O índice de cobertura vacinal contra a poliomielite cresceu no Pará desde o último ‘Dia D’ da campanha de vacinação contra a doença, ocorrido em 22 de outubro deste ano. Segundo o último levantamento da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa), contabilizado até o dia 31 daquele mês, o crescimento foi de cerca de 20%, atingindo a marca de 67,79% das crianças de 1 a menores de 5 anos vacinadas. Ainda assim, o Pará é classificado como em risco ‘muito alto’ para o retorno da pólio, uma vez que a meta de imunização é de 95%.
Dados mais recentes de cobertura vacinal (de novembro em diante) ainda não foram totalmente contabilizados pelo Estado, que aguarda o repasse de informações dos municípios, porém, mesmo diante do último parâmetro, o risco de retorno da doença – que ainda é considerada erradicada no Pará, assim como no restante do Brasil –, é considerado grande, conforme aponta a enfermeira e técnica do Grupo Técnico das Paralisias Flácidas Agudas e Poliomielite da Sespa, Bárbara Gadelha.
“O Pará está em risco muito alto de reintrodução da poliomielite. A gente tem essa noção porque a gente já realizou a matriz dessa variação do risco, considerando também a cobertura vacinal que está baixa no momento, e ainda não é o desejado, mas a gente está avançando aos poucos”, avalia.
Bárbara diz que, desde que o Ministério da Saúde apresentou o plano nacional de combate à poliomielite, no último dia 19 de novembro, o Pará tem feito sua parte com a elaboração de um plano de mitigação dos riscos de retorno da doença. Esse plano inclui um panorama sobre a vacinação e a força-tarefa de capacitação dos profissionais de saúde de conscientização do grande público sobre a importância da vacina para prevenir a pólio:
“Nós estamos ainda em andamento com o plano de mitigação, mas acredito que até o final de dezembro a gente consiga finalizar. Até o momento, estão sendo colocados os dados de cobertura vacinal de 2022 para que a gente veja, de forma mais clara, o risco de reintrodução do vírus. Mas a gente já tem dado todo o apoio aos municípios com capacitações para que eles também estimulem sua população a vacinar”.
Especialista da Sespa garante que cobertura vacinal do Estado ainda não assegura contra o retorno da doença. (Camila Guimarães / Especial para O Liberal)
Conscientização dos responsáveis é fundamental
Bárbara ressalta que, como se trata de uma imunização infantil, é imprescindível a conscientização dos pais e responsáveis para o sucesso de qualquer campanha. Ela alerta que a poliomielite é uma das principais causas de paralisia infantil, sequela irreversível, mas que pode ser prevenida seguindo a caderneta vacinal da criança e indo aos postos de saúde para checar se o esquema vacinal está em dia.
Ainda segundo o balanço fechado até 31 de outubro, o Pará estava abaixo da meta em cobertura vacinal em todas as faixas etárias que podem se imunizar contra a poliomielite: apenas 75% das crianças até um ano haviam sido vacinadas; 61% das crianças até dois anos; até três anos, 63% de público e, até quatro anos, 72%. Bárbara reforça as formas de vacinação em todas essas idades:
“A vacinação contra a poliomielite é feita em duas etapas: a injetável, que é a VIP, voltada para crianças de dois, quatro e seis meses e o acompanhamento com a vacina em gota, que deve ser ministrada aos 15 meses e aos quatro anos de idade”.
Todo caso de paralisia precisa ser investigado
A enfermeira da Sespa também comenta sobre um caso suspeito de poliomielite no Pará que foi mencionado pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, em uma entrevista no mês passado. Bárbara Gadelha destaca que o caso não foi confirmado para poliomielite, mas se tratava de outro tipo de Paralisia Flácida Aguda – PFA.
“A PFA é toda a paralisia em menores de 15 anos de idade que evolui em até três dias. Por exemplo, a criança está normal hoje, mas, a partir de amanhã ela começa a sentir uma dor na perna, no outro dia ela começa a ficar com o membro flácido e depois ela perde o movimento desse membro. Ela pode ser causada por poliomielite, mas também pode outras doenças, por isso é importante o diagnóstico dessas paralisias”, explica a especialista.
Bárbara orienta que qualquer paciente menor de 15 anos que apresente paralisia em algum membro busque a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para que seja encaminhado a um hospital, onde deve ser internado e dado início ao processo de investigação da doença. Ela informa que o exame é realizado por meio da coleta de fezes e precisa ser feito em 14 dias desde a deficiência motora.
Fonte: O Liberal