A realização da 30ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém, evento marcado para novembro de 2025, tem atraído bilhões de reais em investimentos ao Pará, que ficarão como legado para a população. Na área do turismo, o governo federal tem concentrado seus esforços na região, com o objetivo de preparar a capital paraense para receber milhares de pessoas que vêm para o encontro, incluindo autoridades do mundo todo, e de melhorar a infraestrutura do Estado como um todo.
O ministro do turismo, Celso Sabino, afirmou, em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, que o segmento é o terceiro mais importante para a economia. Uma pesquisa divulgada pela Pasta, inclusive, aponta que o setor do turismo é percebido pela população como importante em todos os atributos testados: geração de emprego e renda (88%), economia do país (88%) e desenvolvimento regional (84%).
Ao longo de nove meses da gestão de Sabino à frente do Ministério do Turismo, ele destaca conquistas importantes para o Estado. Houve, de acordo com ele, um recrudescimento do turismo no ano de 2023, dado o represamento que foi notado durante a pandemia da covid-19. “Nós já retomamos os números pré-pandemia, de 2019, alcançando uma alta quantidade de turistas estrangeiros e de viagens de brasileiros dentro do país. No Pará não foi diferente. Segundo dados do próprio governo do Estado, tivemos cerca de R$ 750 milhões injetados na economia do Estado a partir do turismo, com aproximadamente um milhão de turistas”, destacou.
Melhorias
A perspectiva do Ministério é de, no ano de 2024, por meio das iniciativas que o governo federal em parceria com o governo do Estado vem realizando, superar “e muito” essa marca de 2023 e de antes da pandemia. Uma das ações mais importantes do Ministério para que isso aconteça é implantar, até a realização da COP 30, quatro novos aeroportos no Pará, que vão atender à demanda de diversas regiões do Estado e levar novos voos tanto para os aeroportos já existentes como para esses novos. Um deverá ser instalado na Região Metropolitana de Belém e outros três no interior. Os aeroportos devem receber voos de pequeno e médio porte. “A estimativa da Infraero, para uma pista básica, é de R$ 15 a R$ 20 milhões”, informou Sabino.
“É uma parceria do presidente Lula com o governador Helder Barbalho, que tem sido um ator muito importante no processo de dar protagonismo ao Pará. É fruto de um trabalho conjunto. Estamos trabalhando muito para melhorar a conexão aérea do Pará com outros Estados da Federação e também com outros países do mundo. Alcançamos agora a ampliação do número de voos da companhia Azul de Belém para Fort Lauderdale: eram cinco frequências semanais e agora são sete, ou seja, temos um voo diário”, ressaltou.
Fora isso, o ministro diz que está negociando com a companhia Latam para retomar o voo direto de Belém a Miami, e que conseguiu ampliar a frequência da companhia TAP, que faz voos de Belém para Lisboa: eram três frequências semanais e agora são cinco. Em março, o Ministério deve se reunir pela primeira vez com uma empresa caribenha para trazer voos diretos do Caribe ao Pará. “Estamos também trabalhando para melhorar a percepção do destino Pará em relação a viagens de cruzeiros”, ainda destacou Sabino ao Grupo Liberal.
Ainda falando do destaque internacional, o ministro adiantou à reportagem, em primeira mão, que Belém receberá a primeira reunião de ministros de turismo dos países que englobam o G20, em setembro deste ano. O grupo é formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana, e o Brasil preside temporariamente a coalizão desde dezembro do ano passado até novembro deste ano.
Reconhecimento
Outra conquista do setor de turismo no Brasil, segundo o ministro, foi o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a importância de desenvolver o turismo nas Américas. “Por meio de muitos debates na Assembleia Geral da Nações Unidas para o turismo, conseguimos esse reconhecimento, mostrando o quanto o mundo é desenvolvido na Europa, na Ásia, na América do Norte e pouco desenvolvido turisticamente nessa região, especialmente na América do Sul e no Caribe”, destacou.
Foi esse reconhecimento, diz Sabino, que fez a ONU decidir implantar o segundo escritório descentralizado para o turismo, funcionando no Rio de Janeiro para atender às Américas. Já entre as ações que alcançam Belém mais de perto está a realização de um feirão do turismo, marcado para os dias 17, 18 e 19 de maio, que vai ocorrer em todas as capitais do país simultaneamente e também pela internet, direcionado ao público consumidor.
Na ocasião, os consumidores do turismo poderão adquirir pacotes e passagens aéreas com desconto para locais com atrativos turísticos nacionais. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica também financiarão pacotes de viagem para famílias com condições “extremamente favoráveis” a 60 parcelas e taxa de juros de 1,6% ao mês. O chefe da Pasta destacou, ainda, que, de acordo com a seguradora americana Berkshire Hathaway Travel Protection, o Brasil é o país mais seguro para se fazer turismo na América Latina, ocupando a 15ª posição a nível mundial.
