Rene da Silva Pinheiro, 33, foi condenado a 32 anos de prisão em regime fechado pela 4ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, nesta quarta-feira (25), por ser mandante da morte do sargento da Polícia Militar, Josevaldo Andrade da Silva, em maio de 2019. A acusação aponta que Rene, conhecido como “Feio” tinha o cargo de “Disciplina Final” na hierarquia do Comando Vermelho no Distrito de Outeiro.
As investigações apontaram que o crime foi para vingar a morte de Carmonisia Alda Leão de Oliveira, idosa assassinada uma semana antes por grupo de milicianos atuantes na Ilha, do qual o policial militar integrava. A idosa seria parente de integrantes do Comando Vermelho.
Os jurados reconheceram a responsabilidade criminal do réu, votando por maioria na condenação. A pena aplicada é por três crimes: homicídio triplamente qualificado, furto da bolsa com pertences da vitima após ser executada, e formação de milícia ou grupo paramilitar.
Após a leitura do veredito pelo juiz, o réu pediu para abraçar a mãe e a irmã, que não as via há quatro anos.
“Senhor, senhor deixe eu ver minha irmã que está aí e eu só quero abraçar minha irmã, que não vejo há mais de 4 anos senhor”.
O juiz, Claudio Hernandes Silva Lima autorizou o abraço de Rene às familiares, que acompanharam o julgamento desde o início, sob supervisão de policiais penais.
Relembre o caso
O sargento da Polícia Militar, Josivaldo Andrade da Silva, 49 anos, foi atingido por oito tiros quando chegava em casa, no distrito de Outeiro, por volta de 22h30, no dia 14 de maio de 2019. Ele servia ao Batalhão Ambiental há 28 anos.
Testemunhas afirmaram que o sargento estava voltando para casa, quando foi abordado por três homens. Eles teriam levado a arma do PM e fugido do local.
De acordo com a perícia, quatro disparos atingiram a cabeça da vítima. O policial chegou a ser levado para a unidade de saúde de Outeiro, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte do sargento foi a 17ª em 2019, ano que registrou 40 crimes de homicídio contra agentes de segurança pública, sendo 28 consumados e os demais tentados, de acordo com as informações do promotor do caso, Samir Dahás.
Polícia investigava outro crime quando encontrou troca de mensagens que determinava morte de policial
A Polícia chegou aos envolvidos através de interceptações telemáticas e de mensagens em grupos de integrantes do Comando Vermelho.
Em interrogatório, o réu negou qualquer participação no homicídio do policial, informando que não o conhecia e não tinha nenhuma relação de amizade com os demais participes no crime.
Além do acusado outros dois envolvidos na execução do policial já foram julgados em sessão anterior e foram absolvidos.
Ricardo Barbosa Macedo, 25 anos, e Marcilene do Socorro Barbosa Macedo, 43 anos, mãe de Ricardo, foram absolvidos nos crimes de homicídio e furto, porém foram condenados por formação de milícia privada e organização paramilitar, e pegaram pena de cinco anos e cinco meses, cada um, em regime semi aberto. O promotor do júri recorre da absolvição pelos dois primeiros crimes.
Durante a sessão, o delegado Davi Rocha, além do investigador Fernado Pimentel e mais dois policiais militares foram ouvidos no júri. Nenhuma das testemunhas da defesa compareceu para depor à favor do acusado.
O delegado informou que as investigações apontaram para o grupo após as interceptações de telefones apreendidos na cadeia para investigar outro crime, e nas mensagens trocadas entre os integrantes, o bando, de dentro da cadeia, planejou e distribuiu as funções para cada integrante, para matarem um policial, e assim demonstrar a força da organização criminosa para vingar o assassinato de uma mulher ligada ao bando. A vítima poderia ser qualquer policial, além da subtração da arma do militar.
O defensor público que defendeu Rene no processo sustentou a negativa de autoria do crime e afirmou que ele foi apontado apenas por suspeita em grupo de WhatsApp.
Já a acusação, por meio da Promotoria, argumentou que o crime foi a mando do réu, que à época estava preso cumprindo sentença condenatória – Rene já foi julgado e condenado por outros crimes envolvendo assalto e tráfico de drogas -.
A promotoria destacou que o réu, embora estivesse preso, ocupava posto de comando na hierarquia da facção e determinou a morte da vítima para vingar a morte da idosa, e com uso de aparelho de telefone celular passou as ordens para executar o policial. Os aparelhos de telefonia foram apreendidos durante intervenção nas cadeias.
Fonte: G1 Pará