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Goma do buritizeiro desponta como grande potencial socioeconômico no Pará

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Depois de uma série de estudos da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Cametá, pesquisadores concluíram que a goma extraída do buritizeiro é uma alternativa viável ao uso de gomas industrializadas. A matéria-prima não agride o meio ambiente e pode ser utilizada na confeção de produtos industrializados, trazendo inúmeros benefícios econômicos e sociais à cadeia produtiva.

Gomas de plantas e animais são utilizadas no mercado como aditivo alimentar há tempos. “Se olharmos os dados da composição de alguns produtos básicos que estão nas prateleiras de supermercados e farmácias perceberemos que há a presença de gomas ou exsudatos beneficiados industrialmente na produção dessas mercadorias. Entretanto, eles são importados de outros países como, por exemplo, a goma arábica que vem do Sudão”, aponta o líder do Grupo de Pesquisa da UEPA, professor Diego Aires.

O pesquisador e a bolsista Ingred Viana são os autores da pesquisa: ‘Investigação das propriedades emulsificantes da goma de buriziteiro’, que analisa o princípio ativo, a estrutura da planta que produz a goma e os principais dados para mensurar o quanto seria possível produzir por ano com o que é extraído do buritizeiro. A dupla realiza análises comparativas entre a goma do buritizeiro e a goma arábica, e investiga as propriedades funcionais para caracterizar a estabilidade da emulsão, a fim de que possa ser usada no mercado.

A pesquisa também demonstra que as cadeias polissacarídicas da goma arábica têm mais facilidade para romper-se que as cadeias da goma do buritizeiro. Dessa forma, possuem maior quantidade de frações hidrofílicas superiores capazes de fazer ponte de hidrogênio com a água. Isso significa, portanto, que a goma utilizada como objeto de estudo da pesquisa apresenta maior capacidade de absorção de óleo.

“Os dados alcançados ajudam a entender e direcionar aplicações para a goma do buritizeiro, porém o conhecimento da estrutura molecular e estabilidade térmica são importantes para melhor fundamentar e nortear o uso tecnológico de hidrocolóides que este trabalho propõe identificar”, completa o professor Diego.

O uso intensivo de hidrocolóides, comumente chamados de gomas, pelo mercado faz do buriti um insumo em potencial, integrante da identidade ecológica da região amazônica e que pode ser estudado e aplicado no lugar de outros componentes que precisam ser importados para serem utilizados. “Como bem sabemos, o Estado do Pará é rico em matéria-prima e possui uma grande diversidade de insumos que ainda não foram explorados”, aponta Ingred.

As informações obtidas na pesquisa sobre o buritizeiro estão sendo expandidas para uma patente, que está em andamento, sobre o uso da goma para o beneficiamento industrial.
Além do buriti, de acordo com o professor Diego Aires, há outras palmeiras da região amazônica que podem ser utilizadas em pesquisas científicas ou em processos de produção de produtos industrializados.

De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), na Amazônia existem mais de 227 espécies de palmeiras que, consequentemente, podem ser utilizadas como insumos e assim gerar renda para as áreas rurais do território paraense.

Sobre o Buriti

O buriti ou miriti (Mauritia flexuosa) é uma planta de ampla distribuição no território nacional. Pode alcançar até 30 metros de altura e ter um caule com espessura de até 50 centímetros de diâmetro.

A espécie habita terrenos alagáveis e brejos de várias formações, sendo encontrada com muita frequência nas veredas, importante fitofisionomia do Cerrado. O buriti floresce quase o ano inteiro, mas principalmente nos meses de abril a agosto.

A produção de frutos é intensa. Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) são produzidos cinco a sete cachos por ano, cada um destes com 400 a 500 frutos.

Existem buritis machos e fêmeas. Os primeiros produzem cachos que apenas resultam em flores. Já no caso das fêmeas, as flores se transformam em frutos. Ainda assim, é preciso aguardar aproximadamente um ano para que os frutos estejam maduros e aptos para a colheita, o que ocorre entre os meses de dezembro e fevereiro.

A casca dura do buriti é uma proteção natural contra predadores e contra a entrada de água. A polpa do fruto é saborosa e possui coloração alaranjada, sendo acompanhada, em geral, de um caroço, que é a semente da espécie.

Em alguns casos, no entanto, podem ser encontrados dois caroços ou nenhum. A colheita do fruto é trabalhosa, requerendo que os frutos maduros sejam colhidos do chão, após terem caído naturalmente. Alguns coletores cortam os cachos no pé do buriti, assim que os frutos amadurecem e começam a cair.

Com informações da Uepa e do Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN.

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