O transporte de passageiros por meio de embarcação movida a energia elétrica se tornou realidade no Rio Xingu. A viagem inaugural da primeira voadeira elétrica da região Amazônica aconteceu nesta quinta-feira (9 de maio) em Altamira, no Pará, e coroou com êxito um projeto inovador iniciado em 2022 pela Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, com a Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é contribuir para a descarbonização do Xingu, a partir do desenvolvimento de baterias nacionais para propulsão elétrica, e substituir combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel, por fonte de energia limpa.
Foto: Divulgação / Norte Energia
A voadeira é um transporte comum e usado há décadas para deslocamentos de famílias e pescadores na região Amazônica. Com o protótipo construído pela companhia, a intenção é deixar a tecnologia como legado para que, num futuro não tão distante, as voadeiras elétricas sejam uma realidade acessível para a população do Xingu. As embarcações da Norte Energia, batizadas Poraquê I e II, em alusão ao peixe elétrico, têm sua versão desenvolvida por especialista em engenharia Naval da UFPA com a área de Sustentabilidade da empresa.
São dois barcos – de oito metros de comprimento e capacidade para transportar até seis pessoas e de 10 metros para conduzir até oito pessoas – com velocidade média de 27 km/h e autonomia para percorrer, por exemplo, os 40 km que separam Altamira da Usina Pimental, que integra o Complexo Belo Monte. O protótipo Poraquê I está pronto para ser usado em atividades internas da empresa, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Com a iniciativa, ao final de um mês, a estimativa é que tenham deixado de ser consumidos cerca de 1.400 litros de combustíveis fósseis. O protótipo Poraquê II ainda está em fase final de testes do motor.
“Estamos satisfeitos de ver, na prática, o resultado de um projeto inovador para a região Amazônica a partir de uma fonte limpa e renovável, assim como é a energia produzida por Belo Monte. Estamos às vésperas da COP 30 e o nosso objetivo é deixar esse projeto como herança. Ele tem capacidade para revolucionar o transporte aquaviário de pequeno porte na região, com índices infinitamente menores de emissão de gases poluentes”, avalia o presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Pinto.
As voadeiras são movidas por um conjunto de dois motores de 20HP cada e possuem entre três e quatro baterias. O principal desafio do projeto é conciliar maior autonomia de viagem com baterias menores, mais leves e com menos tempo de recarga. Isso porque cada conjunto pesa em torno de 60 kg, o que ainda é considerado alto.
“Nesse primeiro momento estamos usando baterias adquiridas no mercado chinês, porém, a Norte Energia decidiu que a tecnologia utilizada precisa ser nacional. Assim, já negociamos com empresa local para o fornecimento de baterias 100% nacionais e a próxima etapa é testá-las, no âmbito do projeto, quanto à eficiência e autonomia. Esta voadeira elétrica é um marco para o transporte da região e continuaremos trabalhando para aperfeiçoar com tecnologia brasileira”, explica José Hilário Farina Portes, consultor de Assuntos Socioambientais da Norte Energia.
A recarga das baterias será feita em dois postos, um no Porto dos Areeiros, em Altamira, e o outro junto ao Sistema de Transposição de Embarcações (STE), em Pimental. O tempo para carregar dura entre duas e três horas. A energia será fornecida pela Usina Fotovoltaica de Altamira, construída pela Norte Energia. Para o Professor Emannuel Loureiro, Engenheiro Naval, professor e pesquisador da UFPA, o projeto de voadeira elétrica se encaixa perfeitamente aos propósitos ambientais e trará grande utilidade para a população da região.
“Um projeto dessa magnitude, ele não tem apenas um impacto econômico, mas ambiental e social incalculável. Ambientalmente falando, é uma embarcação que possui zero adição de gás carbônico. Ela é totalmente elétrica e a energia que abastece as baterias é de usina fotovoltaica. Não utilizamos combustíveis ou lubrificantes. O nível de ruídos é menor do que de uma embarcação comum. Então, quando se fala de impacto ambiental, ela é muito mais vantajosa do que a que funciona a combustão. Do ponto de vista social, o custo operacional é menor. Não usamos gasolina, disponibilizando o transporte de forma mais acessível para população que pode facilmente recarregar as baterias sem custo de operação”, explicou.
A Norte Energia investiu R$ 550.000,00 nos protótipos, incluindo estudos especializados em conjunto com a UFPA, a aquisição dos equipamentos chineses, um conjunto de baterias de fornecedor nacional e o desenvolvimento de projeto e construção dos cascos das embarcações. Para a expansão e torná-lo comercialmente viável, será necessária a definição de fontes de financiamento, visando possibilitar a multiplicação de voadeiras elétricas na região.
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Deveriam incluir no pacote os efeitos negativos pra se chegar as baterias. O volume de material escavado mais uma série de coisas q não nos informam mas enfatizam q eh pra diminuir os danos ambientais. Tem tbm a situação econômica inacessível ao povo comum q utiliza esse meio. Balela