ouviu disparos contra sua residência.
Segundo ele, no momento do ataque, não foi possível identificar os criminosos. No dia seguinte, marcas de tiros foram encontradas nas paredes da casa. O caso gerou grande repercussão estadual, mas até hoje permanece sem esclarecimento.
Cleder, que concorreu nas últimas eleições como vice-prefeito, não obteve sucesso. Em um áudio encaminhado ao jornalista Wilson Soares, o ex-vereador afirmou que, além da ocorrência acima mencionada, outras também foram registradas. Ele ainda acrescentou que, após os atentados contra sua pessoa, a vida dele e de sua família nunca mais foi a mesma.
CASO DR. JÚLIO CÉSAR
Dois anos depois, em 15 de setembro de 2020, outro episódio envolvendo políticos locais chamou a atenção. Por volta das 20h30, a casa do médico Júlio César do Egito, então candidato a prefeito e atual gestor de Medicilândia, foi invadida por dois homens armados e encapuzados. Os criminosos chegaram ao local em um carro preto. Embora Júlio César não estivesse em casa no momento, familiares e um vereador estavam presentes.
De acordo com os relatos das vítimas, os assaltantes estavam em busca de dinheiro e, durante a ação criminosa, que durou cerca de 10 minutos, levaram celulares, joias e outros objetos pessoais.
Dias depois, dois homens do estado de Mato Grosso gravaram vídeos alegando que o crime não passava de uma armação. Após o vídeo vir à tona, o doutor Júlio César também gravou uma mensagem retrucando as acusações dos supostos criminosos. Ele afirmou que as declarações dos acusados teriam sido influenciadas por um de seus adversários políticos. Até hoje, o caso não foi totalmente esclarecido.
CASO ANTHONY PIOVEZAN
Na noite desta terça-feira, 31 de março de 2025, mais um episódio de violência envolvendo políticos de Medicilândia foi registrado. Desta vez, o carro do vereador Anthony Piovezan (PSD) foi alvejado por disparos.
De acordo com testemunhas, Anthony, acompanhado de outras pessoas, chegou por volta das 19h30 à Agrovila Nova Fronteira, no km 80 da Rodovia Transamazônica, na zona rural do município. Após estacionar seu veículo e se dirigir a uma academia, um homem, ainda não identificado, se aproximou do carro e disparou pelo menos seis vezes contra o veículo. Os tiros atingiram a porta do motorista, que não estava no banco no momento do ataque. No banco traseiro estava o assessor de mídia do vereador, que, felizmente, não foi atingido.
A Polícia Militar, ao chegar ao local, confirmou que o carro alvejado, um Chevrolet Tracker T A LTZ, de cor preta, realmente pertencia ao vereador. Testemunhas informaram que o autor dos disparos estava em uma motocicleta Honda Sahara vermelha. Após o ataque, o criminoso fugiu rapidamente e a polícia segue em busca de pistas para identificá-lo e prendê-lo.
Nas redes sociais, um vídeo circulou logo após o atentado, mostrando curiosos ao redor do carro de Piovezan, com estilhaços de vidro espalhados pelo veículo. Em outra filmagem, o próprio vereador aparece, usando uma camisa da seleção brasileira, enquanto um jovem lhe diz: “Sai, vai procurar outro lugar”.
Em nota, a Polícia Civil informou que o carro atingido será periciado e que as investigações estão em andamento para localizar os responsáveis pelo atentado. A população pode colaborar fornecendo informações através do Disque-Denúncia, pelo número 181.
Com mais esse episódio, as autoridades locais têm agora mais um caso para investigar. Resta saber o que, de fato, aconteceu e se os responsáveis por esses ataques serão finalmente identificados.
Por Wilson Soares – A Voz do Xingu
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