O pagamento das duas parcelas do décimo terceiro vai injetar R$ 4,5 bilhões na economia paraense até final de 2021 e quase duas milhões de pessoas serão beneficiadas. Trabalhadores do mercado formal representam 63% desse total (1.199.923 pessoas), enquanto aposentados e pensionistas são 37% (704.771 pessoas). Os números foram levantados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), que detalha ainda: o valor médio a ser pago ao conjunto de trabalhadores gira em torno de R$ 2.163,27; já a média em relação à previdência, o valor médio a ser pago no Pará foi estimado em R$ 1.136,37.
Para o cálculo do pagamento do 13º salário em 2021, foram reunidos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Previdência. Também foram consideradas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Foram considerados todos os assalariados com carteira assinada, empregados no mercado formal, nos setores público (celetistas ou estatutários) e privado, que trabalhavam em dezembro de 2019, e o saldo do Novo Caged de 2020 e 2021 (até agosto). Aposentados e pensionistas ficarão com 26,4% do montante total; já os trabalhadores formais representam 73,6% do valor total injetado na economia. Empregados domésticos com carteira assinada representam apenas cerca de 0,5%. Todos esses recursos, de acordo como Dieese, devem ser utilizados para cobrir dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos, entre outras.
Também vale lembrar que parte deste dinheiro já foi recebida e que as duas parcelas representam cerca de 2,2% do PIB estadual. A bancária Marcela Sarmanho é uma das trabalhadoras que recebe de duas vezes o décimo terceiro salário. Ela conta que, normalmente, aproveita para pagar parte do 13ª da funcionária doméstica que mantém em casa, além de antecipar parcelas de empréstimos pessoais que, por mais que façam parte do orçamento fixo e mensal, podem ser adiantadas.
“Eu aproveito para antecipar algumas parcelas com essa primeira parte do décimo. A segunda geralmente utilizo para comprar presentes de Natal para a minha família, minhas duas filhas, tenho dois enteados, além do marido, pai, irmã, cunhado, sobrinho, que é o meu afilhado. Além de que sempre gosto de presentear a minha funcionária doméstica, porque ela participa da formação das minhas filhas, passa o dia com elas, organiza a alimentação das crianças junto comigo, a rotina de atividades físicas, de lazer, tudo”, relata.
A funcionária de um quiosque de acessórios e artigos de decoração localizado dentro de um shopping no bairro Mangueirão, Amanda de Oliveira, vai receber pela primeira vez o décimo terceiro, porque é o primeiro emprego de carteira assinada. Aos 24 anos, ela mora sozinha e está há nove meses no cargo de vendedora. “Então, os meus planos são comprar os móveis da minha casa. Me separei e estou recomeçando, é um meio de eu conseguir comprar algo, já que não tenho cartão de crédito, aí tenho que comprar tudo à vista. Quero comprar sofá, armário, sei que não vai dar para comprar tudo, mas essa primeira parte já vou comprar logo algo, porque dinheiro na mão de pobre é difícil de segurar, então é melhor focar em algo logo”, conclui.
O dono do quiosque, Alan Lyma, conta que a sua expectativa é a melhor possível com relação aos clientes. “Por conta do que a gente vem sentindo, desde o início da pandemia, em que as pessoas eram obrigadas a ficar dentro de casa, espero que esse dinheiro venha para nós. A gente está repondo estoques, comprando mercadoria, tanto para a primeira parcela que as pessoas estão recebendo, quanto para o Natal. Eu já fiz as compras do Natal, só esperando chegar. Tinha duas funcionárias, mas já contratei mais uma para o final de ano, porque meu faturamento vai de R$ 40 mil para R$ 110, R$ 120”, explica.
O economista Nélio Bordalo orienta: para quem estiver recebendo parte do décimo agora, é importante listar prioridades. “Caso tenha dívidas, procurar pagar ou abater para negociar, especialmente as que possuem taxas de juros mais altas, como cartão de crédito e cheque especial. Se tiver com a vida financeira tranquila, colocar no investimento que já possui no banco, ou também reservar o 13º para ajudar a pagar as dívidas em janeiro de 2022, como compras de cartão, gastos com festas, IPTU, material escolar”, concluiu.
Brasil
O Dieese também divulgou números nacionais: até o final de 2021, deverão ser injetados na economia brasileira cerca de R$ 233 bilhões em consequência do pagamento do 13º salário, o que representa aproximadamente 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Serão 83 milhões de brasileiros beneficiados, sendo cerca de R$ 51 milhões (61,3%) trabalhadores formais. Os empregados domésticos com carteira de trabalho assinada somam cerca de 1,3 milhão, equivalendo a aproximadamente 1,6% do conjunto dos beneficiários. Já os aposentados e pensionistas da Previdência Social (INSS) receberão cerca de R$ 32,3 milhões, aproximadamente 38,7% do total.
Região Norte
Os dados analisados mostraram ainda que, mais uma vez, quase a metade dos recursos do 13º salário deste ano – cerca de 49,3% do montante total de cerca de R$ 233 bilhões – deverá ficar nos estados da Região Sudeste, que concentra também a maior parte dos empregos formais, aposentados e pensionistas. No Sul devem ser pagos cerca de 17,2% do montante, enquanto ao Nordeste serão destinados 15,4%; já no Centro Oeste fica aproximadamente cerca de 8,6%, e a Região Norte, mais uma vez, ficará com a menor parcela, cerca de 4,8% do montante a ser pago.
Ainda segundo o estudo do Dieese, o valor médio nacional a ser pago pelo 13º salário foi estimado em R$ 2.538,79. Para este ano, o maior valor médio deve ser pago no Distrito Federal, com o valor de R$ 4.777,44, e o menor no Maranhão, com o valor médio de R$ 1.839,87.
Fonte: O Liberal
