O prefeito de Medicilândia, Júlio César do Egito, participou nesta quarta-feira (15/10) de uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, para discutir os riscos provocados por mudanças nas regras de importação de amêndoas de cacau. O encontro foi promovido pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural e reuniu parlamentares, autoridades e representantes de associações de produtores rurais de várias regiões do país.
Durante o debate, Júlio César — que também é presidente do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável (CIDS) — defendeu a proteção da produção nacional e alertou para os impactos que a importação de cacau da África pode causar às lavouras brasileiras.

Prefeito Júlio César / Medicilândia.
“Eu sinto que nós conseguimos êxito nessa audiência, porque o que se vê é a indústria defendendo seus interesses, querendo continuar importando cacau da África a qualquer custo, mesmo com o risco de contaminar nossas lavouras em todo o Brasil. Isso pode trazer consequências gravíssimas, como já ocorreu com o café e com o próprio cacau na Bahia. O governo precisa ouvir o lado dos produtores e proteger a agricultura interna. Essa é também a missão dos parlamentares”, afirmou o prefeito durante seu pronunciamento.
A audiência foi proposta pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG), que alertou sobre os efeitos da Instrução Normativa nº 125/2021, do Ministério da Agricultura. A norma revogou a exigência do tratamento com brometo de metila — produto utilizado para o controle de pragas — nas amêndoas de cacau importadas da Costa do Marfim, principal exportadora da commodity na África.
Segundo o parlamentar, a decisão aumenta o risco de que pragas africanas cheguem ao Brasil, podendo comprometer não só as lavouras de cacau, mas também outras culturas agrícolas. “É fundamental debater as consequências diretas da Instrução Normativa 125/21 sobre o setor, a fim de assegurar a proteção da produção brasileira e a segurança fitossanitária das lavouras de cacau”, destacou Domingos Sávio.

Medicilândia, no sudoeste do Pará, é considerado o maior município produtor de cacau do Brasil, com uma média anual de cerca de 50 mil toneladas. A pauta em discussão preocupa diretamente os agricultores da região do Xingu, que respondem por aproximadamente 87% de toda a produção de cacau do estado. Júlio César reforçou que o diálogo entre governo, produtores e indústria é essencial para garantir a sustentabilidade e a competitividade da cacauicultura nacional.
Por Wilson Soares – A Voz do Xingu






















