Aos 33 anos, a paraense Cristina Martins precisou retirar o rim direito durante uma cirurgia que seria apenas para remover um cálculo renal. Ela realizou a aplicação de enzimas para emagrecer em novembro de 2021 e, durante três meses de fortes dores e agravamento de sintomas, o que era para trazer conforto estético, se transformou em complicações clínicas.
Assim como a cantora Paulinha Abelha, que morreu no dia 23 de fevereiro, Cristina buscou as soluções para o controle de peso depois que começou a se sentir insatisfeita com a gordura localizada.
Em entrevista ao g1, Cristina, que é designer de unhas, relatou ter conhecido a mulher responsável pelo procedimento com enzimas, e que se dizia enfermeira, por meio do trabalho no ramo da estética.
Cristina possui histórico de problemas renais e já precisou remover um cálculo no rim esquerdo, quando substâncias presentes na urina se agruparam, provocando incômodo. Além disso, ela estava em tratamento para remover outro cálculo, dessa vez no direito.
No mesmo dia da aplicação das enzimas, a designer começou a sentir dores ainda mais fortes nos rins. A sintomas se agravaram e ela procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
“Eu já sabia como eram as dores. Então eu cheguei dizendo que estava com crise renal. Só que eu ainda não sabia a gravidade do problema”, contou Cristina.
Segundo a paciente, o médico da UPA informou que os produtos aplicados no procedimento estético tinham afetado o órgão de uma maneira muito brusca.
Cristina foi encaminhada ao urologista e estava com cirurgia marcada para a retirada do cálculo no rim direito no dia 24 de fevereiro. De acordo com a paciente, o que era para ser um procedimento pouco invasivo, acabou se transformando em uma ocorrência de urgência na mesa cirúrgica.
“Era para ser uma cirurgia sem corte invasivo e rápida, mas não foi. Quando eles perceberam a gravidade, falaram para o meu marido que seria necessário abrir o rim. Ao abrirem, eles se assustaram e precisaram removê-lo”, explicou a designer, que descobriu apenas depois da cirurgia que havia ficado sem um dos rins.
Cristina contou que quando soube da retirada, desmaiou. De acordo com ela, os profissionais de saúde responsáveis pelo caso alegaram que a inflamação no rim poderia chegar à coluna e complicar drasticamente o quadro.
“A médica falou que eles não sabem nem como eu estava viva, porque, pelo tempo que ficou e como ele estava, com pus, eu poderia ter tido vários outros problemas”, relembrou Cristina.
Negligência
Segundo Cristina, ela escolheu a mulher para realizar o procedimento por ela atender em domicílio. “Eu achei facilidade ela poder vir me aplicar e eu não precisar me deslocar, sair do meu trabalho”, explicou. A designer alegou ter acreditado que a aplicadora era enfermeira, mas descobriu que ela era, na verdade, radiologista.
“Não fiz com a profissional adequada. Ela não era especializada e não estudou para isso. Eu comecei a passar mal no mesmo dia. Pedi para ela a composição da enzima e o que eu poderia fazer para reverter ou cortar o efeito, porque eu estava passando muito mal. Ela não só disse que eu não poderia tomar nenhum tipo de remédio e que se eu tomasse algum, era pra avisar ela. Ela não me deu nenhum tipo de assistência”, contou Cristina.
A designer apontou que a mulher a bloqueou na rede social em que se comunicava com ela. Cristina disse que pretende tentar contato novamente com a radiologista, para depois entrar com um processo judicial contra a aplicadora do produto.
“Que as pessoas não procurem conforto e sim qualidade, que saiam da sua bolha. E isso na minha área (estética). Eu vejo que muita gente confunde e acha que é um serviço simples, que pode ser feito em domicílio ou de qualquer maneira e não é”, alertou Cristina sobre procedimentos estéticos.
Fonte: G1 Pará