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Embaixador da ONU chega ao Pará para tratar de ações de combate da hanseníase

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Em visita oficial no Brasil, Yohei Sasakawa, embaixador da Boa Vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Eliminação da Hanseníase, visitará o Pará nesta terça-feira, 2.

O embaixador vem constatar como funciona a estrutura de atenção básica de saúde e as unidades de referência no combate à doença, como a URE Marcelo Cândia, em Marituba e os problemas enfrentados nas duas colônias de ex-hansenianos, que funcionavam no Pará, localizadas no Prata, em Igarapé Miri, e em Marituba.

Em visita ao Pará, em 2013, o embaixador Yohei Sasakawa cobrou do governo estadual a viabilização de mais ações de prevenção à hanseníase. Ele lembra o aspecto histórico da hanseníase e ressaltou que a doença deixa sequelas  que reforçam o estigma da discriminação.

O embaixador ressalta que hanseníase tem cura, que os remédios são distribuídos gratuitamente no sistema de saúde pública brasileiro, portanto, se o diagnóstico for antecipado, não há porque o paciente sofrer com as sequelas. Sasakawa considera surpreendente que o Brasil, um país com tantos avanços, ainda não tenha erradicado a hanseníase.

Os números da hanseníase no Brasil ainda sao preocupantes, pois é o país com o maior número de casos novos de hanseníase (em relação à população) no mundo. A Índia registra um maior número absoluto de casos anuais, mas possui uma população cinco vezes maior que a do Brasil.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 25.218 novos casos da doença em 2016 e 26.875 em 2017. Muito acima dos índices máximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde.

 

Visita do embaixador poderá ajudar na reparação histórica de filhos de hansenianos 

Há expectativa em relação à visita de Yohei Sasakawa ao Brasil no que se refere à indenização e o reconhecimento de crime de estado contra as pessoas que foram isoladas em colônias até a década de 1980, conquistados por meio da lei 11.520. Hoje, um dos desafios é ampliar este olhar aos filhos que foram separados de seus pais, que viviam nas antigas colônias, em uma época em que a doença já tinha cura e tratamento, outro assunto que será apresentado à ONU durante a visita do embaixador.

Na Assembleia Legislativa do Pará tramita um projeto de lei, que trata de indenizações aos filhos separados. “O Brasil manteve as pessoas sendo segregadas e excluídas, manteve os filhos sendo separados dos pais, mesmo após a descoberta da cura e as inúmeras recomendações mundiais para suspensão do isolamento. Isso por conta de uma sociedade que ainda mantém um preconceito e um estigma bastante forte, que tende a separar e isolar tudo o que é diferente”, ressalta o coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio.

No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610, de 13 de janeiro de 1949, recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase em colônias, chamadas à época de leprosários. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês de pais com hanseníase à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta situação perdurou até 1986, quando os antigos hospitais colônias foram transformados em hospitais gerais. “Os muros foram derrubados, os portões abertos, mas a luta pelo reencontro destas famílias ainda continua”, revela Custódio.

A estimativa é de que cerca de 10 mil brasileiros ainda busquem os seus familiares, separados pelo isolamento compulsório de pacientes com hanseníase. Um trabalho importante realizado nesta área é a mobilização feita pelo Morhan para a aprovação de legislação que garanta a indenização dos filhos que foram separados de seus pais, conforme recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Artur Custódio afirma que a vinda do embaixador da ONU ao Brasil é muito aguardada, não só pelo resgate histórico de tudo que aconteceu e ainda acontece em termos de discriminação, mas também porque o Brasil é o primeiro lugar do mundo em incidência de novos casos da doença, mas também para impulsionar as autoridades públicas para que façam seu papel no enfrentamento do estigma e da doença.

Agenda – O Embaixador da ONU, Yohei Sasakawa, chega a Belém e Marituba nesta terça-feira, 2, onde participará de audiências com movimentos sociais e organizações da sociedade civil organizados com o apoio do Morhan.

Ele se reunirá também com o Secretário Estadual de Saúde, Alberto Beltrame, nesta manhã e de uma audiência com o governador Helder Barbalho, à tarde.

Depois Sasakawa seguirá para Marabá, no sudeste do Estado, onde assinará o projeto de lei que garante uma cesta básica para pessoas em tratamento contra a hanseníase. O município foi escolhido por ser a cidade com uma das maiores incidências de novos casos no Pará.

Portal Roma News

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