Cerca de 85 mil mulheres devem votar pela primeira vez nas eleições de 2022, no Pará, quando se celebram os 90 anos da conquista do voto feminino. As estimativas do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA) são referentes aos novos títulos emitidos para pessoas do sexo feminino desde 1º de dezembro de 2020 até a última terça-feira, 23 de fevereiro – período que sucede o último pleito, que elegeu prefeitos e vereadores.
Segundo números do TRE, são 2,8 milhões de mulheres votantes no Estado. Esse direito foi garantido em 1932, por meio do Código Eleitoral assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Até então, o poder público era legalmente um espaço masculino. A legislação permitiu, ainda, que mulheres pudessem se candidatar e serem votadas para que pudessem ocupar cargos públicos.
No Estado, os avanços têm sido notados a passos lentos, mas o direito garantido motiva a estudante Milena Bendelaque, de 18 anos, a participar das próximas eleições. “Acho muito importante e estou super ansiosa para chegar o dia. Eu fico muito feliz, porque hoje em dia eu posso ter essa participação e sei que antes não tínhamos voz, tínhamos que aceitar o que as outras pessoas queriam que nós vivêssemos, nós não tínhamos escolha. E eu vou fazer de tudo para que continuemos tendo voz e para continuar incluída nesse processo”, disse a estudante do terceiro ano do Ensino Médio.
Com o sonho de ser advogada servindo de estímulo aos estudos, Milena defende, inclusive, a não abstenção do voto em hipótese alguma. “Todos nós deveríamos votar, porque assim podemos escolher um pouco do nosso futuro. Se a gente deixar para outras pessoas fazerem isso, podemos não gostar dessa escolha e não poderemos fazer nada, tudo porque nos recusamos a escolher uma coisa melhor”, analisou.
A jovem de 15 anos, Vanessa Pinto, completa os 16 no dia 28 de maio. Mesmo não sendo obrigada a participar do pleno, ela acredita que esse momento é uma oportunidade para os jovens ajudarem a mudar o líder do país.
“O nosso atual presidente foi a causa das minhas maiores depressões, que tive alguns meses atrás. Se ele tivesse tido responsabilidade com as vacinas, com certeza meu pai, que era do grupo prioritário, teria se vacinado a tempo e não teria partido tão cedo. As ações do presidente, desde que começou a pandemia, foram muito ruins. Então mesmo que seja só um voto, eu vou fazer minha parte”, conta a adolescente, que perdeu o pai, Francisco Pinto, de 42 anos, no dia 1º de abril de 2021, antes do início do período de vacinação contra a Covid-19.
Fonte: O Liberal