Quem teve o saque emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) liberado, mas não retirou o dinheiro, pode fazer a solicitação até a próxima quinta-feira (31), prazo máximo estabelecido pela Caixa Econômica Federal. A medida foi criada pelo governo federal para compensar os trabalhadores da iniciativa privada que perderam renda ou tiveram redução de ganhos em razão da pandemia do novo coronavírus.
O economista Nélio Bordalo explica que o saque do Fundo é autorizado pela Medida Provisória (MP) nº 946, de 7 de abril de 2020, e que tem direito a sacar todo titular de conta do FGTS com saldo, ativas e inativas, no valor de até R$ 1.045 por trabalhador.
“Este saque emergencial foi criado como medida de combate aos impactos econômicos da pandemia. A liberação foi de acordo com calendário que seguiu o mês de aniversário dos trabalhadores, e o dinheiro foi depositado em poupanças digitais da Caixa, criadas automaticamente e vinculadas ao nome de cada beneficiário. Isso é benéfico para o trabalhador, principalmente no final de ano, por terem mais gastos”, diz o especialista.
No entanto, é preciso ter alguns cuidados antes de solicitar o recurso, segundo Nélio. Por exemplo, não é interessante que o trabalhador use o valor para fazer compras de valores altos, que criem dívidas ou parcelas mensais que não possam pagar depois. Isso, de acordo com o economista, pode resultar em inadimplência e perda de crédito. Pelo contrário, quem sacar o FGTS deve utilizar o recurso para quitar dívidas em aberto ou abater parcelas futuras, como as do início do ano: material escolar, uniforme, fatura do cartão após as festas de fim de ano, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), entre outros.
Trabalhadores buscaram saldo
O engenheiro ambiental Rodrigo Lima, de 24 anos, foi uma das pessoas que tiveram acesso a valores do FGTS de forma emergencial. Ele conta que sacou o dinheiro em agosto para quitar faturas atrasadas do cartão de crédito. Isso porque Rodrigo teve seu contrato de trabalho reduzido ainda no início da pandemia do novo coronavírus e viu sua renda cair.
“O valor foi proveitoso para poder quitar essas dívidas, e também saquei o de aniversário. Foram contas que contraí durante a pandemia e que não tive como pagar porque meu contrato foi reduzido até setembro. Também trabalho com música e fiquei sem recurso já que não tinha evento. Não recebi o auxílio emergencial porque tenho carteira assinada, então esse valor do FGTS foi muito bom para desafogar, era o único valor que eu tinha. O engenheiro lembra que ficou preocupado por sacar o FGTS porque não tem um alto valor em conta, mas a necessidade foi maior na época.
Já a assistente administrativa Arcília Silva, de 20 anos, tentou sacar valores do Fundo, mas não conseguiu por conta das filas extensas nas agências da Caixa. “Não fiz o saque porque não consegui, era muita fila e deixei pra lá. Eu fui três vezes sacar e não consegui. Ia usar o recurso para pagar meu cartão de crédito, agora vou ter que apertar em janeiro e pagar com meu salário normal”, relata a trabalhadora, que é estudante de Direito e trabalha em um escritório de advocacia em Belém.
Recurso fica disponível em contas da Caixa
O requerimento para o saque emergencial dos valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode ser feito pelo aplicativo “FGTS”, disponível para celulares com sistemas Android e iOS, solicitando à Caixa Econômica Federal a nova liberação do dinheiro. Segundo as regras do saque emergencial, o dinheiro depositado na poupança social digital deveria ser movimentado até 30 de novembro – caso nenhuma transação fosse realizada até a data, a Caixa devolveria automaticamente os recursos para a conta de FGTS do trabalhador. Porém, em razão da pandemia, o governo determinou que o saque de até R$ 1.045 ainda poderia ser feito até o último dia do ano. No total, 15 milhões de brasileiros tinham direito de manifestar arrependimento e pedir o saque. Até 7 de dezembro, foram liberados R$ 37,8 bilhões, e cerca de R$ 7,9 bi ainda seriam pagos.
Fonte: Agência Brasil
