Essa tem sido, infelizmente, uma das perguntas mais comuns dos últimos tempos. Sempre que alguém é convidado a participar de algo que envolve o interesse coletivo — seja uma reunião comunitária, uma audiência pública ou um evento sobre políticas sociais — logo aparece o questionamento: “O que eu vou ganhar com isso?”
Essa frase revela muito sobre o momento que vivemos. Reflete uma mentalidade cada vez mais individualista, onde o “eu” fala mais alto que o “nós”. O que é de interesse comum parece não despertar tanto entusiasmo quanto aquilo que traz ganhos pessoais e imediatos.
Basta observar: se o evento for sobre políticas públicas, poucos se interessam. Mas se o tema for “como ganhar dinheiro” ou “como crescer financeiramente”, é preciso aumentar o número de cadeiras — porque a sala vai encher. Alguns, inclusive, ficarão de pé, sorrindo, satisfeitos, sem reclamar de nada.
Curioso é que, quando o problema bate à porta, o discurso muda. Quando falta um leito no hospital para um parente, quando o transporte público falha, ou quando o serviço básico não chega, os mesmos que antes perguntavam “o que vou ganhar com isso?” são os primeiros a ir às redes sociais reclamar, lamentar e culpar o poder público.
Mas o que muitos esquecem é que o bem coletivo também nos beneficia — mesmo que de forma indireta. Participar, se envolver, contribuir, é uma maneira de construir uma sociedade mais justa, eficiente e humana.
Por isso, talvez seja hora de repensar nossas atitudes e deixar de esperar recompensas imediatas. Em vez de perguntar “o que eu vou ganhar com isso?”, talvez devêssemos nos perguntar: “O que todos nós podemos ganhar com isso?”
Os entendedores, entenderão.
Por Wilson Soares























