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Protesto de indígenas Xikrin bloqueia acesso ao escritório da Norte Energia, concessionária de Belo Monte, em Altamira (PA)

Indígenas cobram cumprimento de compromissos da empresa, que levariam melhorias às comunidades.

Foto: Reprodução das Redes Sociais
Foto: Reprodução das Redes Sociais
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Em Altamira, no sudoeste do Pará, indígenas da etnia Xikrin bloquearam o trecho em frente ao escritório da empresa Norte Energia, concessionária da usina hidrelétrica Belo Monte.

A manifestação começou pela manhã, na avenida Tancredo Neves, que dá acesso ao aeroporto da cidade. Os indígenas também montaram barricadas com pneus que foram queimados.

Por causa do bloqueio, os funcionários da empresa não foram trabalhar nesta segunda-feira (16 setembro). Moradores de bairros, que ficam mais distantes, também não puderam passar pelo local para ir ao trabalho ou seguir para o centro da cidade.

As lideranças indígenas representam 41 aldeias da Terra Indígena Trincheira-Bacajá. Elas afirmam que a empresa teria deixado de cumprir compromissos que levariam melhorias às comunidades.

Os manifestantes pedem que a Norte Energia faça a revisão do projeto básico ambiental elaborado para atender as comunidades indígenas.

Segundo as lideranças, as aldeias teriam sido impactadas pelo empreendimento, como a dificuldade de acesso pelo rio e a escassez de peixe e caça.

Uma pauta com as reivindicações foi encaminhada à Norte Energia, à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e ao Governo Federal, além do Ministério Público Federal (MPF).

Sobre a alegação dos indígenas de serem “impactados pelo empreendimento, como a dificuldade de acesso ao rio e a escassez de pesca e caça”, a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, mais uma vez esclarece que: 

No âmbito do Projeto Básico Ambiental do Componente Indígena (PBA-CI), a companhia investiu, até o momento, cerca de R$ 1,2 bilhão e executa 42 programas e projetos, aprovados pela Funai em 2012, com destaque em educação, saúde, preservação do patrimônio cultural, atividades produtivas, proteção territorial e ambiental.

A Norte Energia construiu e equipou 56 salas de aula e 31 Unidades Básicas de Saúde Indígena em Terras Indígenas. Além disso, atua na manutenção e recuperação de 500km de vias de acesso, a construção de 17 pistas de pouso e de 354 Sistemas de Esgotamento Sanitário em 15 aldeias e em uma comunidade ribeirinha, a instalação de 79 antenas satelitais para acesso à internet nas aldeias, mantém 170 profissionais de saúde indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Altamira e oferece suporte para diversas atividades voltadas à subsistência e geração de renda para os povos indígenas.   Destacam-se ainda a construção das 11 Unidades de Proteção Territorial (UPTs) nas Terras Indígenas com a contratação das equipes (56 colaboradores) e a estruturação da Coordenação Regional da Funai de Altamira com veículos, embarcações, móveis e equipamentos.

A empresa também estruturou e mantem desde 2015 o Centro de Monitoramento Remoto (CMR) da Funai, que vigia 98% das Terras Indígenas do país, onde vivem 867,9 mil indígenas. A ferramenta monitora e analisa imagens e dados para combater desmatamentos, degradação, incêndios florestais e ocupação e uso criminosos em cerca de 600 Terras Indígenas da Amazônia Legal.  

Vale lembrar que no início da execução do PBA-CI, a população indígena do Médio Xingu estava distribuída em 34 aldeias, com cerca de 2 mil indígenas. Hoje, são 151 aldeias, com 5 mil indígenas, vivendo em um território de aproximadamente 5 milhões de hectares, muito além da área de influência direta do empreendimento. A companhia atua, presencialmente, em todas elas, na execução de seus compromissos. A Norte Energia atende ainda cerca de 3,5 mil indígenas em contexto urbano.

Quanto aos resultados de monitoramentos do Projeto Básico Ambiental (PBA) da usina, sobre os peixes, os estudos conduzidos pela Universidade Federal do Pará (UFPA), demonstram que a maioria das espécies manteve a proporção de peixes maduros ao longo de 12 anos de estudo na região da Volta Grande do Xingu. Algumas espécies tiveram mudanças no padrão de reprodução, cenário previsto no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do empreendimento. Contudo, não ocorreu a extinção de qualquer espécie de peixe nas áreas de influência do empreendimento.

Adicionalmente, ações de mitigação e compensação vêm sendo implementadas no âmbito do PBA como um todo. São elas:  Destinação de recursos à compensação ambiental para proteção e manutenção de sítios reprodutivos e de alimentação da fauna de peixes; Projeto experimental com desenvolvimento de protocolos de reprodução de espécies de peixes nativas do Xingu e de interesse social; Implantação de laboratórios de ecologia e de reprodução de peixes na Universidade Federal do Pará (UFPA); Recomposição da vegetação na Área de Preservação Permanente (APP) de modo a manter os ambientes de reprodução e alimentação; Fortalecimento das ações produtivas com pescadores, entre outras ações visando o desenvolvimento local das populações da Volta Grande do Xingu. 

Para suporte na navegabilidade foram implantadas 11 bases de apoio em locais que, historicamente, muito antes de empreendimento, apresentavam dificuldades de navegação nos períodos de baixa vazão do Xingu, conforme sua sazonalidade. Para atuação nessas bases de apoio, a mão de obra é contratada diretamente de comunidades indígenas e ribeirinhas localizadas no entorno. São cerca de 66 profissionais, entre pilotos e auxiliares, contribuindo também para a geração de empregos na região.  

Além disso, cabe registrar que, como mitigação à implantação do barramento, foi criado um Sistema de Transposição de Embarcações (STE), que funciona de forma ininterrupta desde 2015, permitindo o deslocamento de embarcações na Volta Grande do Xingu, com índice de satisfação cima de 90% – já foram realizadas 17 campanhas de Avaliação de Satisfação dos Usuários do STE. O desempenho do funcionamento do STE é avaliado por meio de indicadores relativos à transposição de embarcações, cargas, pessoas e os tempos médios de transposições. As análises demonstram que os registros de tempo médio de travessia vêm se estabilizando abaixo dos nove minutos, sendo considerado os melhores índices já monitorados desde o início da operação do sistema.

Quanto à revisão do PBA-CI, está previsto no processo de licenciamento a avaliação do que fora estabelecido em 2012. No momento, a companhia inicia a contratação de um estudo com essa finalidade, inclusive, com a efetiva participação dos povos indígenas na construção do novo PBA-CI.

Com informações do G1 Pará.

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