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Transmissão de casos do novo coronavírus aumentou 68% no Pará

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Nesta quinta (25), a média móvel de casos do novo coronavírus no Pará aumentou 68%, considerando o cálculo feito a partir da média de novos casos dos últimos 14 dias.

Não há, porém, evidência de que este aumento seja fruto da contaminação por novas variantes do coronavírus, como a P1, inicialmente observada em Manaus e que já possui casos confirmados tanto em Belém como em Santarém, no oeste do estado.

Para que haja confirmação de que o recrudescimento da pandemia em território paraense seja por conta das novas variantes, o Instituto Evandro Chagas (IEC) está trabalhando com o sequenciamento de genomas a partir de amostras coletadas no Pará.

Segundo a coordenadora do Laboratório de Vírus Respiratórios do IEC, Mirleide Cordeiro, a técnica é demorada e requer muita cautela para que os resultados apresentados para a população sejam fidedignos.

“Aqui, monitoramos amostras selecionadas. A vigilância genômica é feita com amostras que tenham representatividade geográfica e temporal, para entender o impacto dessas linhagens. Temos feito estudos de maneira geral com o Sars-Cov-2, tanto no sentido de buscar medidas terapêuticas quanto de descobrir metodologias de diagnóstico”, afirma a pesquisadora.

Por enquanto, não há dados concretos sobre o impacto das variantes no Pará, já que o estudo está iniciando. O objetivo científico da pesquisa é avaliar a dispersão geográfica das novas cepas, para que a migração dela entre as cidades e bairros possa ser monitorada.

Segundo Cordeiro, é provável que já no mês que vem o estudo apresente resultados mais claros sobre o cenário epidemiológico das variantes no Pará.

“Trabalhamos com cerca de 200 amostras por mês para essas análises, equivalentes aos 10 estados que nós referenciamos. Junto com o Ministério da Saúde, estamos tentando gerar o sequenciamento de 1200 genomas no Brasil todo”, conta.

Para Mirleide, o aumento do contágio no Pará é resultado de um conjunto de fatores. Além das variantes novas, ela aponta o relaxamento no isolamento social como uma das causas.

A cepa P1, por exemplo, é mais transmissível que a cepa inicial identificada no Brasil em março de 2020. Isso é porque ela carrega no genoma algumas mutações que se conectam melhor às células hospedeiras no corpo humano.

“Essas situações favorecem a disseminação, tornando ela mais eficaz e mais rápida. A variante brasileira apresenta essas mutações. Sem conscientização e sem evitar as aglomerações, se torna uma luta contra um inimigo que está cada vez mais forte”, avalia.

O desrespeito ao isolamento social fortalece qualquer vírus em qualquer epidemia. Este fenômeno ocorre porque, para o vírus sobreviver, ele precisa se manter em replicação constante.

Se o vírus infecta mais pessoas, ele sofre mais mutações, sempre de acordo com as características do hospedeiro.

“Ele busca se adaptar aos hospedeiros humanos, pois é novo para os homo sapiens. Quanto mais ele tenta se adaptar, mais ele seleciona as melhores mutações, que o deixam mais forte, fazendo com que o vírus passe para a frente aquilo que é mais favorável para a sobrevivência dele”, diz.

Há diversas variantes, mas as chamadas “variantes de preocupação” da humanidade no momento são três: a brasileira, a que surgiu na África do Sul e a terceira, originária do Reino Unido. Mirleide conta que todas as três possuem um conjunto de mutações que favorecem o escape delas diante das defesas do sistema imunológico.

No momento, a maior parte das amostras sequenciadas no Pará são provenientes da região oeste do estado, que identificaram a sequência da P1 em cidadãos paraenses pela primeira vez.

Além dos dados virológicos, o IEC ainda irá organizar os dados epidemiológicos das novas cepas no Pará para tornar o estudo mais abrangente.

Mesmo sem confirmação científica, Cordeiro admite que dificilmente o aumento no número de novos casos e mortes no Pará não está relacionado com a variante manauara.

“Tomando como base o que aconteceu no Amazonas, é muito provável que estejamos passando pelo menos processo com a P1. Lá, a cepa emergiu em dezembro e já em janeiro ela era responsável pela maioria das casos. No Reino Unido, a situação foi a mesma. Se as medidas de proteção não forem tomadas, podemos evoluir para um estado crítico”, lamenta.

O IEC mantém diálogo permanente com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio de um comitê de operações especiais que possui diversas entidades que discutem as informações acerca do vírus e as ações que devem ser implementadas a partir dos dados.

Procurada pela reportagem para comentar os dados, a Sespa informou que não dispunha de nenhum técnico disponível para entrevistas na tarde desta quinta-feira (25).

Fonte: O Liberal

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