Capacitação
Uma vertente importante de atuação do Ministério do Turismo é a capacitação de profissionais locais. Por meio do Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) e do Fundo Geral de Turismo (Fungetur), a Pasta tem investido em diversos setores do turismo, como hotelaria e o segmento de bares e restaurantes, para preparar Belém para receber a COP 30 no ano que vem. Somente em 2023, de acordo com Celso Sabino, foram destinados mais de R$ 100 milhões ao Pará por meio do Fungetur, para micro e pequenos empreendedores investirem a custos baixos de juros.
“Para este ano, nossa perspectiva é ainda maior. Estamos ampliando a nossa relação com o Banco do Estado do Pará (Banpará), a fim de que a instituição possa ser uma operadora de crédito mais atuante nesse setor, operando com o Fungetur. Esse fundo é para que donos de pousadas, hotéis, bares e outros empreendimentos possam aumentar sua cozinha, o número de leitos, espaços no restaurante, é um acesso bastante facilitado”, declarou.
O Ministério do Turismo deve lançar, ainda na metade de 2024, a primeira unidade descentralizada da Pasta no Brasil, que vai ser a Escola de Formação Turística; a primeira será em Belém e a segunda, na cidade do Rio de Janeiro. Sob o âmbito de preparação para a COP 30, a instituição servirá para formar pessoas em cursos técnicos profissionalizantes nas áreas de hotelaria, serviços do turismo, enologia, culinária, gastronomia, camareira, motorista de aplicativos, de táxi, cursos de idiomas e mais, sendo uma escola de excelência para formação turística.
A estrutura será em um imóvel do governo federal em Belém, que deve ser cedido pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), ligada ao Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos. Após o evento mundial, a escola deverá ter também graduação e pós-graduação na área turística. O investimento deve girar em torno de 20 e 30 milhões de reais para a reforma e adaptação dos espaços.
Sabino diz que não tem dúvida de que o governo federal vai alcançar, com muito esforço e parceria, o sucesso do projeto de fazer com que o Brasil e a Amazônia figurem “no lugar onde merecem figurar no turismo global”. Para ele, o turismo é uma fonte inesgotável de geração de emprego e renda e movimenta no mundo dezenas de trilhões de dólares, e o Brasil ainda tangencia essa rota global de turismo. “Estamos trabalhando para que o Brasil passe a integrar as rotas de desejos dos turistas”, concluiu o ministro, em entrevista ao Grupo Liberal.
Lisboa
O ministro Celso Sabino desembarcou na última sexta-feira (1) em Portugal para participar da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), uma das maiores feiras do segmento da Europa. O objetivo foi conectar o Brasil e, especialmente, o Pará com os principais hubs globais. Diretamente do evento, o ministro informou ao Grupo O Liberal que uma importante rede hoteleira europeia deve anunciar, em breve, um empreendimento na cidade de Belém, já com vistas à COP 30.
“Este evento não apenas visa mostrar os atrativos turísticos do Brasil e do Pará, mas também atrair investimentos. Estamos realizando várias reuniões ao longo do dia com investidores, operadores turísticos e empresas interessadas em conhecer mais sobre nosso país e nosso estado, visando empreendimentos na área hoteleira, de aviação civil e diversas outras relacionadas ao turismo”, afirmou o ministro.
Representatividade
Diversos atrativos turísticos nacionais estão sendo apresentados aos turistas que transitam pela feira, que segue até este domingo (3). Além do estande do Brasil, há um palco para apresentações culturais, shows e degustação da culinária brasileira. O Pará também tem lugar cativo no evento. Sabino informou que há uma área exclusiva para a culinária local. Para ele, os esforços dos governos federal e estadual são determinantes.
Sabino destacou ainda o cenário favorável, já que o mundo está com os olhos voltados para a região. Ele destacou, por exemplo, o fato de a Amazônia ser conhecida como o local com a maior biodiversidade do mundo, tanto vegetal quanto animal, e de o Brasil possuir seis biomas diferentes. No ano passado também, a revista Forbes destacou o Brasil como o principal destino para o ecoturismo, superando destinos como Austrália e México.
“Hoje, a palavra ‘Amazônia’ é pronunciada em todo o mundo, pois há um debate constante sobre as mudanças climáticas e formas de combatê-las. Portanto, a promoção adequada dos atrativos turísticos nacionais, especialmente aqueles relacionados ao ecoturismo, é crucial. No Pará, estamos aproveitando esse momento positivo para explorar o turismo de forma sustentável”, avaliou.
Fonte: O Liberal