Menu

Sem previsão de abertura do hospital de campanha, os comerciantes de Altamira amargam prejuízos

Continua após a publicidade

Seu Jadecir é proprietário de uma galeria de lojas, no centro comercial de Altamira, no sudoeste do Pará. No início deste mês de junho ele anunciou o fechamento do empreendimento comercial, que gerava emprego e renda para mais de 60 famílias. “De repente a gente vê famílias e mais famílias dependendo daquele trabalho, e a gente não tem como fazer nada. Sempre de mãos atadas”, expressa com tristeza seu Jadecir Cardoso, proprietário da galeria.

Ele não é o único comerciante de Altamira que está sentindo os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia local. Há mais 70 dias que o comércio de Altamira está paralisado, funcionando somente com as atividades essenciais.

Há cerca de duas semanas atrás comerciantes e funcionários chegaram a fazer um protesto na Sete de Setembro, principal rua do comércio em Altamira, para chamar atenção do Poder Público Municipal. Eles alegavam que estão sendo retratados como vilões, por querer reabrir o comércio. “Estamos fechados por falta de remédios e leitos. Estamos sendo os vilões por incompetência do Poder público”, diz um dos cartazes fixados nas portas do comércio.

Com o crescente número de casos confirmados e falta de leitos, a justiça foi mais dura e obrigou a prefeitura a decretar o Lockdown no município, que é o fechamento total de estabelecimentos que não são considerados essenciais. A prefeitura chegou a recorrer da decisão, mas o desembargador não acolheu o recurso e manteve o Lockdown até este domingo, dia 07 de junho.

Em busca de uma solução para a situação da saúde do município e a economia Associação dos Comerciantes de Altamira (ACIAPA), Associação do Consórcio Belo Monte – (ACBM), Prefeitura de Altamira, 10º Centro Regional de Saúde – (SESPA/Altamira) se reuniram na semana passada, através de internet, com o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública da União, e discutiram propostas para a retomada das atividades. Mesmo com toda discussão sobre os prejuízos, ficou claro na reunião que abertura do comércio só será possível depois que município apresentar a estrutura hospitalar que venha a atender de fato a demanda dos pacientes, ou seja, quando tiver leitos disponíveis para atender a população. “Nossos comerciantes estão amargurando dividas, perdendo estoque, e infelizmente ainda não temos uma luz no fim do túnel. O que nós entendemos hoje é que nós não conseguiremos abrir o comércio enquanto não tivermos leitos e UTI’s disponíveis” explicou o presidente da ACIAPA, Odair de Pinho.

Hospital de Campanha

Há mais de 50 dias se fala na construção de um hospital de campanha em Altamira para atender a toda a região. A discussão fez com que o governador Helder Barbalho (MDB) viesse até Altamira no dia 19 de maio. Na época ele assinou um convênio passando a responsabilidade do Hospital à prefeitura local para a construção de um Hospital de Campanha, que terá 60 leitos, sendo 50 clínicos e 10 UTI’s. De acordo com o convênio o empreendimento terá um custo total de R$ 7.056.000,00 (sete milhões e cinquenta e seis mil reais), sendo um repasse por parte do governo do Estado na ordem de R$ 5.997.600,00 (cinco milhões novecentos e noventa e sete mil e seiscentos reais) e uma contrapartida do município no valor de R$1.058.400,00 (um milhão, cinquenta e oito mil e quatrocentos reais).

Em seu discurso o governador Helder chegou a ser enfático e deu um prazo de uma semana para prefeitura montar e entregar o hospital funcionando para a população. Desde então, 20 dias já se passaram da assinatura do convênio e até agora apenas e empresa que irá montar a estrutura hospitalar foi contratada pelo valor de um milhão de reais.

A estrutura deve começar a ser montada nesta terça-feira, 9, nas dependências do Centro de Convenções e Cursos, no bairro Premem. O problema agora parece esbarrar na contratação da Organização de Saúde – (OS) que é a empresa que irá administrar o Hospital de Campanha, pois até o momento ainda não foi contratada e, segundo vereadores ligados ao prefeito Domingos Juvenil, o Governo do Estado não teria repassado nenhum centavo do convênio firmado com a prefeitura.

Enquanto a solução não vem, o comércio de Altamira continua amargando prejuízos e demissões. O número de casos confirmados e mortes de pessoas vítimas de coronavirus está aumentando a cada dia, por falta de ações preventivas e leitos que já não existem há mais 15 dias. Enquanto isso, existe na conta da Secretária de Saúde do Município de Altamira, R$ 652 (seiscentos e cinquenta e dois mil reais) enviados pelo Governo Federal há mais de 60 dias para combater a pandemia, mas segundo o governo municipal ainda não houve a necessidade de utilização dos recursos.

De acordo com o boletim divulgado neste domingo, 07 de junho, pela Sespa Altamira, a região do Xingu que é formada por nove municípios, já tem 2.024 casos confirmados de coronavírus e 76 óbitos.

Texto e Foto: Wilson Soares – A Voz do Xingu

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Conteúdo protegido.