Em janeiro de 2020 deve ser iniciado no Pará um novo serviço de referência para o câncer de pele. Até então o único que funciona é o ambulatório de dermatologia da Universidade do Estado do Pará (Uepa), de média complexidade, que fazer o diagnóstico da doença, que apesar de ser de fácil prevenção, é o câncer mais comum no ser humano. Ano passado foram registrados 201 casos da doença no Pará. Este ano, até o último dia 11, 158 casos já foram notificados, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Uma das maiores dificuldades na prevenção está justamente no alto preço do protetor solar, que é o meio mais eficaz para quem se expõe ao sol prevenir o câncer de pele. Para reforçar a importância dessa prevenção, ainda que cara, a Sespa realizou dois mutirões neste mês, na chamada campanha “Dezembro Laranja”, de prevenção ao câncer pele.
A coordenadora de Atenção Oncológica da Sespa, Patrícia Martins, diz que a intenção dos eventos foi alertar sobre os perigos desse tipo de câncer, para que as pessoas procurem assistência médica o quanto antes, quando detectar algum problema na pele.
Hoje o Serviço de Dermatologia Prof. Miguel Saraty de Oliveira, da UEPA, registra casos com maior frequência na faixa etária a partir dos 60 anos. A médica dermatologista Regina Carneiro, que coordena o serviço, explica que é nessa fase que aparecem as consequências de uma vida de exposição solar indevida, principalmente em pessoas que trabalham em ambiente aberto, como lavradores e pescadores.
Maus hábitos – Apesar de menos frequente, Regina Carneiro explica que já há um alto índice de casos nas pessoas com idades entre 30 e 40 anos, por hábitos inadequados, como o bronzeamento artificial, que cresceu com a moda da marca de fita isolante. “A pele é trocada a cada 70 dias. Quando o indivíduo vai além da exposição solar rotineira, as trocas de células ficam defeituosas. É uma matemática da exposição rotineira somada à proposital”, explica a médica.
Ela diz que o sol é um amigo, mas é preciso saber respeitá-lo. “Se souber fazer uso dele, a pessoa vai obter os benefícios. Mas se não souber, terá também os malefícios. O protetor solar é um aliado que, infelizmente, não se adquire o hábito desde a infância, como o creme dental ou sabonete”, ressalta.
Tipos – A dermatologista explica ainda que existem três tipos de câncer de pele: os não melanomas carcinomas basocelular e espinocelular, que são tratados com procedimentos cirúrgicos, e o melanoma, que exige, além de cirurgia, tratamentos complementes, como quimioterapia e radioterapia. Alguns casos podem ser curados apenas com remédios.
Atualmente, estão cadastradas quase 48 mil pessoas no Serviço, que atende de patologias simples às mais complexas, entre as quais dermatite atópica, vitiligo, psoríase e linfomas cutâneos. A cada semana são atendidos até 125 novos pacientes que chegam regulados de Unidades Básicas de Saúde. “Por se tratar de um espaço de ensino e assistência, desenvolvemos ações de educação, inclusive durante as consultas, que são longas para que o sucesso terapêutico seja compartilhado com o paciente”, diz Regina Carneiro.
Fonte: Agência Pará