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Altamira capacita profissionais para se apresentar ao mercado mundial de Birdwatching

Adeptos do turismo de natureza, os observadores de aves movimentam trilhões de dólares todos os anos e estão de olho nos destinos turísticos da Amazônia

Foto: Wilson Soares / A Voz do Xingu
Foto: Wilson Soares / A Voz do Xingu
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O Brasil é guardião de 20% de todas as espécies de pássaros do planeta, cenário ideal para amantes de uma prática de ecoturismo iniciada no século 18 e que cada vez ganha mais adeptos: o birdwatching, que traduzido do inglês ao português significa observação de aves.

Os amantes do birdwatching hoje são cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo e movimentam trilhões de dólares ao ano, principalmente nos Estados Unidos, onde estão cerca de 45 milhões desses adeptos ao lazer associado à qualidade de vida e preservação do meio ambiente, prática que rendeu ao país, ano passado, US$ 107 bilhões. No Brasil já são mais de 30 mil os que viajam para observar, fotografar e filmar as aves.

De olho nesse púbico e com objetivo de impulsionar o turismo gerando emprego, renda e desenvolvimento sustentável, a Prefeitura de Altamira, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (SEMTUR) realizou dois cursos de qualificação profissional. O primeiro, ministrado pela ornitóloga Beatriz Cirino, ocorreu no mês de outubro e o segundo esta semana, de 28 a 29 no auditório do SEBRAE, ministrado por Fred Crema, um dos principais especialistas em observação de aves no Brasil, já tendo guiado para turistas de vários países entre eles Holanda e Estados Unidos, com mais de 30 anos de experiência, atuando também como auditor da ISO BR 21101, uma certificação internacional voltada para a gestão de atividades de turismo de aventura.

Participaram desta segunda edição do curso 35 pessoas, incluindo alunos, professores, engenheiros ambientais, biólogos, empresários do setor turístico, servidores públicos e jornalistas, entre outros de Ananindeua, Vitória do Xingu e principalmente de Altamira. A carga horária abordou teoria e prática, realizadas na Estação do Parque Ambé, localizada no Ramal da Floresta, a 15 quilômetros do centro da cidade.

“É uma iniciativa muito bacana da Prefeitura de Altamira em estar promovendo essas capacitações. Altamira possui um potencial gigante em termos de natureza, sendo o maior município do Brasil dentro da Amazônia. Aqui, encontramos um ambiente altamente preservado e diversas culturas tradicionais muito interessantes, que vão desde o açaí e a Castanha do Pará até as casas de farinha. Sem dúvida, a observação silvestre destaca-se como um diferencial”, pontou o instrutor do curso, Fred Crema, que vem ministrando esse curso em outros municípios Pará, a exemplo de Soure, no Marajó.

A Secretária de Turismo de Altamira, Eliana Couto, destacou a importância da capacitação como parte fundamental da atividade turística local.

“A capacitação é um segmento forte dentro da atividade turística, e é um foco nosso aqui na gestão municipal, especialmente da Secretaria de Turismo. O segundo módulo de observação de aves veio para proporcionar uma visão diferenciada sobre o trabalho com a observação de aves”, frisou a secretária.

A participante Jeniffer Silva, artista e fotógrafa, expressou a gratidão pela experiência única proporcionada pelo curso.

“O curso foi muito interessante. Pudemos observar a grande diversidade que temos aqui no município e como podemos compartilhar isso com as pessoas”, afirmou Jeniffer.

O empreendedor altamirense e biólogo Paulo Amorim, que atua com receptivo turístico no Xingu, enfatizou que o curso desperta o empresariado local para a preservação ambiental e impulsiona a economia por meio do turismo regional. Ele ressaltou a riqueza sociobiodiversa de Altamira e a necessidade de explorar esses recursos de maneira sustentável.

“O município de Altamira é rico em sociobiodiversidade, então precisamos saber aproveitar isso de forma inteligente, valorizando as riquezas naturais, os espaços naturais e os atributos que temos aqui”, pontuou Amorim.

A bióloga e servidora pública municipal Apoliane Gomes, que é primeira-dama de Altamira, participou dos dois módulos da capacitação e enfatizou a importância do curso para capacitar não apenas condutores, mas sim despertar novos empreendedores para atividade turística.

“A gente já tem tudo pronto, a natureza, o espaço. Altamira tem um potencial gigantesco. O que falta realmente é a gente se unir para que possamos vender Altamira lá fora”, destacou, Apoliane Gomes.

Em apenas três horas de observação, na parte prática do curso, o grupo registrou mais de 20 espécies de pássaros diferentes, evidenciando o vasto potencial que Altamira oferece para o turismo de natureza. Fred Crema concluiu destacando o potencial do turismo de natureza em Altamira, ressaltando a importância de integrar a observação de aves em diversas atividades turísticas para promover a biodiversidade e contribuir para sua preservação.

“Você não precisa se transformar em um guia especialista de observação de aves, mas pode incorporar o passeio de observação de pássaros como um elemento naquilo em que está trabalhando, seja no turismo gastronômico, no ciclismo, na canoagem, ou em trilhas. Comece a apresentar as aves e a mostrar essa biodiversidade, o que ajuda a entender a importância delas e também contribui para a preservação”, finalizou Fred.

Felipe Bittioli, coordenador do GPCEA, da UFPA, considerou que a iniciativa permitiu aos cerca de 30 participantes, ampliar conhecimentos práticos e teóricos sobre birdwatching e, acima de tudo, despertar interesse da comunidade local para oportunidades de novos negócios e linhas de pesquisa.

Pesquisa e guia de observação –Felipe Bittioli Rodrigues Gomes é biólogo com doutorado na área. Hoje, além de professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), é Coordenador do GPCEA – Grupo de Pesquisas em Comportamento e Ecologia Animal, estando à frente da orientação de uma pesquisa de Mestrado que quer comprovar a hipótese de que Altamira tem potencial para o ecoturismo de birdwatching e como resultado, editar o I Guia Prático de Observação de Aves em Altamira (PA), desenvolvida no âmbito do PPGBC – Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação, da UFPA. Para ele, os dois módulos oferecidos pela SEMTUR deram amplitude ao projeto, apresentado à Prefeitura local para que seja parceira.

“Esta iniciativa, além da imensurável contribuição do fotógrafo, guia, consultor e conhecedor da biodiversidade brasileira, Fred Crema, reforçou conhecimentos práticos e teóricos sobre birdwatching e, acima de tudo, despertou interesse da comunidade local para oportunidades de novos negócios e linhas de pesquisa.  O mais importante foi a contribuição para que possamos entender que é preciso preservar as nossas florestas, em pé, para a continuidade da vida silvestre. Sem árvores, sem vegetação, sem rios, não teremos aves ou outra vida no planeta, ou seja, não teremos turismo, emprego ou renda”, concluiu Bittioli.

Por Wilson Soares e Benigna Soares – Abrajet/PA

Fotos: Wilson Soares

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