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Pesquisa revela que em 25 anos o Pará vai ter mais idosos do que crianças

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A população paraense já caminha rumo ao envelhecimento. Projeções realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, daqui a apenas 25 anos, o Pará já concentrará mais idosos do que crianças. Em 2060, um em cada quatro paraenses será idoso, quando o Estado passará dos atuais 764 mil idosos para uma população de 2,7 milhões de pessoas acima dos 60 anos.

Os fatores que explicam tal tendência observada no país como um todo são variados. No caso específico do Pará, o IBGE destaca a queda das taxas de mortalidade infantil, a ampliação da rede de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a adoção de políticas públicas de saneamento básico nas áreas de grande concentração populacional.

“A esperança de vida do paraense ao nascer aumentará de 72 anos, em 2019, para 77 anos em 2060”, aponta o instituto. “Outro fator de envelhecimento da população é a queda na taxa de fecundidade da mulher paraense. Em 2019 a média de filhos nascidos na idade reprodutiva feminina é de 1,91 filhos e, em 2060, será de 1,8 filhos”.

Com uma quantidade cada vez menor de nascimentos e com os avanços proporcionados pela medicina no tratamento das mais diversas doenças, o surgimento de uma população mais madura já é realidade. Porém, além de alcançar um aumento da longevidade, o que se precisa ter em mente é a qualidade com que se viverá ao longo dos muitos anos de vida que seguem após os 60 anos, idade a partir da qual uma pessoa é considerada idosa, segundo o Estatuto do Idoso.

Geriatra, a médica Nezilour Rodrigues destaca que é muito importante garantir um envelhecimento ativo. “O conceito de envelhecimento ativo foi proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nos anos 90 e consiste num processo de consolidação de oportunidades para a saúde, objetivando melhorar a qualidade de vida”, esclarece.

PROCESSO

“O envelhecimento é um processo que deve ser vivido de forma saudável e autônoma, para que seja ativo. Aquele em que a pessoa vai envelhecer com funcionalidade, com independência e autonomia, capaz de gerenciar a própria vida”. A médica reforça que o envelhecimento é um processo heterogêneo, na medida em que seus efeitos variam de pessoa para pessoa. Um senhor com 90 anos de idade, por exemplo, pode viver com mais autonomia do que um que tenha 60, a depender das experiências vividas ao logo da vida. De qualquer modo, Nezilour Rodrigues aponta que três fatores são fundamentais para a obtenção de um envelhecimento ativo. “Alimentação, exercício e participação na sociedade. Ter sonhos, ter objetivos, ter projetos novos”.

Importância da atividade física

Quando completou 60 anos de idade, a aposentada Rosângela Menezes fez exatamente o que sugerem os especialistas, iniciou um projeto novo rumo a uma vida mais ativa: a prática do CrossFit. Na época, a modalidade esportiva ainda era pouco conhecida em Belém, mas nada que intimidasse a Rô, como prefere ser chamada.

Acumulando seis anos de prática, hoje a aposentada já consegue enumerar os desafios superados com o CrossFit. “Eu perdi vários medos. Eu tinha pavor de subir na corda, de ficar de cabeça para baixo e hoje eu já consigo fazer tudo isso”.

Aos 66 anos de idade, Rô não deixa de despertar surpresa em muita gente quando conta que pratica a modalidade conhecida pela intensidade. Com o devido acompanhamento médico e com um treino adaptado às suas necessidades, porém, a aposentada colhe os benefícios. “Eu não tenho intenção de ficar sarada, musculosa. O que o CrossFit me dá é, além da parte física, um apoio emocional muito grande. Ele faz muito bem para a minha mente”.

ROTINA

A vontade de se manter ativa não é nenhuma novidade para Rô Menezes. Antes do CrossFit, ela conta que praticou dança de salão por nove anos. Apesar de estar aposentada, ela reforça que continua atuando como autônoma.

Para ela, a rotina repleta de atividades é a realidade de muitas que estão na fase dos 60 anos. “Quando eu ouço pessoas falando que vão fazer 60 anos e que já não dá para fazer nada, já fico agoniada. Eu tenho 66 e pratico CrossFit, então dá para fazer muita coisa sim”, reforça. “Hoje, aos 66 anos, eu me sinto muito mais Rosângela”.

Já evidenciados por Rosângela, os benefícios proporcionados pela prática da atividade física ao longo do processo de envelhecimento são reforçados pelo trainer Luiz Aguiar, head-coach no box em que Rô treina, o CrossFit Bel01. “Tendo a autorização do médico para começar a praticar atividades físicas, qualquer pessoa pode procurar algo que se identifica para se exercitar e ter a possibilidade de ter um envelhecimento com qualidade de vida”, considera.

ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

Tripé para envelhecer com qualidade de vida

1- Saúde

2- Segurança (social, psicológica e física)

3- Participação (na vida social, cultural, econômica da sociedade)

Fonte: Nezilour Rodrigues – médica geriatra.

Busca por um envelhecimento saudável deve iniciar na juventude

Ainda que a Política Nacional do Idoso aponte as diretrizes que devem ser seguidas no desenvolvimento de políticas públicas para este segmento da população desde 1994, o poder público e a sociedade como um todo ainda buscam o ideal.

Quando se trata de alcançar meios que garantam um envelhecimento com qualidade de vida e autonomia, porém, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil no Pará (OAB-PA), Letícia Bitar destaca que as políticas devem estar voltadas à prevenção.

A advogada destaca que o envelhecimento da população segue em um ritmo tão veloz que quase nunca se consegue alcançar e acompanhar as projeções. A perspectiva é a de que, ao chegar a 2060, o Estado do Pará possivelmente já tenha superado a projeção atual de 1 a 4 paraenses serem idosos.

Nesse sentido, a busca por meios que levem a um envelhecimento saudável deve iniciar ainda na juventude. “Viver mais e com qualidade de vida, autonomia e independência é o que almejamos. Mas, para isso, as políticas públicas que existem precisam se adequar e colocar sempre como objetivo principal trabalhar a prevenção”.

Ao mesmo tempo em que, segundo Letícia Bitar, a legislação brasileira é avançada no que se refere à proteção aos direitos fundamentais da pessoa idosa, a advogada destaca que “vivemos um contrassenso porque estamos envelhecendo, mas não nos preparamos para isso”, avalia. “Pensar em envelhecimento depois que se completa 60 anos não é o ideal. Então precisamos nos preparar para esse envelhecimento não somente o indivíduo, mas também enquanto sociedade e o poder público, quando se preocupa em aplicar as políticas adequadas para esse grupo de pessoas”.

Para a presidente da comissão do idoso da OAB, para que tenham o efeito desejado, as políticas precisam ser construídas de baixo para cima, em uma visão hierárquica que ouça as necessidades dos idosos e dali partam as políticas, e não no sentido contrário, de cima para baixo.

Fonte: DOL

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