“Posso afirmar que a divulgação de imagens ou vídeos de suicídios são importantes gatilhos para quem está pensando em suicídio”. O alerta é feito pela psicóloga Josie Mota. Segundo ela, é preciso ter consciência disso ao compartilhar vídeos e fotografias sobre suicídios.
Para a maioria dos profissionais que atuam na área de atendimento a pessoas com transtornos que podem levar ao suicídio, a cobertura sensacionalista de um suicídio deve ser evitada. A recomendação também faz parte do manual “Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia”, elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Um dos pontos trata justamente sobre a divulgação de imagens (fotografias e/ou vídeos) da cena do suicídio, do método utilizado e da vítima após o ato. De acordo com o manual, são justamente essas informações e imagens que geram o chamado “Efeito Werther”, usado na literatura técnica para designar a imitação de suicídios.
Em Belém, em um intervalo de 21 dias, três pessoas cometeram suicídio utilizando o mesmo método. Os outros dois casos, de um jovem, na semana passada, e de uma mulher nesta segunda-feira, 23, ocorrem depois que o primeiro dos três casos, no dia 2 de setembro, foi amplamente divulgado por blogs na internet e compartilhado em redes sociais.
Sem sensacionalismo
Para a voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV), Olga Castro, é preciso ter cuidado ao noticiar ou compartilhar casos de suicídio. “Tratamos com seriedade e sem sensacionalismo. Acreditamos que falar é a melhor solução, só assim quebramos tabus, mas falar com seriedade e respeito”, aconselha. “Não devemos repassar imagens e descrições de pessoas que cometem suicídio. Quando receber (imagens), devemos apagar e conversar com a pessoa (que enviou) sobre o respeito à família que está passando por aquela dor”, explica.
Para ela, também é necessário ter compreensão do fato e não julgar. “Oferecer primeiro acolhimento, com compreensão e respeito. Levar a pessoa a perceber que ela não está sozinha e buscar aproximação, demonstrando empatia”, explica.
Já a psicóloga lembra que o atendimento profissional é muito importante na prevenção do suicídio. “Temos no SUS (Sistema Único de Saúde) uma coisa que se chama RAPS (Rede de atenção Psicossocial); a Emergência Psiquiátrica do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (em Belém), onde temos 30 leitos que servem para quem está em risco de morte. Casos de ideação suicida devem ir direto para lá. A família, os amigos, psicólogos e psiquiatras devem ajudar”, orienta.
“Devemos ouvir com empatia, considerar a gravidade e o risco da situação, investigar sobre tentativas anteriores, ao percebermos o risco real, contatar a família imediatamente e não deixar a pessoa sozinha enquanto não for atendida por um profissional”, ensina.
Onde procurar ajuda:
CVV: no telefone 188 (24h)
Fonte: Portal Roma News