Em dezembro do ano passado, o Pará registrou uma média de 44,7 casos de estelionatos por dia, cometidos em ambiente virtual. Foram 1.383 registros – 25% a mais do que em dezembro de 2022, quando 1.108 casos desse tipo de crime foram computados, conforme dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup). Os números alertam para uma série de golpes digitais comuns no final do ano, como os falsos sites, falsos intermediários e invasão de contas e perfis. A Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC), da Polícia Civil do Pará (PCPA), elenca quais são os golpes digitais mais frequentes nesse período e explica como se prevenir e denunciar .
A diretora da DECCC, Vanessa Lee, destaca que o pagamento do 13º salário é, neste período do ano, o principal interesse de criminosos que atuam por meios digitais. Depois da Black Friday, golpistas começam a colocar em prática armadilhas tendo em vista as datas de pagamento que, em alguns casos, como no serviço público, costumam ser divulgadas em locais de acesso público.
“Golpes de invasão de conta bancária e do falso banco que entra em contato por ligação já começam desde o momento em que o 13º é divulgado. Outro tipo que vai ficar muito comum é o golpe das falsas compras, com falsificação de sites, programações relâmpago etc.”, explica a delegada.
No caso da invasão de contas bancárias, a especialista explica como os golpistas costumam agir: “ocorre através de instalação de um dispositivo malicioso, por meio de rede social, de conversas ou mensagens de texto SMS, ou então através de códigos. Assim, o golpista consegue fazer transações bancárias, principalmente empréstimos e, logo em seguida, fazem uma série de pixes para tirar o dinheiro da conta”.
O falso contato da agência bancária também é comum e geralmente é feito por ligações: “utilizando até um número parecido com o banco, [o criminoso] liga para a pessoa dizendo que está precisando fazer uma atualização na conta e, com isso, acaba captando informações que vão permitir a invasão bancária ou transferência de valores”, diz Vanessa.
Falso intermediário
Principalmente para quem está pensando em fazer grandes compras, como a do carro próprio, por exemplo, o golpe do falso intermediário é um risco, diz a delegada. O crime acontece quando o golpista media um processo de compra e venda, enganando tanto quem quer comprar, quanto quem está tentando vender o bem. Vanessa Lee afirma que esse tipo de golpe está aumentando no Pará:
“O criminoso pega uma oferta até verdadeira e publica ou oferece em uma plataforma de vendas. Então ele diz pra pessoa que deseja comprar que o carro está por um preço bem menor e, para pessoa que quer vender, que a outra quer pagar à vista. Ou seja, ele fica como intermediário, como facilitador daquela compra e venda. Mas acaba que a vítima que está querendo comprar o carro deposita o valor e a pessoa que vende nunca recebe”, explica a delegada.
Golpes se renovam nas redes sociais
Com a popularização do mercado em redes sociais, a diretora da DECCC também alerta para golpes envolvendo perfis nesses aplicativos. “Alguém tem seu perfil invadido e o criminoso o utiliza para vender produtos. Os seguidores dessa pessoa acham que é sério e fazem transferências de valores. Depois descobrem que a pessoa havia sido hackeada”.
“E um golpe novo que está acontecendo é o golpe da falsa tarefa, no qual algumas pessoas que se destacam nas redes sociais, como influenciadores, começam a divulgar tarefas para o público, geralmente envolvendo ações de impulsionamento orgânico da rede, como comentar, compartilhar um conteúdo. Conforme cada ação que ela realiza, a vítima acumula ‘pontos’, que equivalem a valores, e que são como investimento. Na teoria, quando ela atinge determinado valor, ela tem o direito de sacar ou então de receber aquilo, só que para ela receber, ela precisa efetuar um depósito, acreditando que pode receber até o valor em dobro e nisso consiste o golpe: depois que a vítima faz esse depósito, pix ou transferência, ela não recebe os valores”, conta Vanessa.
A delegada cita, ainda, golpes que já são comuns há mais tempo, como a imitação de sites conhecidos para falsas vendas, inclusive com o endereço eletrônico muito parecido com o original; os falsos leilões, com preços muito abaixo do mercado; o golpe do falso parente, quando alguém utiliza a foto ou o número clonado de outra pessoa e pede dinheiro a parentes da vítima; e o golpe da falsa oferta de emprego, que geralmente oferece condições de trabalho e remuneração muito fora do comum, colocando como condição o depósito de alguma quantia para viabilizar a contratação.
Como prevenir os golpes?
Sobre esses e outros tipos de golpes frequentes no final do ano, a delegada Vanessa Lee orienta: “É muito importante a gente considerar que a rede social é uma extensão da nossa realidade, então, todo o cuidado que você tem numa loja física, você também precisa ter no online. Quando você vai comprar online, é melhor escolher um perfil ou plataforma já reconhecida, onde você pode recorrer a todos os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor. Além disso, é sempre importante pesquisar os perfis ou sites de compra nos buscadores, como o Google mesmo, e verificar qual é a reputação daquela empresa. Geralmente, as pessoas deixam comentários a respeito”.
No caso das falsas ofertas de emprego, a dica é “saber onde você colocou seus currículos. Em algumas situações que nós tivemos aqui na Delegacia, as pessoas às vezes nem tinham submetido se eu currículo ou então se oferecido para trabalhar em algum lugar, simplesmente o criminoso abordou aquela pessoa através de um perfil falso”, conta Vanessa.
Denúncia precisa ser rápida
Caso a pessoa acabe caindo num golpe, a delegada orienta ações rápidas: “Geralmente, pessoas vítimas desse tipo de crime ficam com vergonha, mas é importante entender que o criminoso é esperto. Ele vai criar uma atmosfera de conforto, de confiança e se aproveitar da necessidade ou então criar essa necessidade para você. Diante de uma situação como essa, é importante não apagar a conversa, salvar todos os números, os registros dos pixes, os comprovantes, porque são evidências que vão auxiliar na investigação“.
A especialista orienta a formalização da denúncia o mais rápido possível, seja pela Delegacia Virtual, ou em qualquer delegacia física. O Disque Denúncia (181) também tem um serviço online, e também atende via WhatsApp no número (91) 981159181. A Delegacia de Repressão aos Crimes Tecnológicos também é uma opção, localizada na tv. Vileta, n° 1.100, bairro da Pedreira, em Belém.
Com Informações de O Liberal