O professor de matemática que vem transformado o ensino de frações numéricas na comunidade ribeirinha Piracãoera de Cima, em Santarém, no oeste do Pará, e viu no ensino da matemática uma forma de estimular os alunos e reduzir os índices de evasão escolar, conquistou o 2º lugar do Prêmio Professor Transformador.
Para Edivanderson Lopes Silva, o sentimento é de felicidade por ter representado a comunidade ribeirinha que enfrenta inúmeras dificuldades, inclusive na área educacional. “Me sinto muito feliz, porque nós professores sabemos das dificuldades da educação na cidade, e principalmente na região ribeirinha, ainda mais quando a gente precisa de recursos, muitas vezes falta energia ou algo relacionado à tecnologia pra mudar o método de ensino, e a gente não pode contar com esses recursos. Então, poder representar a nossa região, apresentá-la para o Brasil e ter nosso trabalho reconhecido é motivo de muita felicidade”, disse.
Edivanderson concorreu na categoria Ensino Fundamental I, do Projeto Plantando Conhecimento, promovido em parceria pela Base2Edu, rede que conecta e fortalece profissionais e iniciativas voltadas à transformação da Educação e pela organização da Bett Educar, evento de educação e tecnologia da América Latina.
“Foi um 2º lugar com sabor de 1º, porque foi um trabalho realizado com dificuldades e poucos recursos comparado ao 1º lugar que utilizou muitos recursos tecnológicos e financeiro, e a gente conseguiu chegar muito longe e levar o nome da comunidade e de Santarém para o Brasil inteiro”, comemorou Edivanderson.
Na sala de aula, Edivanderson percebeu a dificuldade dos alunos em assimilar o conteúdo sobre frações. E essa dificuldade tinha haver com os exemplos mostrados nos livros, que nada se parecem com as situações e os elementos que fazem parte do cotidiano dos estudantes ribeirinhos amazônicos.
Aproximando as frações à realidade local
Para tornar as aulas mais atrativas e facilitar a compreensão dos alunos sobre a matéria estudada, o professor desenvolveu um método de ensino utilizando hortaliças e adubos. O projeto foi dividido em seis etapas.
Na primeira etapa, foi feito o levantamento e identificação de três tipos de hortaliça e quatro tipos de adubos com os quais as dificuldades das famílias eram mais frequentes. E a comunidade colaborou com o projeto doando sementes e adubo
Na segunda etapa, foi feita aquisição de material e a doação pelos pais e com os moradores das sementes e do adubo. A terceira fase foi na sala de aula, onde foram definidas 16 frações para cada hortaliça, num total de 48 frações. Em seguida, os alunos reproduziram essas frações misturando os adubos em cada recipiente.
A etapa seguinte foi de observação. Professor e alunos fizeram o acompanhamento das amostras durante dois meses. A turma analisou o grau de desenvolvimento, qual nasceu primeiro, qual se desenvolveu melhor, entre outros indicadores, todos anotados diariamente.
Na quinta etapa, os dados apurados foram levados para a sala de aula e os alunos trabalharam para encontrar a melhor solução, que seria a fração ideal para o cultivo das hortaliças na comunidade.
E na sexta e última etapa, o resultado foi compartilhado, assim como, as amostras que tiveram resultado positivo. As que nasceram e se desenvolveram foram doadas aos alunos e à comunidade.
Fonte: G1 Santarém