Servidores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – (BNDES) visitaram a nossa região, esta semana, para conhecer e analisar a possibilidade de fomentar ainda mais a economia da região. A visita foi motivada pelo crescente destaque da região Transamazônica na pecuária, no turismo ecológico, na produção energética, no comércio e na agricultura, principalmente a cacauicultura. “Estamos aqui em Altamira, no Pará, numa expedição do banco, pra gente conhecer melhor. Fazer uma imersão na bioeconomia. Conhecer um pouquinho mais sobre a população, a economia da região. Pra gente pensar um pouquinho em soluções de desenvolvimento econômico também pra cá, e fazer um pouquinho mais do que a gente já vinha fazendo”, explicou o Diretor do BNDES Saulo Putini.
Durante a visita, os representantes do BNDES conheceram a tecnologia desenvolvida no Sítio Abelha e Cacau, que fica localizado no km 25, da rodovia Transamazônica, sentido Altamira/Brasil Novo. A propriedade pertence ao médico Antônio Pantoja, que hoje cultiva cerca de 15 mil pés de cacau clonado e enxertado. Uma produção totalmente nativa e orgânica. “Hoje nós tivemos a visita aqui do pessoal do BNDES que tem projetos pra nossa região. O objetivo é manter a floresta, plantar o cacau pra aumentar o verde como reflorestamento. E a gente também precisa de fomentos né, pra que a gente possa verticalizar esse processo, melhorar tecnologicamente falando, ou seja, transformar o cacau no seu produto final que é o chocolate. E além disso agregar outros processos, como o turismo, relacionado com toda essa estrutura que o cacau pode oferecer”, disse o médico e produtor.
Todo o processo desenvolvido no sítio chama a atenção, já que os cuidados vão desde o plantio até o armazenamento das amêndoas de cacau, feito em tachos de madeira. O processo é acompanhado pelo pesquisador de genética e melhoramento de plantas, Dário Ahnert, do Centro de Inovação do Cacau. Ele trabalha com cacau há mais de 37 anos e vê um grande potencial nessa região. “Essas iniciativas dele, assim como já tem de outras pessoas aqui na região, elas precisam ser ampliadas para que o Brasil seja reconhecido como um país capaz de produzir cacau de excelente qualidade. Ele já é conhecido, mas ele precisa ser mais conhecido. O cacau do Brasil precisa ser valorizado. No Brasil como um todo e em especial aqui dessa região Transamazônica, no Pará”, pontuou Dário Ahnert.
No sítio outra vertente do cacau também se destaca. A produção de chocolate. Cerca de 20% do cacau produzido aqui são transformados em chocolate fino, e vem ganhando o mercado. A fabricação é toda artesanal. Feita em uma pequena fábrica, instalada na casa do proprietário, no centro cidade de Altamira. “Existe toda uma cadeia. Desde a seleção dos frutos, passando por uma fermentação, depois por uma estufa solar, depois para uma torra, e isso vai para um laboratório, onde tem uma máquina que vai moendo esse nibis até se transformar em uma estrutura bem suave que depois vai se transformar esse chocolate. Existe todo um processo de cadeia até chegar no produto final que é o chocolate, mas isso requer muito conhecimento, requer muita dedicação, requer todo um processo de pessoas envolvidas que realmente gostam da cadeia produtiva do cacau”, afirmou o produtor.
O sitio também vem se destacando no processamento da Castanha do Pará e na produção de mel de abelhas. Tudo feito de forma sustentável. E isso chamou a atenção do Superintendente do BNDES, Júlio Leite. “Estamos aqui nessa visita bastante interessante pra mostrar uma solução na parte de bioeconomia relacionada ao cacau e a produção de mel, mas é o tipo de investimento de bioeconomia que preserva a floresta e consegue ter um retorno financeiro que faz com que a população local consiga se desenvolver. Então está bem interessante essa visita que a gente está tendo”.
À convite do proprietário, o prefeito eleito de Altamira, Claudomiro Gomes e o seu vice, Jorge Gonçalves, também acompanharam a visita dos representantes do BNDES. Eles já pensam em levar essa tecnologia do melhoramento da qualidade da produção para outros produtores do município. “Na verdade a gente está visitando uma escola do cacau. Aqui tá um marco, um ponto de mudança da produção para o colono da Transamazônica. Dr. Antonio mostra que as novas plantas, a capacidade e o potencial que tem as novas plantas de mudar a vida do pequeno produtor, principalmente da agricultura familiar. Aqui são plantas com capacidade de produção de três a até nove quilos, e também diversos subprodutos do cacau. Então a gente recebe aqui hoje uma aula de tecnologia, uma aula de evolução”, observou o vice-prefeito eleito, Jorge Gonçalves.
Já o prefeito eleito destaca que já está fazendo planos com o que viu no sítio. “Viemos aqui junto com técnicos do BNDES, conhecer aqui a experiência do plantio cacau melhorado geneticamente, do cacau enxertado, do cacau clonado. Uma experiencia muito rica que nós dependemos levar para os nossos agricultores do Assurini afim de que a gente possa melhorar a produção, ou seja, a ideia é levar a tecnologia e o conhecimento através da nossa Secretaria de Agricultura, para que a produção de cacau de Altamira possa de fato crescer exponencialmente e gerar emprego e renda no nosso município”, finalizou Claudomiro Gomes.
Texto e Fotos: Wilson Soares – A Voz do Xingu