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Médicos de Altamira e região relatam falta de leitos e medicamentos para combater o coronavírus.

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Sessenta e oito médicos da região do Xingu, das mais diversas especialidades, elaboraram um documento que foi encaminhado aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, além da Secretaria de Saúde do Pará (SESPA), Secretaria de Saúde de Altamira, Pró-saúde, que é a empresa que administra o Hospital Regional, e a Norte Energia, empresa dona da usina de Belo Monte. Neste documento, os profissionais relatam que não há respiradores, medicamentos e nem profissionais suficientes para atender a população da região. 

No documento, os médicos também chamam a atenção das autoridades locais e estaduais, destacando que não houve o isolamento social esperado e que com isso aumentou bastante a capacidade de atendimento na rede de alta e média complexidade para dar conta de demanda.

“Nossa região já dispunha de número insuficiente de leitos de UTI (9 leitos) para atender mais de 400 mil habitantes dispersos em uma área maior do que muitos países – muitas pessoas demoram dias de deslocamento para chegar ao Hospital Regional via fluvial e estradas em péssimas condições. Até agora o que conseguimos fazer foram improvisos, como transformar os únicos (05) leitos de UTI Pediátrica em leitos para adultos com COVID-19, diminuindo a já deficiente capacidade de atendimento a crianças em estado grave na região. Chegaram (03) respiradores enviados pelo Governo do Estado, inadequados para atender pacientes graves e que não serão utilizados pelo risco ao paciente. Os (10) leitos anunciados como “doação” pela Norte Energia no Jornal Nacional, têm previsão de entrega apenas para o mês de julho, quando será muito tarde. Cabe ressaltar que a empresa descumpriu diversos compromissos fundamentais, previstos como condicionantes para instalação e funcionamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, cita um trecho do documento que foi assinado pelos profissionais de saúde da região.

Em um outro trecho da carta os médicos citam que UTI não é feito apenas de respiradores. 

“O que é evidente para nós, médicos, mas parece passar despercebido por gestores da saúde e dos governos, é que uma UTI não se faz apenas com respiradores. São necessários leitos, monitores multiparamétricos, bombas de infusão, antibióticos para tratar infecções, sedativos e analgésicos potentes para tirar a dor e permitir que os doentes não acordem quando estão intubados, medicações vasoativas para o coração não falhar, corticoides para reduzir inflamação. E é fundamental também que haja uma equipe de profissionais preparada e quantitativamente suficiente para prestar a assistência. Hoje, um número importante de médicos, fisioterapeutas, equipes de enfermagem já testaram positivo para o Coronavírus e não há quem os possa substituir”.

Os profissionais também denunciam falta de medicamentos e dizem que eles estão vivendo uma situação desesperadora no caos da saúde pública já instalada na região da Transamazônica e Xingu e pedem uma providencia urgente. 

“Em face a essa situação triste e alarmante, nós, médicos de Altamira e região pedimos que medidas urgentes sejam tomadas tais como: aquisição e distribuição de medicamentos preconizados para o tratamento da COVID-19 pelo ministério da saúde e para terapia intensiva, ampliação imediata dos leitos de UTI completos, tomografia de tórax, contratação de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, equipes de higienização e limpeza”, afirma o documento.

Dados – De acordo com dados do último boletim divulgado pela Sespa- Altamira, na tarde desta terça-feira, 12, na região do Xingu, que é compreendida por (09) municípios que somam cerca de 400 mil pessoas e que dependem diretamente do Hospital Regional da Transamazônica, existem (219) casos de Covid-19 confirmados, (60) recuperados e (11) mortes, num período de 40 dias em que foi constatado o primeiro caso. 

Só promessas – Até bem pouco tempo quando era questionado nas redes sociais, o Governador do Pará, Helder Barbalho, disse que a população do Xingu contava com a estrutura do Hospital Regional da Transamazônica, com a ajuda de um helicóptero e um hospital de Campanha que foi montado em Santarém, distante de Altamira cerca de 400km. Há duas semanas atrás mudou o discurso e chegou a afirmar, nos meios de comunicação do Estado, que iria montar um Hospital de Campanha em Altamira com capacidade de 60 leitos, mas até o momento nada tem sido feito para atender a população local.

Estrutura – O Hospital Regional há mais de 10 dias já está com sua estrutura lotada e os (18) leitos que foram reservados no Hospital Municipal como retaguarda, tem hoje 08 pacientes internados.

Por: Wilson Soares – A Voz do Xingu

Foto: Wilson Soares

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