Medicilândia e Uruará levam ouro e prata e colocam Transamazônica no topo do cacau premium

Foto: Daiane Mendonça / Secom - Governo de Rondônia
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O cacau produzido na região da Transamazônica, no sudoeste do Pará, confirmou mais uma vez seu protagonismo na cadeia do cacau de alto valor agregado. A sétima edição do Concurso Nacional de Cacau Especial do Brasil 2025, realizada no sábado (6.dez.2025), em Cacoal (RO), anunciou os vencedores das categorias Varietal e Mistura, reforçando a tendência de qualidade crescente entre pequenos e médios produtores amazônicos. A competição avalia atributos físico-químicos, sensoriais e de sustentabilidade e busca posicionar o Brasil no mercado global de cacau premium.

Na categoria Mistura, dedicada a blends de diferentes variedades, o primeiro lugar ficou com o produtor paraense Robson Brogni, de Medicilândia. Ele já havia conquistado outras edições do concurso e, em 2024, alcançou o segundo lugar no Cacao of Excellence Award, a principal competição mundial do segmento.

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Entre os varietais, o campeão foi Mauro Celso Tauffer, agricultor familiar de Buritis (RO), que já ocupa o pódio há três anos consecutivos. A produção amazônica vem se fortalecendo com modelos agrícolas integrados ao ecossistema, especialmente por meio dos sistemas agroflorestais (SAFs), que combinam o cultivo do cacau com espécies nativas. A estratégia aproveita a característica do cacaueiro, que se desenvolve bem sob sombra, contribuindo para a redução de danos ambientais e para a recomposição da paisagem florestal.

O evento, realizado no Cacoal Selva Park, reuniu cerca de 500 pessoas, entre elas o governador de Rondônia, Marcos Rocha, além de representantes do setor produtivo e da indústria do chocolate.

“Receber o Concurso Nacional em Rondônia reforça a importância do nosso estado no cenário agrícola nacional. Temos investido no fortalecimento da produção, na valorização do produtor rural e no incentivo às boas práticas. Esse evento é um reconhecimento ao trabalho desenvolvido no campo e ao potencial da nossa cadeia produtiva”, destacou o governador.

Como foi a avaliação

O concurso recebeu 108 amostras de cacau, das quais 20 avançaram para a final. Nessa fase, o líquor (massa de cacau sem açúcar) e chocolates 70% produzidos pelo Centro de Inovação do Cacau (CIC) foram submetidos a avaliações às cegas. Todos os processos — fabricação, embalagem e codificação — foram padronizados para evitar interferências. A análise do líquor foi conduzida por especialistas do setor, enquanto o júri externo, composto por nomes como a jornalista e cacauicultora Ticiana Villas Boas e a crítica gastronômica da Folha de S.Paulo, Priscila Pastre, definiu os três melhores de cada categoria.

Segundo Adriana Reis, especialista em análise sensorial de cacau e chocolate e gerente de qualidade do CIC, os resultados refletem as características únicas do cacau amazônico. “O cacau da Amazônia é complexo, com notas suaves e frutadas, baixo amargor e nuances florais e de especiarias. É um cacau que celebra a nossa diversidade e nos coloca de forma competitiva no cenário de qualidade”, afirmou.

Ao final, os vencedores dividiram R$ 100 mil em prêmios.

A avaliação incluiu ainda critérios socioambientais baseados no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, que mede a adoção de boas práticas de manejo, o uso racional de insumos e as condições de trabalho. A verificação envolveu questionários e visitas técnicas às propriedades. Para o diretor do CIC, Cristiano Villela, responsabilidade ambiental deixou de ser custo e passou a ser diferencial competitivo. “O mercado já diferencia quem entrega qualidade com responsabilidade”, ressaltou.

O crescimento do segmento bean-to-bar, que valoriza rastreabilidade e origem, tem impulsionado o interesse pelo cacau especial. Embora ainda represente um nicho, o setor oferece margens mais altas e eleva o padrão de produção no campo.

Criado em 2018, o concurso é organizado pelo CIC em parceria com entidades da indústria, como AIPC e Abicab. Nesta edição, contou com apoio de empresas e instituições públicas e privadas, entre elas o Governo de Rondônia, Mars, Netafim, Cacau Show, Lacta, Dengo e Instituto Arapyaú.


Vencedores – VII Concurso Nacional de Cacau Especial

Categoria Mistura
1º – Robson Brogni (Medicilândia – PA)
2º – Gilmar Batista de Souza (Uruará – PA)
3º – Miriam Aparecida Federicci Vieira (Medicilândia – PA)

Categoria Varietal
1º – Mauro Celso Tauffer (Buritis – RO) — Variedade BN34
2º – José Batista de Souza (Uruará – PA) — Variedade Casca Fina
3º – Luiz Anastácio da Silva (Cacoal – RO) — Variedade CEPEC 2022

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