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O que é febre maculosa? Saiba como proteger seu pet da doença do carrapato que pode afetar humanos

O agente dessa doença é encontrado, basicamente, em capivaras, cavalos e cachorros, sendo comum em zonas rurais e locais com muitos animais em situação de rua

Foto: Eduardo Rocha / O Libera
Foto: Eduardo Rocha / O Libera
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A febre maculosa não tem alta incidência no Pará, mas o que pouca gente sabe é que essa doença, capaz até de levar uma pessoa ao óbito, é transmitida pelo carrapato. No Pará, o principal agente dessa enfermidade é o carrapato conhecido como Estrela (do tipo Amblyomma cajennensi), predominante na Região Amazônica, e, no Brasil, o Amblyomma sculptum. Esse transmissor é encontrado em animais domésticos e selvagens, como a capivara, cavalos e até em cachorros. Como em Belém as vias públicas costumam ser cortadas por matas, igarapés e rios, existe a circulação da capivara, que pode ter a bactéria e repassar ao carrapato, que pode levá-la para outros animais e aos seres humanos. Por isso, há necessidade de prevenção aos casos, cuidando-se dos animais, inclusive, o cachorro, em particular, presente em muitos lares e vias na capital paraense, como alertam os professores e pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Fernanda Martins e Raimundo Benigno.

Segundo a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), “em 2021 foi registrado 1 caso de febre maculosa em humano, sendo que se trata de caso importado, pois o paciente foi infectado na cidade de Gramado (RS)”. “Não houve registro da doença em 2020 e, até o momento, em 2022”, acrescenta a Secretaria.

Alerta

Fernanda Martins, professora associada de Parasitologia da Ufra, destaca que a febre maculosa é uma bactéria denominada Rickettsia rickettsii, transmitida pelo carrapato. “A única forma de você se contaminar é por meio da picada do carrapato, não pega de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro”, ressalta. Ocorre que todas as fases de vida do carrapato, após o ovo, podem transmitir a bactéria da febre maculosa, inclusive, sendo transmitida entre gerações. A fêmea pode fazer postura de ovos já contaminados, passando para outra geração de carrapatos. As fases jovens podem transmitir também e geralmente são mais perigosas, porque como são menores a pessoa não sente muito a picada. Quando um carrapato adulto pica, a pessoa logo sente. 

Professores Fernanda Martins e Raimundo Benigno: orientações sobre a febre maculosa

Professores Fernanda Martins e Raimundo Benigno: orientações sobre a febre maculosa (Foto: Eduardo Rocha / O Liberal)

Para transmitir a bactéria, o carrapato precisa ficar ataxado à pessoa, alimentando-se, durante um tempo. A alimentação dele se dá em pulsos, ou seja, suga e para e ejeta saliva. “Quando ele ejeta a saliva é que vai inocular a bactéria. Essa bactéria vai se disseminar no corpo e ataca as células dos vasos sanguíneos e, com isso, vai causar problemas no corpo todo, em todos os órgãos, como chama a atenção Fernanda Martins. 

“O principal sintoma são manchas na pele, febre alta, dor de cabeça, sintomas de infecção geral; pode, por exemplo, causar coagulação intravascular, e aí a gente pode ter, no final da doença, até problemas neurológicos e morte”, enfatiza a professora Fernanda Martins. Por isso, é essencial começar o tratamento recente, a partir de um diagnóstico.

“Esse diagnóstico precisa ser precoce (feito rapidamente), mas, às vezes, as pessoas ficam esperando pelos sintomas típicos, e aí não se vai ter um tratamento a tempo”, alerta a professora. Aspectos da febre maculosa e a prevenção ao carrapato Estrela foram abordados, entre outros temas, na I Mostra Socioeducativa de Parasitologia – Exposições, Oficinas e Apresentações de Trabalho, na sexta-feira (18), na Ufra, quando estudantes de escolas do bairro da Terra Firme assimilaram conhecimentos a partir de trabalhos confeccionados por universitários.

Estudantes da Terra Firme aprendem sobre circulação de carrapatos em Mostra Científica na Ufra

Estudantes da Terra Firme aprendem sobre circulação de carrapatos em Mostra Científica na Ufra (Foto: Eduardo Rocha / O Liberal)

Cachorros

O carrapato se abriga em um hospedeiro, que pode ser um animal ou o ser humano. O reservatório são os hospedeiros que têm a bactéria mas não a doença, como explica o professor Raimundo Benigno, de Parasitologia e Doenças Parasitárias no curso de Medicina Veterinária da Ufra. O carrapato da febre maculosa chega ao ser humano, em geral, em uma área rural, como destaca o professor. No meio rural, existem vários doadores de sangue para esse carrapato, envolvendo aves e  mamíferos. 

“A principal espécie de carrapato não é esse da febre maculosa”, pontua o professor Raimundo Benigno. No entanto, como em Belém há matas e rios entrecortando ruas, já foi observada a presença do carrapato Estrela na capital paraense, pontua o  docente. 

Como frisa o professor, os hospedeiros primários (principais) desse carrapato são cavalos, búfalos. O cachorro é um doador de sangue para o carrapato, no entanto, os principais reservatórios da doença (hospedeiros resistentes à bactéria) são os animais selvagens, em especial, a capivara. Quando o carrapato, quando toma sangue das capivaras, existe grande possibilidade de ele se infectar com a bactéria e, então, transmiti-la para outro animal ou o ser humano. Abaixo da capivara, está o cavalo, e bem mais abaixo estão os cachorros, que são hospedeiros na ausência de outros animais. 

“A prevenção (com relação aos cachorros, em particular) é você evitar de andar com seu animal em áreas com a presença desse carrapato, ou seja, áreas próximas de rios, regiões com facilidade de ter animais reservatórios. Um aspecto importante é que quando você vai para uma área de risco, por alguma necessidade, tem que se proteger, e a forma de proteção é usar botas, calça por dentro das botas, com meias, usar luvas, e outra forma é fazer investigações olhando o seu corpo a pelo menos a cada três minutos, tempo que o carrapato leva para tomar sangue”, destaca Raimundo Benigno. 

É fundamental observar e lavar atentamente os cachorros e outros animais, a fim de identificar qualquer tipo de carrapato, o que inclui o vetor da febre maculosa. O paciente da doença é tratado com antibiótico específico e deve começar o tratamento logo depois da suspeita clínica, sem se ficar aguardando pelo resultado do laboratório.

Dicas de prevenção do Ministério da Saúde:

– Ficar longe do carrapato

– Usar roupas claras para ser mais fácil de se identificar o carrapato

– Proteger-se com calças, botas e blusas com mangas compridas em áreas com vegetação

– Evitar andar em locais com vegetação e grama alta

– Usar repelente com proteção contra carrapatos

– Controle com antiparasitário em animais domésticos

– Retirar, com uma pinça, os carrapatos eventualmente encontrados no corpo

– Não esmagar o carrapato com as unhas, porque ele pode contaminar partes do corpo ao liberar bactérias

– Retirar o quanto antes os carrapatos do corpo – quanto  mais cedo, menor o risco de contrair a doença

Fonte: O Liberal

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