Nesta quinta-feira (21) é comemorado o Dia Mundial da Paz no Trânsito, data que chama atenção de toda a sociedade para as as práticas que contribuem para um trânsito menos violento e, consequentemente, mais seguro. No Pará, entre 2019 e 2021, aconteceram quase 88 mil acidentes e um total de 3.964 pessoas perderam a vida, segundo dados do Departamento de Trânsito do Estado (Detran/PA). Nas ruas, tanto pedestres, quanto motoristas, ciclistas e motociclistas se sentem inseguros.
A dona de casa Marlene Silva, de 57 anos, anda diariamente pelas ruas do bairro do Marco e sempre atravessa a avenida João Paulo II com cautela. Ela conta que é muito comum o pedestre não ser respeitado nas vias: “os veículos invadem nosso espaço. Quando a gente vai caminhar, atravessar, eles ficam muito perto. Principalmente as motos”, relata.
Quem também sente o perigo é o cozinheiro Lorival Cardoso, que há 22 anos trafega de bicileta. Ele destaca a falta de estrutura urbana e de educação dos motoristas como os grandes problemas: “Vários lugares em Belém não tem ciclofaixa e as pessoas são mal-educadas, principalmente esses apressados, que passam o sinal. A gente tem que ter uma educação de trânsito melhor”, afirma.
Por sua vez, motociclistas também se sentem vulneráveis. Fábio Palheta, que há 16 anos trabalha como mototaxista, em São Brás, aponta a falta de responsabilidade de todos em prol da segurança e diz que o problema seria menor se houvesse fiscalização. Esta também é a opinião do motorista Luiz Pinheiro, que é taxista há 43 anos: “Hoje está mais complicado do que antes. Tem muito engarrafamento e a fiscalização de trânsito é o que nós não temos”.
De acordo com o diretor técnico operacional do Detran Pará, Bento Gouveia, a fiscalização existe, mas ela, sozinha, não dá conta de garantir um trânsito pacífico: “A gente fiscaliza, mas o ideal é que as pessoas consigam melhorar esse trânsito a partir da educação e da parceria entre todos os componentes do sistema: motorista, ciclista, motociclista, pedestre, motorista de caminhão etc.”, afirma.
Bento conta que o órgão tem apostado em estratégias para promover a mudança no comportamento dos condutores e, assim, combater a insegurança no trânsito: “Realizamos um projeto chamado Educação para o Trânsito em Todo o Pará, que leva informações a todos os municípios. Já estamos alcançando o 97º município do estado e, até o fim do ano, a meta é alcançar todo os 144”.
Uma cultura de paz no trânsito depende de educação de base
De acordo com o bacharel em Direito e especialista em Mobilidade Urbana e Trânsito, Rafael Cristo, o trânsito é uma responsabilidade coletiva e por isso a solução precisa do envolvimento tanto das instituições, quanto do cidadão. Ele aponta que uma cultura de paz no trânsito precisa ser implantada desde as bases da educação:
“O ideal é que o processo habilitatório fosse a complementação de um ensino fundamental ou médio no qual o aluno tivesse contato com educação teórica e de comportamento no trânsito, chegando aos 18 anos com conhecimento de regras. Na habilitação, a pessoa se condiciona a passar no exame e não a entender e dirigir de forma segura. Além disso alguns exames, como psicotécnico, precisam ser aprimorados”, afirma.
Rafael explica que, geralmente, as pessoas extravasam suas frustrações no trânsito e geram situações desnecessárias. Para um trânsito mais seguro, ele orienta: “A gente deveria evitar discussões e se colocar no lugar do outro, porque o importante é não dirigir para nós, mas dirigir para o outro”.
Número de acidentes e mortes nos últimos três anos
2019
Acidentes: 30.666
Mortes:1.322
2020
Acidentes: 30.801
Mortes: 1.438
2021 (contabilizados só até novembro)
Acidentes: 26.457
Mortes: 1.204
Fonte: O Liberal com informações do Departamento de Trânsito do Estado (Detran/PA)