Belém ainda está muito abaixo da meta nacional de vacinação contra a paralisia infantil (poliomielite). Até terça-feira (27), apenas 10.963 crianças foram vacinadas, o que corresponde a aproximadamente 14% da meta de 79.000 imunizações. Em 2019, a cobertura vacinal alcançou 70,17% das crianças de Belém.
Nicole Monteiro, do Programa Municipal de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, avalia que a baixa procura em 2020 é por conta do medo do novo coronavírus. “Desde o início da pandemia, diversas campanhas foram intensificadas para garantir a ampla vacinação. Os pais não precisam sentir medo: estamos adotando todas as medidas de prevenção para eles se sentirem seguros ao trazerem as crianças”, tranquiliza ela ao lembrar que em todas as unidades de saúde há máscaras, álcool em gel e aferição de temperatura. Para garantir a imunização, basta ir a uma unidade de saúde e apresentar carteira de vacinação e um documento de identificação da criança, sempre de 8h às 17h.
No Pará, a situação não está muito diferente: até o momento, todos os 144 municípios juntos atingiram apenas 21,10% da meta de vacinação contra poliomielite, o que equivale a 125.628 crianças vacinadas em um total de 595.688. A Secretaria de Saúde do Estado Pará afirma que as equipes de vacinação estão sendo orientadas a aumentar o número de bancadas em uma mesma unidade para facilitar o acesso à vacina e obedecer os protocolos de proteção ao covid-19.
“A campanha está ocorrendo dentro de um cenário atípico, no qual a população está muito insegura na hora de procurar qualquer serviço de saúde. Iremos massificar nossas comunicações para garantir um suporte maior aos municípios”, afirmou Bruno Pinheiro, diretor do Departamento de Epidemiologia da Sespa. A campanha inicialmente duraria até 30 de outubro, mas a Sespa avalia estender o prazo até novembro.
Muitas vezes há falta de percepção do risco. Isso ocorre porque a doença não faz parte do dia a dia dos brasileiros há muitos anos, já que a estratégia de eliminação do vírus no Brasil, centrada nas campanhas de vacinação em massa com a vacina oral, se tornou referência no mundo. O último caso de infecção no país ocorreu em 1989 e não há circulação de poliovírus selvagem desde a década de 1990. Já em 1994 foi certificada a ausência de circulação do poliovírus nas Américas. Porém, dois países ainda não erradicaram a doença: Afeganistão e Paquistão.
“O fluxo de viagens do mundo globalizado pode facilitar novas contaminações. A vacinação da poliomelite é importante para que essa doença continue sendo só uma página distante da nossa história”, observa Nicole Monteiro. O objetivo estipulado pelo Ministério da Saúde é de 95% das crianças de até 5 anos vacinadas em 2020.
Fonte: O Liberal