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Produção industrial do Pará despenca 12,8% no primeiro mês de pandemia da covid-19

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A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) interferiu diretamente para que a  atividade industrial do Pará registrasse queda intensa de 12,8% na passagem de fevereiro para março. Segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada ontem (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse é o maior recuo para o mês de março já anotado no Estado desde o início da série histórica, em 2002. Considerando todos os meses ao longo destes anos, só foram anotados decréscimos maiores em outras duas oportunidades, em abril de 2013 (-15,6%), e em abril do ano passado, quando a produção despencou 31,0%, devido as paralisações na produção do setor extrativo por causa de riscos de rompimento de barragens de mineração, como a que aconteceu no inicio de 2019 em Brumadinho (MG).

Considerando os primeiros três meses do ano, a produção industrial do Estado acumula perdas de 3,9%, um resultado 0,8% inferior ao primeiro trimestre do ano passado (-2,9%).  Na comparação anual (em relação a março de 2019), a indústria do Estado registrou queda ainda mais acentuada: -2,4%. Em março do ano passado, a indústria paraense anotou variações -8,5% no mês e de -12,4% na base anual. Já em doze meses (entre março de 2019 e março de 2020), o resultado aponta recuo de 1,3% ante a alta expressiva de 7,3% nos doze meses diretamente anteriores.

A indústria extrativa do Estado contribuiu fortemente para a queda da produção local, com redução de 4,1% em relação a março de 2019 e acumulado no ano de -2,2% na comparação com os mesmo três meses do ano passado. Também destacam no Pará as reduções dos produtos alimentícios, com retração de 4,4% em relação ao mesmo período de 2019 e de 11,1% na comparação com ao último trimestre; de bebidas, com respectivas retrações de -36,5% e de -5,3%; e de produtos de madeira, com -13,4% e -2,4%. Já as atividades voltadas a celulose, papel e produtos de papel anotaram em março alta de 14,0% na comparação mensal e redução acumulada entre janeiro e março de 3,9%. Na outra ponta, a indústria metalúrgica deu um salto nessas duas análises: 47,9% em março e 62,3% no trimestre.

O desempenho das indústrias do Estado foi o quarto pior do País na passagem de fevereiro para março, influenciando diretamente para a redução nacional de 9,1%. Essa, inclusive, foi a primeira vez em oito anos que todas as 15 localidades recuaram, já que o estado do Mato Grosso entrou na pesquisa somente em 2012. O mais próximo desse resultado aconteceu em maio de 2018, com a greve dos caminhoneiros, que derrubou a produção industrial em 14 dos 15 locais – nesta ocasião só o Pará registrou taxa positiva. “Os dados de março são efeitos diretos do isolamento social que afetou o processo de produção no Brasil”, explica o analista da pesquisa, Bernardo Almeida. Ele lembra que, no formato antigo, com 14 locais, a única queda generalizada ocorreu em novembro de 2008, por consequência da crise financeira global.

Por concentrar mais de um terço (34%) da indústria nacional, São Paulo foi o local que mais influenciou para o resultado nacional de março (-9,1%), com queda de 5,4%. Essa foi a segunda taxa negativa do estado consecutiva, acumulando em fevereiro e março perda de 6,6%. Duas atividades contribuíram para essa queda: veículos, um dos setores que mais atua no estado, e bebidas. Também ajudaram a diminuir a média nacional os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que apresentaram recuos de 20,1% e 17,9%, respectivamente. O Ceará, com -21,8%, foi o local que apresentou o maior recuo em termos absolutos, mas apenas o sétimo em termos de influência direta.

Na sequência surge o Pará, o Amazonas (-11%) e toda a Região Nordeste (-9,3%) que apresentaram recuos mais intensos do que a média nacional (-9,1%). Já Pernambuco (-7,2%), Espírito Santo (-6,2%), Bahia (-5,0%), Paraná (-4,9%), Mato Grosso (-4,1%), Goiás (-2,8%), Rio de Janeiro (-1,3%) e Minas Gerais (-1,2%) tiveram índices negativos abaixo da média do país. Na comparação com março de 2019, a indústria nacional teve queda de 3,8%, sendo que 11 dos 15 locais pesquisados mostraram resultados negativos. “As consequências da pandemia do novo coronavírus ficam ainda mais claras nessa comparação, já que o chamado ‘efeito-calendário’ foi positivo em março de 2020, que teve 22 dias úteis, três a mais que 2019”, ressalta Bernardo.

Novamente, São Paulo influencia bastante o resultado, com 4,2% de queda. No estado, houve recuo em 14 das 18 atividades. A taxa negativa foi puxada principalmente pela queda da produção de automóveis e outros equipamentos de transporte, como a produção de aviões. Também contribuíram para o resultado negativo os estados de Santa Catarina (-15,6%), Espírito Santo (-14,2%), Rio Grande do Sul (-13,7%), Ceará (-10,5%) e Pará. Por outro lado, Rio de Janeiro (9,4%) e Bahia (5,8%) mostraram os avanços mais intensos na comparação de março de 2020 com março de 2019. No Rio de Janeiro, 10 das 14 atividades apresentaram crescimento. “O resultado no Rio de Janeiro foi impulsionado, em grande parte, pela alta nas atividades de indústrias extrativas (óleos brutos de petróleo e gás natural) e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (óleos combustíveis, gás liquefeito de petróleo e naftas para petroquímica)”, enumera Bernardo.

Fonte: O Liberal

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