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Polícia desmonta ocupação de quilombolas em área de conflito no Acará, no Pará

Manifestação reivindicava saída de seguranças armados de áreas controladas pela empresa BBF, que explora óleo de dendê na região. Na quarta, quilombolas foram feridos por tiros.

Polícia do Pará desmonta ocupação em ramal em área de conflito de terra no Acará. — Foto: Reprodução / TV Liberal
Polícia do Pará desmonta ocupação em ramal em área de conflito de terra no Acará. — Foto: Reprodução / TV Liberal
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Uma manifestação bloqueou um ramal que dá acesso à fazenda Vera Cruz, no Acará, nordeste do Pará, área controlada pela empresa que explora óleo de palma na região, Brasil BioFuels (BBF). A região é palco de conflito de terras envolvendo o empreendimento e comunidades quilombolas.

Na noite de domingo (16), forças policiais das polícias Civil e Militar foram ao local para cumprir mandado de desocupação, determinada pela Comarca do Acará. O acampamento foi, então, desarticulado.

O protesto já durava três dias, reunindo cerca de 50 pessoas, incluindo crianças, no ramal de acesso a duas áreas que a empresa atua. A reivindicação era a saída da segurança armada utilizada pela BBF na região.

Vídeos feitos na quarta-feira (12) mostraram quilombolas da comunidade Amarqualta sendo agredidos por seguranças armados e encapuzados da empresa. Já a empresa disse que seriam “invasores armados”. Ao menos três quilombolas ficaram feridos.

Segundo relatos de funcionários da empresa, que ficaram sem ter como sair da fazenda, não havia como se abastecerem de alimentos, água, combustíveis para geradores.

PM desarticula protesto de quilombolas em área de conflito no Acará, no Pará. — Foto: Reprodução / TV Liberal
PM desarticula protesto de quilombolas em área de conflito no Acará, no Pará. — Foto: Reprodução / TV Liberal

A liderança quilombola Josias Dias dos Santos, conhecido como Jota, explica que havia um termo de audiência em que o juiz tinha determinado que as partes do processo – no caso a comunidade Amarqualta e a empresa – vivessem em paz, até que uma decisão final seja tomada. O impasse, segundo Jota, é a demarcação da área quilombola.

“Temos plena convicção que a terra é nossa, mas o estado ainda não demarcou, por isso existe esse conflito”.

A manifestação, segundo ele, foi uma resposta ao “ataque violento” ocorrido na quarta-feira (12). “Eles queria fazer a reintegração de posse com as próprias mãos, na base da bala, ignorando o termo de audiência, por isso iniciamos essa manifestação no limite do território, limitando o acesso de segurança armada nas áreas”.

Jota relembra que, na noite de domingo, ao menos dez viaturas foram ao local para controlar a situação. “Era uma equipe imensa, de guerra, e estava chovendo, foi horrível, a gente achou desnecessário o uso dessa força tão grande”.

Sobre o episódio de quarta-feira, a BFF disse, em nota, que o grupo “‘estava armado e foi surpreendido pela equipe de segurança da empresa quando roubavam frutos de dendê na fazenda”.

“Ao serem abordados, ameaçaram de morte os funcionários da empresa que trabalhavam no local, ao mesmo tempo em que tentaram invadir as instalações do Polo Vera Cruz, com o objetivo de destruir equipamentos e maquinários da empresa”. Já o grupo de quilombolas contesta.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que, no domingo, foi emitida uma ordem judicial determinando a desocupação e o desbloqueio da fazenda Vera Cruz e que equipes especializadas, por meio de ação integrada, cumpriram o mandado judicial, realizando a desocupação e desbloqueio das vias de acesso à fazenda.

De acordo com a Segup, um inquérito será instaurado para apuração dos fatos.

Fonte: G1 Pará

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