O novo ano escolar chega cheio de novidades para mais de 7,5 milhões de estudantes do ensino médio. Em 2022 começa a implementação do novo ensino médio. A transformação começa pela primeira série do ensino médio em todo o país, nas escolas públicas e privadas. A principal mudança é que os alunos vão poder cumprir os chamados itinerários formativos, escolhidos de acordo com a vontade e vocação do estudante.
As escolas públicas e privadas de ensino médio terão sua grade curricular alterada. Não vai haver mais o formato de disciplinas individuais. Começa a valer a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na qual os conteúdos serão divididos em áreas do conhecimento de maneira similar ao que acontece hoje no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
O novo modelo de aprendizagem foca na formação de cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em quatro áreas do conhecimento que possibilita que os alunos escolham um dos cinco itinerários formativos de acordo com áreas de seu interesse e projetos de vida e de carreira.
Com isso, cada escola poderá ofertar pelo menos uma opção complementar para a formação dos alunos entre os cinco itinerários formativos: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas; e formação técnica e profissional.
As áreas de conhecimento passam a ser: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; e ciências humanas e sociais aplicadas. Nessas quatro áreas estarão presentes todas as disciplinas já conhecidas pelos estudantes do ensino fundamental tais como Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Matemática, Biologia, Física, Química, Filosofia, Geografia, História e Sociologia.
Nenhuma disciplina será excluída do currículo atual, mas a maneira como elas são ensinadas ganha um novo formato mais dinâmico. Somente Língua Portuguesa e Matemática passam a ser obrigatórias nos três anos do ensino médio.
O objetivo da nova organização curricular é integrar as disciplinas, fortalecendo as relações entre elas e melhorando seu entendimento e aplicação na vida real. A diretora do Centro de Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, Cláudia Costin, explica que o novo modelo de ensino terá cinco itinerários formativos, que são os conjuntos de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no ensino médio.
TURMAS
Até 2024 o novo formato estará em todas as turmas do país. A mudança vai aumentar a carga horária ao longo dos três anos e vai passar de 2.400 horas para 3 mil horas. Das 3 mil horas, 1.800 serão destinadas para as disciplinas obrigatórias da base Nacional Comum Curricular e 1.200 para os itinerários formativos.
Um dos objetivos desta nova proposta é fazer com que o aluno saia do ensino médio com uma formação ou conhecimentos específicos que o ajude a adentrar o mercado de trabalho sem precisar de um diploma de formação superior.
APRENDIZADO
“Um dos itinerários é o técnico e profissional. Dentro dele, existe a possibilidade de se trabalhar, combinando aprendizado na escola, com aprendizado em ambiente de trabalho com a supervisão de professores. Quando a gente criou esse itinerário formativo 5, dentro do ensino médio, nós avançamos muito na direção correta de possibilitar o ensino médio técnico mais competente e com mais adesão do que nós tínhamos até então. É importante lembrar que só 9% dos alunos de ensino médio vão para o ensino técnico profissional dentro do modelo anterior. O que nós temos que conectar é cada vez mais a juventude com o mundo do trabalho”.
Claudia Costin acredita que a aplicação do Novo Ensino Médio no interior, com escolas funcionando em tempo integral, é possível. Ela usou como exemplo o Estado de Pernambuco, que ela visitou recentemente e afirmou ter ficado muito impressionada. “Hoje, 70% da rede do ensino médio funciona em tempo integral, com um ensino de muita qualidade para a realidade econômica do Estado”, diz.
“A grande vantagem da escola em tempo integral é que o professor não fica pulando de município em município para poder completar uma jornada de trabalho que lhe garanta algum salário. Com isso ele desenvolve trabalho colaborativo dentro de cada escola, conhece cada aluno, tem o tempo de trabalho extraclasse dentro da mesma escola com seus colegas. E os alunos enxergam os professores como mentores, com um trabalho que lida com um ponto importante, que é o protagonismo do aluno e o projeto de vida do aluno”, avalia.
Pará
No Pará, o novo ensino médio vai ser iniciado nas turmas de primeiro ano das 625 escolas de ensino médio da rede estadual de ensino, segundo informou a coordenadora da Pró Base Nacional Comum Curricular da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Madalena Pantoja.
Ela explicou que o currículo das escolas paraenses não será adaptado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e sim pelo Documento Curricular do Estado do Pará, “que traz o ensino médio paraense, tendo como principal referência, as nossas histórias, peculiaridades, culturas, entre tantos outros aspectos fundamentais que tornam o Pará, um Estado de muitas amazônias, cuja principal riqueza está na sua gente e na capacidade de sonhar e lutar por dias melhores”, afirma.
“A Secretaria de Estado de Educação do Pará, está trabalhando as políticas complementares, estruturantes para a implementação do novo ensino médio na rede estadual de ensino médio”, complementou a coordenadora.
Sesi e Senai foram as primeiras instituições a adaptarem seus currículos
Pioneiros em todo o Brasil, o Sesi e o Senai foram as primeiras instituições a adaptarem seus currículos neste novo formato. No dia 14 de dezembro aconteceu a formatura da primeira turma do Novo Ensino Médio no Estado do Pará com alunos das escolas Sesi de Belém e Ananindeua.
Além do diploma da educação básica, os alunos foram certificados no curso técnico de Redes de Computadores, ministrado pelo Senai, e estão prontos para acessar o mercado de trabalho.
“A educação em todo o Brasil precisou se adaptar para atender ao novo currículo e o Sesi e o Senai saíram na frente, uniram suas expertises e iniciaram a primeira turma em 2019. Essa turma chega à sua formatura agora no mês de dezembro e é uma grande satisfação ver o quanto os alunos aprenderam, evoluíram e agora estão prontos para o mercado de trabalho e para as universidades”, comemora o superintendente do Sesi Pará e diretor regional do Senai, Dário Lemos.
Entre os formandos da primeira turma está Ramon Diogo Oliveira de Souza, de 17 anos. Além de concluir a educação básica, o jovem é um dos alunos que receberá o certificado no curso técnico de Redes de Computadores pelo Senai. Para o estudante, um dos principais diferenciais absorvidos no novo ensino médio se refere à preparação para o contato com o ambiente profissional.
“Durante o primeiro ano tivemos conteúdos sobre mercado de trabalho, comportamento, conceitos de liderança, que não teríamos no antigo ensino médio. Foi uma experiência muito boa e um diferencial que vou levar para começar a minha carreira”, afirma.
Fonte: DOL