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Minas de garimpo ilegal proliferam em Canaã dos Carajás, na cidade mais ‘rica’ do Brasil

Cada tonelada de cobre extraída é vendida, em média, por 800 dólares (cerca de R$ 4 mil na cotação atual)

Foto: Reprodução
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cidade paraense de Canaã dos Carajás vive um ‘boom’ nos últimos anos graças à mineração, mas também convive com o aumento da atividade ilegal. Webson Nunes, de 28 anos, por exemplo, trabalha na exploração de cobre junto com outras quatro pessoas, em um garimpo com uma estrutura relativamente simples. Em entrevista à AFP, ele admite que trabalha “com um olho aqui (na mina) e o outro olhando para o lado”, já que “a qualquer momento a polícia pode chegar”. 

No local onde ele trabalha, uma tampa de madeira de 1,40 por 1,40 metros no chão é a porta de uma escavação de 20 metros de profundidade, onde os garimpeiros descem várias vezes ao dia pendurados em um arnês preso a um cabo de aço, com uma broca na mão. Depois, conforme descrito pela agência, a polia elétrica os traz de volta à superfície, com um grande balde de plástico azul, carregado com dezenas de quilos de pedras brilhantes.

Lideranças locais afirmam que uma centena de garimpos convivem com a mina de ferro S11D, da gigante Vale, uma das maiores a céu aberto no mundo e que em 2020 transformou o município na cidade com o maior PIB per capita do Brasil.

Cada tonelada de cobre extraída é vendida, em média, por 800 dólares (cerca de R$ 4 mil na cotação atual). No garimpo onde Webson Nunes trabalha a produção costuma superar uma tonelada por dia. De acordo com a Polícia Federal (PF), o principal destino do minério extraído clandestinamente e a China. 

A maioria dos garimpos é de cobre, mas a PF também detectou outros de ouro, com maior impacto ambiental, pois além da remoção do solo e do desmatamento da área, substâncias tóxicas, como o mercúrio, são usadas na exploração do metal. Em um ritmo similar ao do crescimento das regalias, com o início da atividade da mina de ferro S11D, em 2016, a população deu um salto de 26 mil habitantes para 75 mil em 12 anos.

A Polícia Federal tem intensificado a fiscalização desde agosto de 2022, com seis operações na região, que constataram um dano ambiental gravíssimo: de grandes áreas de vegetação desmatadas e transformadas em enormes piscinas de lama com substâncias tóxicas a rios com severa mudança na cor da água.

Quando encontra garimpos, a PF costuma incendiar as estruturas, inundar poços e apreender ou inutilizar motores. Genivaldo Casadei, tesoureiro de uma cooperativa local de pequenos mineradores que tentam se regularizar, conta que alguns garimpeiros voltam a trabalhar no dia seguinte. “Nas capitais, o garimpeiro é visto como um delinquente, um ladrão. Mas são pais de família atrás do seu sustento”, diz o homem de 51 anos. “Se (o garimpo) fosse regularizado, seriam gerados mais empregos e arrecadação para os municípios. Canaã poderia ser a cidade mais rica do planeta”, garante Casadei, afirmando que houve conversas avançadas com a Agência Nacional de Mineração (ANM) para legalizar os garimpos, estagnadas após a derrota de Bolsonaro.

Fonte: O Liberal

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