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Tensão em Novo Repartimento: morte de caçadores em reserva indígena completa 1 ano e investigação segue sem resposta

Polícia Federal apura o caso em sigilo e famílias realizam atos na cidade cobrando prisão. Falta de respostas afeta família das vítimas e também indígenas.

Três jovens foram encontrados na Reserva Indígena Parakanã em abril de 2022 — Foto: Divulgação
Três jovens foram encontrados na Reserva Indígena Parakanã em abril de 2022 — Foto: Divulgação
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Passado um ano da morte de três homens dentro da reserva indígena Parakanã, em Novo Repartimento, no sudeste do Pará, o clima é de tensão na região. Familiares cobram a prisão dos responsáveis pelo crime. A falta de respostas também afeta os indígenas, que sofrem com hostilidades da população. A Força Nacional atua na região.

Em 24 de abril de 2022, os três homens desapareceram na área da Terra Indígena Parakanã, distante cerca de 30 km do centro de Novo Repartimento. Autoridades fizeram buscas no dia 30 de abril, três corpos foram encontrados na Reserva Indígena e foram velados na Câmara Municipal.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), os três entraram na reserva para caçar. As famílias negam. A Polícia Federal segue investigando o caso sob sigilo e não revelou se algum suspeito foi identificado.

Até hoje, as famílias não sabem ao certo como os três foram mortos e realizam atos na cidade. Balões foram soltos em memória das vítimas: Cosmo Ribeiro de Sousa, de 29 anos, José Luís da Silva, Teixeira, 24 anos, e Willian Santos Câmara, de 27 anos.

“A gente só quer que prendam o assassino. A Justiça está demorando demais e para mim, como mãe, dói demais”, afirmou Maria Gorete, mãe de José Luís. Homenagens estão sendo feitas há uma semana.

 

Famílias de três mortos em Novo Repartimento faz atos para marcar 1 ano sem respostas — Foto: Reprodução

Clima de ‘hostilidade’

Com medo de hostilidade por alguns moradores da cidade, os indígenas Parakanã evitam circular no centro urbano, segundo a antropóloga da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns, Manuela Carneiro da Cunha, que se encontrou este mês com lideranças indígenas. A Comissão Arns reforçou com autoridades federais e estaduais a situação na área.

“Essa hostilidade os impede de frequentar a sede do município, isso é: nem saúde, nem comércio, a ponto que os que estudam não saíram para se matricular, alguns professores do primário não indígena não vão mais. A hostilidade se estende até a indígenas que não têm nada a ver com os Parakanãs”, detalha a antropóloga.

A Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa) já havia relatado ameaças contra os indígenas ainda em maio de 2022. O Ministério Público Federal (MPF) interviu e pediu atuação da Força Nacional, que foi reforçada na região desde sexta-feira (21).

Segundo o advogado das famílias dos três mortos, Cândido Júnior, a presença da Força Nacional na região aumenta a tensão. Ele também informou que a mãe de uma das vítimas é professora e atuava em uma das comunidades indígenas, mas não dá mais aula no local.

“Já tinha um apoio da Força Nacional e, então, o acúmulo desses agentes aumenta uma tensão que, na verdade, não há. Eu acho que o momento mais conflituoso já passou”, disse.

Questionado pelo g1, a Polícia Federal não informou detalhes sobre o inquérito, nem sobre suspeitas. Segundo o advogado da família, o inquérito estaria em fase final. A suspeita da família é que os três foram enterrados amarrados e vivos. Os corpos não tinham sinais de tiros ou perfuração de armas brancas. No entanto, o advogado das famílias aguarda conclusão da investigação para haver certeza do que ocorreu. O desejo de que a situação seja resolvida é o mesmo entre os integrantes da Comissão Arns.

“É muito importante que isso seja resolvido. O que a gente espera é que a Justiça seja feita nos trâmites adequados pelo Estado e que a relação de vizinhança entre os indígenas da terra Parakanã e outros habitantes da região seja restabelecidas”, disse a antropóloga Manuela Cunha.

Ainda em 2022, a Fundação Nacional do Índio (Funai) disse que “ao ser informada sobre o possível desaparecimento de caçadores na Terra Indígena Parakanã (PA), acionou os órgãos de segurança pública”. O g1 procurou a Funai nesta segunda-feira (24) e não obteve retorno.

O g1 também pediu informações ao Governo do Pará, à prefeitura de Novo Repartimento e à Força Nacional sobre a atuação na área e aguarda retorno.

Fonte: G1 Pará

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