O prefeito de Porto de Moz, no sudoeste do Pará, conhecido como Berg Trabalho Campos (PTB), saiu no último dia 1º de junho em uma missão religiosa em Moçambique, na África. Ele foi acompanhado de servidores municipais e familiares, que também são funcionários.
Um médico da Saúde da Família e um dentista que atuam na cidade fazem parte do grupo. Segundo moradores, só há um outro médico atendendo no hospital da cidade, mas a prefeitura não confirmou a informação.
A assessoria de comunicação da prefeitura esclareceu, por telefone, que o prefeito entrou de licença entre os dias 1º a 24 de junho, período em que ele deve permanecer no país africano.
A assessoria, no entanto, não soube informar se todos os servidores que estão na viagem também estão de licença.
Ainda segundo a assessoria, a ida ao continente não é ação direta da prefeitura, mas ligada à igreja.
“A ação é da Igreja Adventista, a qual o prefeito é membro, quando jovens da igreja tiram as férias para fazer ações missionárias no Brasil e no mundo todo, portanto é um projeto mundial da Igreja”, afirma a assessoria.
Nas redes sociais, o prefeito e outras pessoas do grupo publicaram fotos da viagem.
No portal da transparência do município, a última atualização na seção de diárias e passagens é do mês de maio e também não foram localizadas as autorizações para viagem.
O grupo de 26 pessoas inclui servidores da prefeitura; a filha da prefeito; e a irmã dele, com o marido. O retorno está previsto para o dia 20 de junho, segundo a assessoria da prefeitura.
Um morador da cidade, que preferiu não ser identificado, diz que a população ficou sem saber se algum dinheiro público está sendo gasto na viagem.
“O grande problema é que o próprio portal da transparência só é alimentado a cada dois meses, ou seja as pessoas que estão nessa missão junto com o prefeito só vão poder ver, e também saber a questão de gastos, no final de agosto”, afirma.
“Enquanto isso, todos os dias tem pessoas pedindo ajuda de saúde ou de doações aqui na cidade”.
Em um vídeo gravado pelo prefeito, ele diz que R$50 mil foram arrecadados em doações durante uma live, e mais R$90 mil em grupos de Whatsapp, totalizando R$110 mil em doações espontâneas.
O dinheiro, ainda segundo ele, foi destinado para custeio da ida do grupo à África.
Segundo o site da Igreja Adventista, o projeto Missão Calebe é voluntário, envolvendo serviço social e de evangelização, o qual jovens dedicam as férias.
O intuito do projeto é de mobilização em toda a América Latina para ações em lugares onde não há presença adventista.
O g1 questionou a assessoria da prefeitura se todos os servidores envolvidos na viagem à África estão de férias e também se a cidade ficou com apenas um médico para atendimento, mas não havia obtido resposta até a publicação da reportagem.
O Ministério Público do Pará (MPPA) informou, nesta quinta-feira (9), que vai abrir um procedimento administrativo na Promotoria de Justiça de Porto de Moz, para investigar a viagem do prefeito da cidade para uma ação religiosa em Moçambique, na África.
Fonte: G1 PA