A prevenção é parte indispensável no combate a diversas doenças crônicas, como é o caso do câncer. Quanto mais cedo o paciente descobre a doença, maiores as chances de se recuperar e seguir a vida normalmente. Para conscientizar sobre essa prevenção, anualmente os governos e empresas aderem à campanha Outubro Rosa, para que as pessoas entendam como funciona o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mostram que, apenas no Pará, foram registrados 198 novos casos da doença este ano, até o dia 15 de setembro. Em 2019, foram 662 confirmações – no mesmo período, 330 mulheres e cinco homens foram a óbito devido ao câncer de mama. Na capital paraense, foram 112 mortes apenas este ano, até o dia 16 de setembro, contra 137 no ano passado. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma).
O mastologista Celso Fukuda explica que o número de mortes ocorre, principalmente, pela falta de prevenção. “Quando a paciente descobre o câncer cedo, há mais chances de ficar curada mais rápido e ter sua autoestima preservada, já que não há a retirada do seio. Em alguns casos, quando a doença está avançada, é preciso fazer a quimioterapia antes da cirurgia, para diminuir o câncer, e depois ainda há a radioterapia. É um processo longo, que fica mais fácil se tratarmos no começo”, pontua.
Segundo ele, o principal desafio é na logística, já que a maioria das mulheres atendidas no Ophir Loyola, onde ele atua, vem do interior do Estado. Como são cerca de seis meses de tratamento, a locomoção para a capital se torna cansativa. No entanto, ele reforça que é necessária a procura espontânea, em que as próprias pacientes buscam, regularmente, os serviços de saúde para a investigação da doença.
Prefeitura oferta serviços de diagnóstico
As pessoas que moram na capital ou nas proximidades podem procurar os serviços oferecidos pela Prefeitura de Belém, por meio da Sesma. Até 30 de outubro, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) vão realizar atividades de rastreamento em mulheres de 50 a 69 anos. Incluem-se os exames clínicos das mamas, consultas médicas e de enfermagem, consultas com equipes dos núcleos de apoio a saúde da família (Nasf), orientações nutricionais para prevenção do câncer de colo de útero e mamografias, além de ultrassom mamária, mamografias de acompanhamento em serviços especializados para controle do câncer.
Mesmo com o alto grau de incidência da doença, informações do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que, em 2019, apenas 10.077 mulheres (6,53% das mulheres na faixa etária prioritária) realizaram mamografias de rastreamento na capital. Segundo a Sesma, elas estão buscando menos auxílio médico e têm contribuído para a estatística aumentar.
Após as consultas, quando há indicação médica, as unidades de saúde garantem o exame de mamografia para todas as idades, encaminhando-as para os hospitais e clínicas onde são realizados os procedimentos. Caso seja diagnosticado o câncer de mama, as mulheres assistidas são encaminhadas para a Unidade de Referência Especializada em Saúde da Mulher (URE Mulher) e recebem acompanhamento psicológico para enfrentar a doença.
Gestão estadual realiza ações de prevenção
Contribuindo com a luta no Pará, o governo estadual realiza, durante todo o mês de outubro, exames de mamografias e consultas médicas gratuitas para mulheres entre 50 e 69 anos – basta solicitar pelo número (91) 99358-7182, de segunda a sexta-feira, sempre de 8 às 18h. Pelo celular, as mulheres receberão todas as orientações sobre como proceder às consultas e exames.
A medida busca intensificar o diagnóstico precoce da patologia durante o mês de campanha, cujo tema deste ano é “Autocuidado: todos juntos na conscientização do câncer de mama”. Para a coordenadora estadual de Atenção Oncológica, Patrícia Martins, a iniciativa vai proporcionar maior acesso aos serviços de saúde para um melhor diagnóstico precoce e reduzir a mortalidade na mulher paraense pelo câncer de mama, o segundo mais recorrente entre as mulheres no Pará, perdendo apenas para o de colo do útero.
No total, cinco mil mamografias e cinco mil consultas extras serão disponibilizadas em 16 locais destacados pela Sespa, em 12 municípios do Estado: Belém, Marituba, Abaetetuba, Barcarena, Breves, Capanema, Bragança, Paragominas, Tailândia, Santarém, Altamira e Redenção.
Também haverá ações nos sete bairros assistidos pelo Programa Territórios pela Paz (TerPaz), do governo do Estado. Nessas ocasiões, mulheres poderão ter consultas e encaminhamentos para mamografias, em caso de necessidade. A agenda já abrangeu os bairros do Icuí e Cabanagem, no dia 3, e Marituba e Terra Firme, no dia 4. As próximas atividades serão no Jurunas e Benguí (17), Guamá e Cabanagem (18), Guamá e Cabanagem (24), Marituba e Terra Firme (25), Jurunas e Benguí (31) e Guamá e Icuí (1º de novembro).
Nas ações de cidadania da Fundação Parapaz, a Sespa participa oferecendo consultas e encaminhamentos para mamografias, quando necessárias, a serem realizadas na Poli Metropolitana e Hospital Abelardo Santos, em Belém. As ações já ocorreram no Distrito Industrial (dia 9), Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Belém (13) e Universidade Federal do Pará (14). Ainda serão realizadas no Terminal Hidroviário de Belém (19), Universidade Federal Rural da Amazônia e Terra Firme (20), Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Ananindeua (21), Icuí (27), Sala Lilás Marituba (28), Santa Casa (29) e Delegacia Especializada no Atendimento à Criança e Adolescente (Deaca), no dia 30.
Atendimento começa nas Unidades Básicas de Saúde
Ainda segundo Martins, normalmente, há um fluxo de atendimento a ser seguido na prevenção do câncer. Primeiro, se inicia na UBS mais próxima da residência do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). No local, um médico clínico geral, diante de um diagnóstico suspeito, pode encaminhar o paciente ao centro de referência adequado para a definição do quadro clínico, por meio da realização de exames e biópsias.
Caso o diagnóstico indique tratamento oncológico, o paciente pode ser encaminhado para um dos cinco hospitais públicos de alta complexidade e referência em câncer disponíveis no Pará, como o Ophir Loyola, o Oncológico Infantil Octávio Lobo e Hospital Universitário Barros Barreto, em Belém; o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém; e a Unacon do Hospital Regional de Tucuruí.
“Estamos agilizando a atenção desde o primeiro atendimento na unidade básica de saúde. A mamografia para mulheres entre 50 e 69 anos de idade pode ser solicitada pela enfermeira e já sai com o exame marcado. Se o exame apresentar alguma alteração, a paciente é encaminhada imediatamente para o serviço de referência para outros exames e biopsia, se for o caso”, pontua a coordenadora estadual de atenção oncológica.
Saiba onde fazer consultas pelo governo do Estado:
Belém:
Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente (Uremia)
Policlínica Poli Metropolitana
Hospital Abelardo Santos
Santa Casa de Misericórdia
Marituba:
Hospital Divina Providência
Abaetetuba:
Hospital Regional Santa Rosa
Barcarena:
Hospital Regional Público Materno Infantil
Breves:
Hospital Regional Público do Marajó
Capanema:
Hospital Regional dos Caetés
Bragança:
Clínica Ultrapeven
Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria
Paragominas:
Hospital Regional Público do Leste
Tailândia:
Hospital Regional de Tailândia
Santarém:
Hospital Regional do Baixo Amazonas
Altamira:
Hospital Regional Público da Transamazônica
Redenção:
Hospital Regional Público do Araguaia.
Fonte: O Liberal