Indígenas das aldeias Jurunas e Araras que moram na região da Volta Grande do Xingu, ocuparam nesta quarta-feira, 27, mais uma vez, o escritório de assuntos indígenas da Norte Energia S/A, empresa que administra a usina de Belo Monte, em Altamira, no sudoeste do Pará. Eles reivindicavam o cumprimento do acordo de compromisso firmado com a empresa e que estaria em atraso. “Principalmente a comunicação. Por baixo da barragem nós não temos comunicação nenhuma. Eles falam que precisam de uma torre pra colocar lá. A gente sabe que tem bastante torre aqui né? Então isso seria muito fácil de resolver, mas até agora não resolveu”, frisou Giliard Juruna, Cacique da Aldeia Muratu.
Outras reinvindicações dos indígenas são em relação a mudas para plantação e ferramentas para as colheitas das safras, além da manutenção das estradas que dão acesso as comunidades. “A gente tá desde novembro pra receber nossas mudas e o que chegou lá foi pela metade”, disse o Cacique.
Um mandado de reintegração de posse, assinado pelo Juiz de Direito Titular da Comarca de Altamira – Secretaria da 1ª Vara Cível e Empresaria, Dr. José Leonardo Pessoa Valença, já foi entregue aos indígenas para que eles desocupem o prédio da empresa num prazo de 24h. Prazo esse que termina nesta sexta-feira, 29, às 10h da manhã. “A justiça é muito rápida para resolver o problema da Norte Energia, mas porque não resolve o nosso que estamos há cinco anos com PBA aí. E tem algum projeto funcionando aí? A justiça é lenta só pra nós?” questionou o Cacique.
Nota da Norte Energia ao Portal A Voz do Xingu
A Norte Energia informa que seu escritório de Assuntos Indígenas, localizado em Altamira, foi ocupado por indígenas Jurunas, da aldeia Muratu, desde o final da manhã de ontem, 28/03.
Nesse sentido, a Empresa vem tomando as providências cabíveis para a retomada da posse de suas dependências, de modo a restabelecer o funcionamento normal da unidade e atendimento agendado aos indígenas.
A Norte Energia esclarece que sua posição é de permanente diálogo e respeito às comunidades indígenas, entretanto reprova todas iniciativas ilegais e abusivas, como a verificada nesta ocupação das instalações da empresa.
Por Wilson Soares – A Voz do Xingu