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Resiliência e esperança: Incêndio não apaga o sonho do artesão altamirense Denis Federicci

Artesão altamirense Denis Federicci
Artesão altamirense Denis Federicci
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Por Wilson Soares – A Voz do Xingu

“Corri atrás do extintor, mas só encontrei um e não consegui apagar o fogo”, disse emocionado o artesão altamirense Denis Federicci, ao relembrar o incêndio que destruiu parcialmente seu ateliê na manhã de terça-feira, 18 de março. O espaço, localizado na Avenida Tancredo Neves, no centro de Altamira, é dedicado à fabricação de monumentos e peças de artesanato e, segundo Federicci, o fogo foi resultado de um acidente de trabalho.

“Aqui é um ateliê de arte, onde trabalhamos com esculturas em fibra de vidro e isopor. Infelizmente, durante o processo de esmerilamento de um metal, uma faísca atingiu a área onde estavam os isopores e, possivelmente, um pedaço de estopa com tíner. O fogo se espalhou rapidamente e consumiu minhas esculturas, peças de arte prontas, além do estoque de acrílico e plásticos”, explicou o artesão. O incêndio só foi controlado com a ajuda das equipes do Corpo de Bombeiros, que, segundo ele, foram essenciais no controle das chamas. “Agradeço ao Corpo de Bombeiros, que agiu rapidamente e fez o que pôde para conter o incêndio”, disse Denis.

O incêndio de grande proporção destruiu diversos artigos essenciais do ateliê, como máquinas, compressores de ar, mesas, bancos e até duas esculturas de cacau que estavam prontas, avaliadas em R$ 12 mil. Além disso, várias peças de arte também foram perdidas. Entre os objetos salvos, ele destaca uma escultura grande de um boi, que estava na parte da frente do estabelecimento para ser pintada.

Com dificuldades financeiras para recuperar o espaço de trabalho e os itens danificados, Federicci destacou o apoio que tem recebido da comunidade.

“Muitas pessoas se ofereceram para me ajudar, inclusive com uma vaquinha. No dia do incêndio, o prefeito de Altamira, Loredan, a primeira-dama Paola e a secretária de Assistência Social estiveram comigo e prometeram me dar uma ajuda. Eles também se comprometeram a me oferecer a oportunidade de criar monumentos para a cidade, algo que eu não tive nas gestões anteriores. Isso já é uma grande ajuda”, afirmou.

Atualmente, Denis concentra seus esforços na finalização de uma escultura de cacau, que, por meio de uma intermediação do vereador Prince Couto, será adquirida pela Prefeitura de Altamira, o que ajudará a amenizar um pouco sua situação financeira. “Estou terminando um cacau de concreto, que provavelmente entregarei à Prefeitura de Altamira na próxima semana. Isso também será uma ajuda importante”, comentou.

Sua trajetória como artesão

Artesão altamirense Denis Federicci

O artista conta que, após concluir o ensino médio em Altamira, se mudou para Tocantins no início da década de 1990 para cursar a faculdade e ficou impressionado ao ver um crucifixo com a imagem de Jesus na Igreja Católica de Palmas. Foi então que resolveu abandonar a faculdade e retornar a Altamira, onde começou a trabalhar com arte.

Inicialmente, aproveitou a serralheria que seu pai possuía no km 75 da BR-230, zona rural de Medicilândia, para iniciar suas peças. Lá, pegou um pedaço de madeira e começou a esculpir a imagem de Jesus. Após concluir a obra, em 1999, decidiu doá-la para a Igreja da Comunidade, onde ela permanece até hoje.

Entre as obras produzidas pelo artesão Federicci, destacam-se os monumentos instalados nas entradas das cidades de Brasil Novo e Medicilândia, as esculturas do boi e o cacau, que simbolizam a economia da região Transamazônica.

Foto: Wilson Soares

Durante essas três décadas dedicadas à produção de arte, o artesão também participou de grandes feiras de artesanato em diversas cidades brasileiras, levando seus produtos e o nome da região do Xingu. Entre as capitais onde já esteve, destacam-se São Paulo, Belém e Macapá, onde apresentou seu trabalho.

Em entrevista ao Portal A Voz do Xingu, Denis Federicci afirmou que, apesar da tragédia envolvendo seu estabelecimento, não pretende desistir de sua trajetória artística. “Eu havia me afastado um pouco da arte para trabalhar com comunicação visual, fazendo letreiros para lojas na cidade. Mas a mão de obra aqui é muito precária. Agora, quero voltar a me dedicar à arte, criar mais peças e participar de eventos e exposições. Meu objetivo agora é criar um acervo de obras para poder viajar e mostrar meu trabalho, levando o nome de Altamira e da região para outros lugares”, concluiu.

Esse conteúdo produzido pela A Voz do Xingu pode ser reproduzido, desde que a fonte seja citada.

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