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Para evitar apagões, governo propõe redução no consumo de energia

Com a promessa de uma compensação financeira para os empreendimentos optantes, o governo estima que estes reduzam de quatro a sete horas o seu consumo diário

Foto: Divulgação
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O Ministério de Minas e Energia lançou, na última segunda-feira, 2, um programa que visa reduzir o consumo de energia elétrica no País, por parte das grandes empresas. Com a promessa de uma compensação financeira para os empreendimentos optantes, o governo estima que estes reduzam de quatro a sete horas o seu consumo diário. A iniciativa é reprovada por grande parte dos empresários paraenses, que chamam a alternativa de “ineficaz” e “inviável”. Para eles, o programa pode brecar a retomada dos setores econômicos, a partir da redução de jornadas de trabalho, comprometendo, inclusive a empregabilidade.

O objetivo é diminuir os riscos de apagões que são constantes no período do fim do ano, época em que há o maior consumo de energia no Brasil, como uma forma de compensar a alta contínua do preço da energia causada pela contratação de usinas térmicas.

As empresas que aderirem ao projeto precisarão informar para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) o interesse, juntamente com os dados de economia de energia, uma vez que só poderão participar aquelas que registrem grande consumo de energia elétrica, além que informar também a quantia que desejam receber como compensação. 

O programa elaborado pelo governo busca a racionalização do consumo de energia elétrica, de maneira que se economize grandes quantidades de energia e um dos setores que mais consome energia no Brasil é o industrial, por isso o foco são as grandes empresas, principalmente as indústrias, que poderão ou não aderir a solução proposta pelo Ministério. 

Conforme explica o presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Clóvis Carneiro, o programa pode atingir negativamente a economia paraense. “Por outro lado, temos a questão dos trabalhadores que, por terem menos horas ou turnos de trabalho, poderão ter sua jornada de trabalho reduzida ou, até mesmo suspensa. Além disso, a adoção do programa poderá diminuir o ritmo da retomada do emprego”, alerta.

Segundo ele, é contraditório a Amazônia gerar tanta energia oriunda das águas e ainda sim, pagar uma das tarifas mais caras do País. “É um contrassenso termos um potencial hidrelétrico na Amazônia de 174GW e estarmos sujeitos a tarifas mais caras pelo uso de termelétricas muito mais poluidoras do que a energia hídrica. Isso está acontecendo porque o Brasil optou, desde o início do século, por construir hidroelétricas sem lagos de acumulação de água. Por exemplo, a hidroelétrica de Tucuruí tem lago de acumulação com capacidade para até três anos de estiagem e está com seu volume hídrico em 95,74%”, explica o presidente Carneiro.

Para o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), José Maria Mendonça, o programa do governo é ineficaz e mesmo com a promessa de uma possível compensação financeira, a instituição não acredita que essa seja a solução para resolver as questões dos apagões de final de ano. “Essa medida é um paliativo que não resolve nada. Nós temos que  enfrentar esse problema de frente. Eu nunca consegui ver o governo manter as palavras sobre qualquer compensação financeira. Portanto, o que precisamos é trabalhar com o que é real”, declara. 

Ainda segundo Mendonça, há outras formas de resolver o problema energético do País com soluções mais efetivas e duradouras. “O governo diminuiu os lagos reservatórios de energia hidroelétrica. Belo Monte poderia estar gerando dois mil megawatts de energia constante por  mês a mais, porém diminuíram os lagos e agora estamos sentindo o efeito de uma somatória de erros, essa é uma solução simplista e completamente equivocada. O caminho é melhorarmos o rendimento das nossas hidroelétricas, continuarmos fazendo complexos hidroelétricos, trabalharmos mais na energia eólica e fotovoltaica”, expõe.

Para o setor do comércio, o programa não é viável. O presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, alega que a organização deixará a critério de cada empresário a adesão ou não ao projeto da forma que está sendo proposta pelo governo Federal, mas ele não vê meios de isso ser viável para o comércio de supermercados. “Não acreditamos na adesão do programa, porque não temos como fechar para o público. A gente não pode fechar as portas para desligar a energia, também não teria como desligar as câmaras frigoríficas, porque estraga os produtos. O que recomendamos é que diminua o máximo possível o consumo de energia, reduzindo o número de lâmpadas, desligando pelo menos por meia meia hora o ar-condicionado, algumas vezes durante o dia, quem funciona até às 22h que possa começar a desligar antes do fechamento os ares-condicionados, por volta das 20h”, recomenda.

Fonte: O Liberal

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