Engana-se quem pensa que as eleições terminaram. O próximo capítulo decisivo está nos bastidores do poder legislativo municipal: a disputa pela presidência das câmaras. Em jogo, não apenas o comando político, mas também um orçamento expressivo. Em Altamira, por exemplo, o legislativo conta com uma verba mensal de quase R$ 600 mil.
Entre os 15 vereadores eleitos em Altamira, pelo menos quatro já se movimentam intensamente para conquistar os votos necessários e assumir a presidência da Câmara. Alguns chegam a percorrer mais de mil quilômetros em busca do apoio dos colegas parlamentares, evidenciando que a disputa vai muito além dos discursos no plenário.
A disputa ganhou contornos ainda mais interessantes após recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte determinou que vereadores que exerceram a presidência da Câmara por dois mandatos consecutivos e foram reeleitos nas últimas eleições municipais não poderão assumir o cargo novamente no início de 2025. Essa medida impede que parlamentares ocupem a presidência por três mandatos seguidos, alterando o cenário político de muitas cidades.
Na região da Transamazônica, por exemplo, ao menos três atuais presidentes de câmaras municipais ficaram fora da disputa, abrindo espaço para novos nomes. A decisão do STF visa combater o uso indevido do poder econômico e a influência excessiva que alguns presidentes exercem, incluindo práticas de barganha com cargos no Executivo e o uso estratégico da pauta legislativa para pressionar aliados e adversários políticos.
Até o dia 1º de janeiro de 2025, quando as câmaras realizarão suas eleições internas para definir as novas mesas diretoras, muita articulação ainda vai acontecer. O cenário é de intensa negociação, alianças temporárias e estratégias de bastidores, refletindo que o jogo político está longe de acabar.
Artigo de Wilson Soares – A Voz do Xingu