Os empregos gerados pelas micro e pequenas empresas (MPE) no Pará representaram 73,8% do total em setembro, último dado disponível e divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O resultado considera apenas o saldo de postos de trabalho, ou seja, a diferença entre admissões e demissões. No total, o órgão aponta que o saldo no Estado ficou em 7.865 naquele mês, sendo 5.812 apenas das MPE. A entidade ainda não dispõe de números referentes a meses posteriores, mas, em outubro, os pequenos negócios foram responsáveis por cerca de oito a cada dez novas vagas de trabalho criadas no país (78,5%).
Para o economista Nélio Bordalo, os pequenos negócios são “muito importantes” para a geração de emprego e renda na economia paraense. Os setores mais relevantes nesse sentido são comércio e serviços. “No Pará não é diferente dos demais Estados da Federação, e os pequenos negócios espalhados pelos municípios geram muitos empregos diretos e até indiretos, não apenas na capital, mas também no interior”, enfatiza.
O próprio Sebrae estimou neste ano que os micro e pequenos negócios representam cerca de 99% do total de empresas no país, portanto, em termos quantitativos, as MPE geram mais empregos que as médias e grandes empresas (MGE). Um dos pontos positivos desse comportamento, na opinião de Bordalo, é que os salários tendem a subir mais do que em empresas maiores. “Um fator importante também na geração de empregos pelos pequenos negócios é a rapidez de adaptação em situações adversas da economia do Brasil, o que não acontece com as médias e grandes empresas que, muitas vezes, precisam de maior tempo para alterar seus posicionamentos diante do mercado”.
Negócios geram empregos
Dona de uma empresa no ramo de confeitaria, Letícia Belarmino, de 30 anos, gera 100 empregos diretos em Belém. No início, quando a doceria foi fundada, em 2012, eram apenas cinco colaboradores. O negócio foi criado pela irmã de Letícia, e as duas sempre souberam fazer doces, vendendo os produtos no colégio e depois por encomenda. “Minha irmã fez cursos e abrimos a doceria. Eu criei alguns doces, mas sempre fui mais responsável pelo administrativo, financeiro, recursos humanos e marketing. Hoje nos dividimos”, conta.
Na opinião da empreendedora, os pequenos negócios são “muito importantes” na geração de empregos no Pará – ela diz que pessoas empregadas podem ajudar suas famílias e isso tem um grande impacto para as irmãs e para a sociedade. No futuro, as duas querem franquear a empresa em outros lugares do país. Com o ritmo de crescimento e expansão da doceria, no início de 2023 deve haver um aumento inicial de 10% no número de funcionários. “Com o crescimento do negócio, vamos descobrindo novos setores, áreas, funções e cargos. Acredito que, no decorrer do ano que vem, esse aumento seja muito mais significativo”, adianta Letícia.
Já a empresária da área de confecções de alta costura Priscilla Vieira, de 40 anos, tem uma marca de jalecos e conta hoje com 20 funcionários, sendo que no início eram apenas seis. Em 2023, com a expectativa de crescimento da empresa, a previsão é de contratar mais cinco funcionários – a dificuldade é encontrar mão de obra no segmento. “Eu senti uma aquecida no mercado e pretendo expandir. Já coloquei o negócio no e-commerce, porque antes só estava vendendo via Instagram e agora estamos entrando em algumas outras plataformas. Não é fácil ter mão de obra qualificada. Eu já tenho inclusive aberto um processo, mas não é uma mão de obra tão rápida de se contratar”, comenta a empresária.
Para Priscilla, os pequenos negócios são “fundamentais” para a geração de emprego no Pará. “São eles que sustentam famílias inteiras. Nós vivemos em um país em desenvolvimento, e o Pará, mais que o resto do Brasil, precisa valorizar e perceber a importância do pequeno negócio para a cadeia produtiva”.
Fonte: O Liberal