O assassinato de Ronilson de Jesus Santos, ocorrido na última sexta-feira (18/4) no município de Anapu (PA), volta a expor a violência crescente em áreas de conflito agrário na Amazônia. Ronilson era uma das principais lideranças do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Virola Jatobá — assentamento criado em 2005 por iniciativa da missionária Dorothy Stang, também assassinada por denunciar grilagem e desmatamento ilegal na mesma região.
Vinte anos depois, a morte de Ronilson reforça a permanência de um cenário de insegurança para trabalhadores e defensores da reforma agrária na região.
Ronilson presidia a associação do assentamento e era dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Contraf Brasil). Quatro dias antes de sua execução, ele gravou um vídeo denunciando a presença de pistoleiros armados e fazendeiros em áreas do assentamento. A gravação circulou entre movimentos sociais e sindicatos, que agora cobram rigor na apuração do crime.
A Polícia Civil informou que o caso está sendo conduzido sob sigilo pela Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), com sede em Altamira. A Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) deslocou equipes especializadas para a região e afirmou que ações integradas entre as polícias Militar e Civil buscam identificar os responsáveis.

Ronilson não estava incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.
Em Brasília, o caso gerou reação imediata. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, solicitou a inclusão do PDS Virola Jatobá no programa federal de proteção. Já a ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, foi acionada para acompanhar as providências.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), que divulgará nesta semana seu relatório anual sobre conflitos no campo, lamentou o ocorrido e reforçou que o Pará permanece entre os estados com maior número de assassinatos no meio rural.