Uma incerteza de obras construídas e demolidas tem chamado atenção dos moradores de Altamira, sudoeste do Pará. Só em um mês, foram pelo menos três obras demolidas no centro da cidade que estavam sendo construídas pela empresa Norte Energia, como forma compensatória pela construção da usina de Belo Monte. A primeira foi uma passarela que estava sendo construída na Avenida Ernesto Acyoli. A passarela acabava com um pedaço da ciclovia e parte de uma das pistas da avenida. A obra inusitada quase chegou a ficar pronta, e só foi interditada pela prefeitura, depois que ganhou inúmeras reclamações da população nas redes sociais. Na tarde do sábado, 23 de fevereiro, as máquinas da prefeitura demoliram a mesma sem dar nenhuma explicação.
Outra obra que estava sendo construída pela Norte Energia na cidade, e que também foi demolida pela prefeitura sem dó, foi um redutor de velocidade que estava sendo construído na avenida João Pessoa, na orla de Altamira. A obra também já estava bem avançada, mas desde do seu inicio já chamava atenção da população que não estava entendendo do que se tratava. Ao passar mais de 15 dias do início da construção, a obra ainda era considerada um ministério para população, foi então que o jornalista Wilson Soares, resolveu desvendar o que se tratava aquela construção. Só a partir daí a população passou a saber que se tratava de um redutor de velocidade, também conhecido nas grandes cidades como “Lombofaixa” e que ela teria a largura da avenida e um comprimento de 17 metros. Três dias após a repercussão nas redes sociais e nas emissoras de televisão local, os responsáveis pela obra foram pegos de surpresa por uma equipe da Secretaria de Obras do município que já chegou com um parque de máquinas destruindo tudo. A decisão da prefeitura também pegou os internautas de surpresa que teceram inúmeros questionamentos na página do Facebook do jornalista Wilson Soares.
“Sinceramente eu não entendo o pq a prefeitura não observou essa porcaria antes de começar! Até pq todas as obras municipais para iniciar não tem que ter um alvará da prefeitura????”, questionou Calixto Filho na internet.
“Não entendo pq a prefeitura não agiu antes de começar essa obra! Agora já quase concluída essa merda que estavam fazendo, vão lá e arrancam tudo, como se o dinheiro ali investido fosse achado no chão, falta de respeito com dinheiro público, falta de respeito com a população! Agora pegam os milhares de blocos cimentícios como se fossem lixo, estragando muitos deles e jogam em cima de uma caçamba com destino desconhecido! A cidade abandonada, cheia de buracos e os órgãos públicos destruindo material, sendo que poderia reutilizar em outros lugares! É muito dinheiro público indo pro ralo, se já bastasse os levando uma parte!” escreveu Djeimisson Rocha também nas redes sociais.
Em nota a Prefeitura de Altamira informou o seguinte: “As obras foram temporariamente interrompidas e os alvarás revogados em razão das obras estarem em desacordo com o projeto aprovado pela prefeitura.
Quanto aos valores das obras, é necessário buscar junto a Norte Energia, pois é a empresa contratante dos serviços. É importante frisar que, ao contrário do que foi mencionado, nenhum prejuízo dessas obras recai no bolso do cidadão altamirense. Ressaltamos que o município continuará fiscalizando, analisando e fazendo as alterações necessárias para que não sejam realizadas obras de má qualidade na cidade’, diz a nota enviada pela Assessoria de Comunicação da PMA.
Já Assessoria da empresa Norte Energia nos enviou a seguinte nota: “A Norte Energia informa que as obras no trecho da rotatória de acesso ao 51 Bis, na Rodovia Ernesto Acioly, estão sendo revisadas a pedido da Prefeitura Municipal de Altamira. Especificamente sobre as ações na Avenida João Pessoa, a Norte Energia esclarece que, na segunda-feira (18), recebeu notificação da Prefeitura de Altamira revogando o Alvará de Construção nº 197/18, emitido em 14 de novembro de 2018, relacionada à obra em questão. A empresa informa que já está em contato com a administração municipal para tratar sobre as adequações necessárias” finaliza a nota.
Por Wilson Soares – A Voz do Xingu