O Indicador de Inadimplência da Serasa Experian, divulgado nesta quarta-feira (24), mostra que a Região Norte bateu recorde de negativação de negócios, desde o início da série histórica, iniciada em 2016. No total, 374.537 CNPJs foram negativados. No Pará, o número chegou a 155.492, liderando o ranking regional e ficando em 11º no nacional.
Dados do Serasa Experian apontam que o valor das dívidas, quando somadas, também cresceu e atingiu quantia recorde, essa de R$ 117,5 bilhões em todo o Brasil. Em média, cada CNPJ possui cerca de 7 contas negativadas.
Os empreendimentos do segmento de “Serviços” são os mais afetados e representam 54% do total de inadimplentes. Em sequência está o “Comércio”, com representatividade de 37%, seguido pelas “Indústrias” (7,7%), “Setor Primário” (0,8%) e “Outros” (0,5%) – categoria que contempla empresas “Financeiras” e do “Terceiro Setor”.
Micro e pequenas empresas
Dentre as mais de 6,5 milhões de companhias negativadas no País, 5.755.735 são micro e pequenos negócios, informa o levantamento. Considerando apenas as empresas desses portes, existem mais de 39 milhões de dívidas e a soma desses débitos totaliza R$ 94,5 bilhões.
O economista paraense Genardo Oliveira, isso acontece porque estes pequenos empreendimentos enfrentam uma série de dificuldades, como impasses para obtenção de crédito, falta de garantia e até mesmo problemas na gestão financeira.
“A falta de conhecimento dos proprietários sobre gestão financeira e falta de planejamento, com inadimplência dos clientes, somado à falta de controle das contas a receber e a pagar, são alguns dos motivos mais comuns”, cita o especialista.
Para o consultor de negócios, Silvio Souza, fatores externos às empresas também resultam no aumento das dívidas, como a mudança de governo no País. “O Brasil enfrenta sempre esses altos e baixos na economia. Hoje, estamos no período de baixa, ainda com incertezas com o novo presidente, buscando entender ainda como vão ficar as novas negociações, por exemplo”, comenta.
“Essas mudanças no comando do Governo Federal refletem diretamente nas empresas, portanto, se o mercado está em baixa, a inadimplência também aumenta. Em segundo lugar, devemos considerar que pequenos empresários ainda não têm uma educação financeira e administrativa devida. Alguns acabam não pagando alguns impostos para pagar as dívidas. Hoje, esses impostos também são caracterizados como dívida, o que faz essa taxa aumentar no Serasa”, continua Silvio.
Como sair da inadimplência
Para empresários que querem quitar suas dívidas, o economista dá algumas dicas. “Anote todos os valores que se entrecruzam e saem no dia a dia do negócio, o que possibilita ter uma visão mais ampla e auxilia nas tomadas de decisão. Também é bom investir no controle da gestão financeira o quanto antes para atingir os objetivos e crescer”, aconselha Genardo.
“Evite sacar dinheiro da empresa para uso pessoal ou remanejar verba pessoal para dentro do negócio. Conheça e adote estratégias simples e eficientes para garantir uma boa saúde financeira, como manter o fluxo de caixa atualizado e ter um planejamento financeiro. Por último, tenha também vários pontos de atenção no dia a dia para melhorar a saúde financeira da empresa, como monitorar o controle de estoque e as contas a pagar e a receber”, finaliza o economista.
Fonte: O Liberal