Comunidades ribeirinhas de Porto de Moz, no oeste do Pará, foram surpreendidos pelo fenômeno de “ilhas flutuantes”, também conhecido como “terras caídas”, que consiste no desprendimento de terras que ficam boiando pelo rio. Embarcações e retroescavadeiras estão sendo usadas para diminuir os riscos de navegação.
Os pedaços de terra que se soltaram foram desceram os rios Guajará e Xingu, em direção ao rio Amazonas, no município de Prainha.
Um vídeo, gravado neste domingo (22), mostra o trabalho de retirada das terras, que iniciou desde a última quarta-feira – veja abaixo.
Como oferecem risco à navegação e também às casas de moradores, que vivem nas margens de rios, a prefeitura de Porto de Moz disse que equipes da Defesa Civil estão acompanhando a situação.
Os agentes utilizam embarcações e retroescavadeira para prender os pedaços de terra maiores em áreas de terra firme. Já os menores seguem em direção ao rio Amazonas, segundo a Defesa Civil Municipal, sem oferecer riscos.
A coordenação da Defesa Civil da cidade afirma que as enchentes este ano estão fora do normal e que as ilhas que se soltam têm interditado rios.
O órgão municipal informou, ainda, que está discutindo junto ao Instituto Chico Mendes projetos de recuperação de matas ciliares para contenção do fenômeno, que já ocorreu outra vez este ano no Pará, em abril, na cidade de Afuá, na ilha do Marajó.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Estado também está na cidade realizando um levantamento das famílias atingidas pelas enchentes. Segundo as corporações, os atingidos serão cadastrados para recebimento de cestas básicas.
O que são as ‘ilhas flutuantes’?
De acordo com a professora aposentada da Faculdade de Geografia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Carmena Ferreira de França, não se trata, na verdade, sobre uma ilha, mas sim de um segmento argiloso da margem fluvial, junto com parte da vegetação, consequência de uma processo erosivo.
“O fenômeno das terras caídas é famoso na Amazônia. Corresponde à erosão que ocorre nas margens dos rios de água branca — ‘barrenta’ — durante os períodos de grande vazão fluvial por causa da força hidráulica sobre as margens argilosas“, explicou a especialista.
A professora esclareceu que a região que compreende o noroeste do Marajó está sob a influência do rio Amazonas, que passa por Afuá, e de vários outros rios, onde há extensas áreas de várzea, em que o substrato é argiloso e dotado de cobertura florestal, o que torna comum a ocorrência da erosão.
“Flutua por causa da vegetação. Essa vegetação está com todas as raízes e essas raízes prendem um pouco do substrato argiloso. Os pedaços que não possuem vegetação afundam no rio”, pontuou Carmena Ferreira.
Fonte: G1 Pará