O triplo assassinato da família Buchinger, ocorrido em Altamira, sudoeste do Pará, completa uma década em 2026 sem que os acusados tenham sido julgados no Tribunal do Júri. O caso expõe a morosidade do sistema judicial brasileiro e levanta questionamentos sobre impunidade, mesmo diante de evidências concretas.
Os fatos
Na madrugada de 6 de janeiro de 2016, a residência da família Buchinger, que também funcionava como loja — a Kiara Modas, boutique de roupas localizada na Rua Anchieta, bairro Sudam I —, foi palco de um crime brutal. Luiz Alves Pereira, Irma Buchinger Alves e Ambrósio Buchinger Neto foram assassinados por asfixia. Investigadores apontam que cadarços foram usados para estrangular as vítimas, enquanto suas bocas foram lacradas com fita adesiva.
No mesmo local, os filhos Henrique e Chiara Buchinger Alves estavam trancados. Após a ação, conseguiram escapar pulando pela janela do banheiro e acionando a polícia. Nada de valor foi levado, reforçando que a motivação não foi financeira, mas sim pessoal e planejada.
Motivação do crime
Segundo as investigações, Henrique Buchinger Alves seria o suposto mandante do crime, contratando os assassinos com promessa de pagamento de R$ 40 mil. O objetivo era eliminar os pais e o irmão Ambrósio, enquanto Chiara foi poupada e mantida como álibi para Henrique.
O crime foi considerado homicídio triplamente qualificado, com elementos de frieza, meio cruel (asfixia) e promessa de recompensa, indicando que se tratou de um planejamento premeditado.
Envolvidos e denúncias
Suposto mandante:
• Henrique Buchinger Alves
Acusados de serem os executores:
• Matheus de Oliveira Costa (“Mathezinho”)
• Anderson Góes Moraes (“Galego”)
• Aguinaldo Soares de Brito (“Andrade”)
• Francisco Denis de Oliveira Leite
• Renato Silva e Silva
• Maycom Irlan Paiva de Souza (“Rato”)
Além do homicídio, os executores foram denunciados por roubo triplamente qualificado, referente a pertences de Chiara.
Prisões, liberdade e morosidade judicial
Após o crime, prisões temporárias foram decretadas, e Henrique foi detido em Goiânia em 20 de janeiro de 2016, sendo transferido ao Pará.
Em junho de 2018, o então ministro Marco Aurélio Mello, do STF, concedeu habeas corpus liminar, alegando prisão preventiva por tempo excessivo (mais de dois anos), beneficiando também os outros seis acusados.
O Ministério Público recorreu, alertando que a liberação poderia prejudicar a instrução criminal, influenciar depoimentos e comprometer a coleta de provas. Anteriormente, em março de 2017, o STF, por meio do ministro Edson Fachin, havia negado seguimento ao habeas corpus de Henrique, mantendo sua prisão preventiva com base em interceptações telefônicas, buscas e depoimentos.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) pronunciou Henrique e os demais réus como acusados de homicídio triplamente qualificado, habilitando o processo para o Tribunal do Júri, mas a tramitação judicial ainda não chegou à fase de julgamento.
Reações e recursos
O Procurador-Geral do Pará recorreu, apontando risco à instrução criminal e possibilidade de interferência em depoimentos.
Em março de 2017, o STF, por meio do ministro Edson Fachin, negou seguimento a HC impetrado para Henrique, mantendo a prisão preventiva baseada em provas como interceptações telefônicas, buscas e depoimentos.
Pronúncia e conexão de crimes
Em decisão judicial posterior, o STJ pronunciou Henrique e os demais como réus por homicídio triplamente qualificado (com elementos como promessa de recompensa, asfixia e recurso que dificultou defesa) e, além disso, os outros três executores também foram pronunciados por roubo triplamente qualificado (em razão do celular de Chiara), o que os sujeita ao Tribunal do Júri.
Impacto e repercussão
Apesar de provas robustas, como interceptações, confissões e laudos periciais, nenhum acusado foi julgado. Essa demora gera sensação de impunidade e afeta a confiança pública no sistema judicial, especialmente em casos de alta repercussão e brutalidade.
Familiares e advogados apontam que a lentidão processual impede a reparação simbólica e material às vítimas. Para a sociedade, o caso se tornou um símbolo das fragilidades da Justiça criminal brasileira.
Fonte: Roma News






















