Uma pesquisa do IBGE revela que o estado do Pará tem o terceiro pior serviço de acessibilidade no transporte público no país, só perde para a Bahia e Roraima. Quase 70% dos municípios paraenses não oferecem esse direito básico. A pesquisa foi feita nos 144 municípios paraenses.
O transporte coletivo não garante o direito básico, apesar de um decreto federal de 2004 ordenar que a frota esteja totalmente acessível no prazo máximo de 10 anos, ou seja, em 2014. Quatro anos além do prazo ainda se encontra em Belém ônibus sem nenhum tipo de acesso aos deficientes.
O Sindicato das Empresas de Transporte de Belém ainda atribui o auto valor da tarifa (R$ 3,30) a quem tem gratuidade. Para a Associação Paraense das Pessoas com Deficiência, a campanha é equivocada e incentiva a discriminação.
“Eu pago os meus impostos. Eu trabalho desde os 14 anos. Tenho 64. Imaginem quanto que eu já contribui!”, diz a pedagoga Tereza Tavares, cadeirante há 50 anos, que sofre com a precariedade do transporte público. “Não tenho conta de quantos compromissos já perdi, de quantas vezes cheguei atrasada no trabalho”, informa.
Nesta segunda-feira (20), ela conseguiu embarcara apenas no quinto ônibus, pois dois deles não tinham elevador para a cadeira de rodas e dois estavam com o elevador quebrado. “Eu já venho preparada pra chegar me atrasar”, diz.
A jornalista Pérola de Souza também usa o transporte público todos os dias. Ela nasceu cega e a precariedade dos ônibus é um problema sério que ela tem de enfrentar.
“Não tem as cadeiras da frente e a gente acaba tendo que passar a catraca, a gente não tem sonorização nas paradas, não tem ar condicionado”, diz.
Em nota, a Semob informou que desde 2008 todos os ônibus novos só podem ser integrados ao sistema municipal de transporte público já adaptados com elevadores, portanto, hoje, 90% da frota já é adaptada. Os 10% restante sairão do sistema em 2018 e vão ser substituídos por veículos obrigatoriamente adaptados.
Ainda segundo a Semob, são feitas fiscalizações diárias e contínuas, e, sempre que é flagrado um equipamento sem funcionar, a empresa é autuada e obrigada a consertar.
O Setransbel informou que a campanha que está sendo veiculada na TV é meramente informativa e que em nenhum momento a campanha teve a finalidade de questionar ou mesmo provocar uma redefinição de benefícios dos mais diferenciados usuários, e nem confrontar nenhuma das categorias beneficiadas com outros usuários do sistema.