Após um ano e três meses de seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) enfrenta uma situação em que sua aprovação está tecnicamente empatada com a rejeição ao seu governo. Segundo pesquisa do Datafolha realizada na última terça-feira, 19, e quarta-feira, 20 de março, 35% dos entrevistados consideram o trabalho do presidente como ótimo ou bom, enquanto 33% o avaliam como ruim ou péssimo, e 30% como regular.
Essa aferição, baseada em 2.002 entrevistas com eleitores de 147 cidades, indica um cenário desafiador para Lula, com oscilações negativas em sua aprovação e reprovação em relação à pesquisa anterior, realizada no começo de dezembro para avaliar o primeiro ano de seu mandato. Tanto a aprovação presidencial quanto a reprovação oscilaram três pontos, dentro da margem de erro da pesquisa, mantendo-se ambas em 30%.
O presidente convocou uma reunião ministerial para solicitar o empenho de seus subordinados na divulgação do que ele considera realizações do governo, após perceber o clima desfavorável captado em outros levantamentos e pela equipe presidencial. No entanto, essa iniciativa resultou em polêmica com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, criticado por anunciar a homologação judicial do acordo de delação premiada do acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, insinuando a possível solução do caso.
Nos últimos três meses, Lula enfrentou diversos desafios, incluindo reveses congressuais, crises políticas, e debates acalorados sobre a atuação do governo. A crise com Israel, por suas declarações comparando a guerra na Faixa de Gaza ao Holocausto, parece ter afetado diretamente o apoio entre os evangélicos, um grupo associado ao bolsonarismo.
Os estratos sociais revelam que a rejeição a Lula aumentou principalmente entre os segmentos da classe média. Em faixas salariais que vão de 2 a 10 salários mínimos, a avaliação negativa do presidente subiu de 35% para 39% e de 38% para 48%, respectivamente.
Embora a economia tenha se mantido estável, com índices positivos como inflação e desemprego, é possível inferir que esse movimento reflete uma influência da agenda de valores, o descontentamento com o sistema político e uma sensação de desassistência do Estado. No entanto, grupos tradicionalmente associados ao petismo ainda mantêm uma aprovação significativa ao presidente.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Lula e seu antecessor, Bolsonaro, apresentam índices de aprovação semelhantes no mesmo período de seus mandatos. Enquanto Lula tinha 33% de aprovação e 38% de reprovação, Bolsonaro registrava 34% de rejeição. Esses números colocam os dois presidentes entre os mais mal avaliados em comparação com outros líderes eleitos para um primeiro mandato.
Com informações da Folha de S. Paulo