A iniciativa privada deve assumir a operação do Aeroporto Internacional de Belém a partir desta segunda-feira (04). A informação foi repassada à reportagem do Grupo Liberal pelo consórcio Novo Norte, empresa que arrematou o empreendimento durante leilão realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em agosto de 2022. A empresa terá o direito de administrar o local por 30 anos.
A Novo Norte é formada pela Socicam e Dix Empreendimentos. Além do aeroporto de Belém, elas têm direito de operar no de Manaus. Ambos os empreendimentos foram arrematados por R$125 milhões, um aumento de 119,78% em relação ao valor inicial proposto no leilão, de R$ 56,8 milhões e fazem parte do Bloco Norte II, concedidos à iniciativa privada durante a sétima rodada de concessões.
Também em agosto de 2022, o diretor da divisão de aeroportos da Socicam, Marcelo Bisordi, concedeu entrevista por e-mail ao Grupo Liberal e afirmou que os investimentos nos dois terminais serão de R$ 874 milhões. Um dos objetivos do consórcio é a ampliação da oferta de serviços, conveniências e facilidades aeroportuárias, mas Bisordi não detalhou como ela será feita.
Belém será a primeira experiência da Socicam na operação de um aeroporto internacional. A empresa já administra 23 aeroportos regionais. “Acreditamos que a região norte do Brasil é extremamente atraente e rica em possibilidades de turismo e negócios e queremos garantir que duas das principais portas de entrada da região estejam prontas para receber todos com conforto, segurança e modernidade”, aponta Marcelo.
Especialista considera que decisão é acertada
O economista e especialista em gestão pública Daniel Pereira considera que a medida de conceder os aeroportos para a iniciativa privada é acertada, pois representa uma oportunidade de trade off, ou seja, uma troca. Nesse caso, abre-se mão de um patrimônio tendo em vista o aumento do caixa e a possibilidade de incentivar a atração de investimentos, bem como de direcionar recursos para outros setores.
“Há um custo de oportunidade dentro de um trade off que é muito bom, porque a gente pode aumentar o volume do caixa da máquina pública e, assim, acabar fazendo investimentos em outras áreas que são mais essenciais que a administração de aeroportos, principalmente porque estamos passando por uma crise”, avalia, apontando que a geração de empregos tende a ser incrementada.
O especialista destaca, ainda, que há uma possibilidade de atração de mais rotas de voos. “Uma vez que esses aeroportos consigam se modernizar, irão atrair mais voos para si, logo necessitará de um aumento da mão-de-obra. Isso é muito difícil às vezes para o Estado, visto que ele não visa o lucro e tem um orçamento limitado”, pontua.
Usuários esperam melhorias na infraestrutura e em serviços oferecidos
A falta de um sistema de refrigeração que comporte a capacidade do aeroporto de Belém é uma das principais reclamações dos usuários. Vladimir Costa, de 59 anos, também sente falta de uma área dentro do espaço que seja possível observar as pessoas embarcando. “A gente gosta de ver, se despedir. Poderia ter uma sala para quem está trazendo os passageiros poderem aguardar”, comenta.
“Antigamente, a gente via e tiraram isso. O clima, também, é muito quente. Quem vem logo sente. Acho que a iniciativa privada vai trazer benefícios, as coisas vão melhorar, espero uma visão de carinho para cá. Temos que melhorar pelo menos nesse aspecto [da climatização]”, completou Vladimir.
Na visão de Jaqueline Helena, de 29 anos, a oferta de serviços precisa melhorar. Ela espera que haja uma ampliação do espaço para que haja mais linhas de ônibus disponíveis que façam uma rota para o aeroporto e a melhora do estacionamento do local. “A gente sente falta, por exemplo, dos Correios, que não estão mais aqui. Assim como o ar condicionado daqui, não está gelado o suficiente”, pontua.
“Temos estacionamento aqui, mas é privado. Temos que pagar. E quem não tem condições? Deveriam melhorar para a gente essa questão do acesso”, finaliza Jaqueline.
Fonte: O Liberal