Moradores do Lote 96, da Gleba Bacajá, receberam ameaças de ataque à comunidade. O caso aconteceu no município de Anapu, região no sudoeste do Pará. Erasmo Alves Teófilo, que faz parte da liderança da Gleba, aparece em um vídeo compartilhado nas redes sociais na última quarta-feira (22), onde pede ajuda. Cerca de 54 famílias vivem atualmente no local. Até o momento, as autoridades não confirmaram se o ataque aconteceu.
Nas imagens, o líder da comunidade foi informado sobre o risco de invasão por pistoleiros, divididos em dois grupos vindos supostamente das cidades de José Porfírio, também conhecida como “Souzel”, e outro de Marabá, ambas na região sudeste do estado.
“Gravo esse vídeo agora, são acho que 22h da noite, para fazer a denúncia imediata de um prenúncio de uma invasão de novo ao Lote 96 por pistoleiros. Tivemos a informação de que tem um grupo vindo de Souzel e tem outro grupo que estaria vindo de Marabá para invadir o Lote 96, hoje na madrugada”, contou o líder.
Erasmo aproveitou para fazer um pedido a todos na publicação. Ele afirmou que os moradores do local estavam cansados de serem ameaçados constantemente.
“Quero fazer essa denúncia a todos vocês que hoje o Lote 96 e nenhum um de nós vai dormir, de novo sofrendo toda essa situação. Infelizmente não estamos tendo resultado a condição de cessar essa situação de ataque e vulnerabilidade a toda comunidade. Pelo amor de Deus, vamos tomar uma atitude e acabar com isso. Até quando pessoas tem que morrer para justificar ações. Vamos tomar providências hoje, imediatas, agora. Canso. Chega. Não estamos mais dormindo, não estamos mais produzindo, não estamos fazendo nada. Estamos servindo de zumbis e sendo ameaçados 24h por toda essa situação. Hoje o Lote 96 não dorme. Hoje nós não dormimos. Hoje nossas crianças vão ficar em claro sem saber se vão ver luz do dia amanhã. Denuncie. Lote 96 resiste. Resistimos e lutamos”, concluiu.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) comunicou que Eramos está sendo acompanhado pelo 16º Batalhão da Polícia Militar, na área do lote 96.
“A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informa que o representante comunitário faz parte do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e está sendo acompanhado pelo 16º Batalhão da Polícia Militar, na área do lote 96. A Segup informa, ainda que, a situação que ocorre em Anapu é de competência dos órgãos federais, pois é uma área de responsabilidade da União. Entretanto, equipes das Polícias Militar e Civil estão na área para dar apoio e agir dentro de suas atribuições”, afirmou a Segup.
Ataque de falsos policiais
Um grupo armado, que estaria se passando por policiais, realizaram um ataque à comunidade do Lote 96, em Anap. O caso aconteceu no dia 11 do mês passado, por volta de 12h.
Segundo o MPF, o Lote 96 é uma área pública federal e “o pretenso dono teve o título de propriedade cancelado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a pedido do MPF, em ação civil pública”. E complementa: “A área está em processo de se tornar um assentamento de reforma agrária e já foi feita vistoria no imóvel, com posterior confecção um laudo agronômico de fiscalização”.
Histórico de conflitos
O Lote 96, localizado na Gleba Bacajpa, em Anapu, município paraense, éo mesmo território onde, em fevereiro de 2005, a missionária Dorothy Stang foi assassinada por defender o direito à terra dos camponeses. A Justiça de Altamira (Vara Agrária) determinou a reintegração de posse de uma área onde, há 11 anos, moram 54 famílias. Os camponeses dizem que a área, que é terra pública, foi reivindicada por um fazendeiro, como sendo parte de sua propriedade.
Fonte: O Liberal